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Encíclica missionária de Bento XV completa 100 anos

Redação (Segunda-feira, 02-12-2019, Gaudium Press) O Papa Bento XV (1914 a 1922) pode muito bem ser designado como o “Papa das Missões”.

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Foi graças às suas inúmeras iniciativas que o anúncio do Evangelho retomou um grande impulso já durante a guerra a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e principalmente depois dela.

Para Bento XV, a guerra era um “massacre inútil”.

Uma expressão com a qual ele definiu dolorosamente o absurdo da Primeira Guerra Mundial, depois de ter feito muitos apelos para a paz e inúmeros esforços para mediação entre os beligerantes.

Mas Bento XV pode, com todo direito, ser recordado como o “Papa das Missões”, pois, foi ele quem levou as Igrejas locais a recuperarem a visão universal, com novo dinamismo, o mandato de Jesus aos discípulos:

“Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura”.

Missões além das fronteiras

A Carta Maximum illud, assinada em 30 de novembro de 1919, é o instrumento com o qual o Papa serviu para abrir novos horizontes entre os católicos.

O lançamento da Carta Apostólica pode ser tido como uma inciativa devida à situação do início do século XX quando aumentavam os riscos, na Europa e na Ásia, de expulsão dos missionários que estavam em seu trabalho de evangelização.

Claro que estas expulsões tinham como causa os sentimentos anticatólicos, porém, eram insufladas pelo nacionalismo que se espalhava ou aos sentimentos anticolonialistas que, principalmente no Oriente, levavam a acreditar que ação missionária estivesse a serviço dos interesses das potências ocidentais e, portanto, uma presença que deveria ser erradicada.

Essa situação causava grande preocupação. Ela era conhecida por Bento XV e expressa em numerosas correspondências.

E isso levou o Papa a difundir suas ideias missionárias:
” Recordai-vos que não deveis difundir o reino dos homens, mas o de Cristo; não vos compete aumentar o número de cidadãos para a pátria terrena, mas para a pátria celeste “

A Maximum Illud que nasceu deste e outros pensamentos levou a, em 2017, o Papa Francisco salientar que ela tinha um “espírito profético e franqueza evangélica” bem mais amplas do que as contingências nas quais foi concebida.

A Carta Maximum Illud

No início do texto Bento XV cita o nome de alguns grandes apóstolos que levaram o Evangelho nos continentes e não esconde uma certa surpresa em constatar que “apesar dos exemplos de fortaleza”, o número dos batizados não somaria “um bilhão”.

Por isso decide articular o documento em três partes. Na primeira dirige-se aos que têm a responsabilidade principal do anúncio: os bispos, os vigários apostólicos, os superiores religiosos.

O Papa estimula-os ao “zelo exemplar” para que todos seus colaboradores percebam uma proximidade cheia de “bondade e caridade”.

Ao contrário, desonra o comportamento dos que considerassem a missão que lhe fora confiada “como propriedade exclusiva, com inveja que outros a toquem”.

A Igreja de Deus é universal: a Casa de todos os povos

Na segunda parte da Maximum Illud, Bento XV recorda que o missionário deve ter no coração principalmente o “bem espiritual” das pessoas às quais anuncia Cristo, porque, sustenta, as populações que não conhecem o Evangelho identificam perfeitamente a presença de interesses que não sejam apostólicos.

Na terceira parte, o Papa pede aos simples fiéis o apoio da oração, a única verdadeira coluna de toda a experiência de missão.
Toda a Carta poderia ser resumida nas poucas palavras ditas por Francisco:

” A Igreja de Deus é universal e, portanto, não é estrangeira para nenhum povo “

(JSG)

 

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