Missão da Igreja, na Amazônia e no Mundo, recordada por Cardeal
Roma (Terça-feira, 22-10-2019, Gaudium Press) O Arcebispo Emérito de Caracas, Venezuela, Cardeal Jorge Urosa Savino, distribuiu, através do Grupo ACI, um artigo por ocasião do Sínodo da Amazônia.
O artigo do Cardeal Emérito traz o título: “A missão fundamental da Igreja: anunciar com entusiasmo Jesus, Salvador”.
Este já é o quarto pronunciamento de Dom Jorge Savino a propósito do Sínodo da Amazônia que prossegue no Vaticano até o próximo dia 27.
Qual a Missão fundamental da Igreja?
“Sem dúvida, a missão fundamental da Igreja é anunciar Jesus Cristo.
Este ponto foi corretamente destacado por um dos círculos menores. E muito bem que tenham indicado. Trata-se do centro da missão da Igreja.
Todos os outros temas: o ecológico, social, cultural, incluindo o ministério pastoral dos ministros, a organização e a autoridade na Igreja são importantes, mas secundários”, afirma o Cardeal Urosa Savino que ainda continua:
Rito Amazônico – indígena
“Nesta linha, também será necessário enfocar bem o possível rito amazônico-indígena que o Sínodo possa sugerir. E, claro, este possível rito amazônico deverá evitar qualquer tipo de estranho e indevido sincretismo”, destaca o Purpurado venezuelano.
Pronunciamentos anteriores
O Arcebispo emérito de Caracas distribuiu outros artigos a propósito do Sínodo da Amazônia.
Em seu primeiro artigo, distribuído em 24 de setembro, o Cardeal Urosa assinalou os prós e contras do Documento de Trabalho do Sínodo.
No segundo texto, do dia 28 de setembro, chamou os Padres sinodais a apresentarem propostas explícitas para a Amazônia.
Em 1º de outubro o Purpurado publica uma análise onde adverte que a ordenação de homens casados, os chamados viri probati, não é conveniente nem útil.
Uma outra declaração distribuída à imprensa e também publicada pela ACI Prensa, traz explicado seu desejo de que o Sínodo efetivamente incentive um “novo impulso à vida da Igreja na Amazônia”.
Ele recorda também que “uma análise do Instrumento Laboris não é para atacar o Sínodo, mas para contribuir para o seu sucesso! “.
Quarto artigo do Cardeal Urosa Savino
Transcrevemos abaixo tópicos do último artigo do Cardeal Jorge Urosa Savino, Arcebispo Emérito de Caracas, distribuído para a Imprensa no último dia 21 deste mês.
A missão fundamental da igreja: anunciar com entusiasmo Jesus, Salvador
“Já estamos perto do encerramento do Sínodo.”
“Independentemente do que possa acontecer então, há um ponto chave para a revitalização da Igreja na Amazônia, que quero destacar:
O Sínodo deve proclamar abertamente que a Missão fundamental da Igreja é o anúncio de Jesus Cristo como nosso Salvador.
E isso, tanto para as comunidades indígenas dos Vicariatos missionários, quanto para as Igrejas já estabelecidas, como Arquidioceses e Dioceses e a Igreja Universal.
É a necessidade de fortalecer a evangelização, o anúncio claro, explícito e aberto de Jesus como o Caminho, a Verdade e a Vida, aquele no qual o mistério do ser humano é esclarecido e toda a sabedoria humana faz sentido.
Isto é claramente afirmado pelo Concílio Vaticano II na Constituição Pastoral Gaudium et Spes, números 10 e 22. “
Evangelizar: a Missão Fundamental da Igreja
“A missão fundamental da Igreja é anunciar Jesus Cristo.”
“Trata-se do centro da missão da Igreja. Todos os outros temas: o ecológico, social, cultural, incluindo o ministério pastoral dos ministros, a organização e a autoridade na Igreja são importantes, mas secundários. “
“O que realmente importa é que a Igreja Católica na Amazônia, assim como no mundo inteiro, viva e anuncie com a alegria do Evangelho, sua fé em Jesus, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, o Rei dos Reis e o Senhor dos Senhores. O princípio e o fim.”
“Muitas comunidades indígenas agradecem pelo trabalho social dos missionários católicos, mas preferem as Igrejas protestantes.”
“Haverá então que fortalecer o anúncio de Jesus Cristo entre os indígenas e convidar os aborígines a se converterem e serem batizados, para que recebam o imenso tesouro de serem filhos de Deus e membros da Igreja.”
Inculturar o evangelho e anunciar jesus, caminho, verdade e vida
“Com efeito, devemos evangelizar e inculturar o Evangelho de Jesus Cristo!”
“Trata-se de apresentar Cristo como Salvador e Redentor, como o amigo e irmão, com suas exigências de mudança de vida, naordem familiar, na convivência social, no mundo econômico, em quanto à rejeição dos ídolos, e da escravidão às forças da natureza. Que o Evangelho realmente entre nas culturas. Isso é inculturar o Evangelho. “
“E isso supõe evangelizar aberta e explicitamente. Não simplesmente dialogar e acompanhar. Claro que isso é necessário, mas também é necessário oferecer e apresentar Jesus. Lembremo-nos de São Paulo: “Ai de mim, se eu não evangelizar!” (1Co 9,16) A missão da Igreja é anunciar o Evangelho. E sabemos que Cristo nos muda radicalmente e cria o homem novo, a nova comunidade, a nova família, santificada pela graça sacramental.”
“Isso exige de nós, agentes pastorais, e especialmente bispos, sacerdotes e pessoas consagradas, uma contínua conversão pessoal e pastoral. Que reconheçamos pessoal e vivamente Jesus Cristo como o Senhor da criação e da História, como o Bom Pastor, como a luz do mundo, como nosso Salvador. E apresentemo-lo assim aos nossos irmãos.”
“Certamente, não devemos desprezar as culturas indígenas! Mas é necessário levar a eles a sabedoria divina ancestral revelada no Antigo Testamento e, sobretudo, por Jesus Cristo; é necessário apresentar-lhes o presente da nova vida em Cristo, a luz da graça, a esperança da vida eterna. É necessário libertá-los da escravidão da natureza, anunciando-lhes o Senhorio de Deus Pai e de Cristo, seu Filho, rosto de sua misericórdia, sobre a criação e sobre cada um de nós.”
“Nesse sentido, é necessário que, no documento final do Sínodo, promova-se uma evangelização aberta, na Amazônia e no mundo inteiro, sem complexos de que estamos atropelando os indígenas, com a parresia do Espírito, respeitosamente, é claro, mas sem medo.”
“Não como quem pede perdão por levar o tesouro de Cristo aos indígenas da Amazônia.”
O sugerido rito na Amazônia
“Será necessário enfocar bem o possível rito amazônico-indígena que o Sínodo possa sugerir.
“Este possível rito amazônico deverá evitar qualquer tipo de estranho e indevido sincretismo.”
“Devemos evitar o sincretismo presente no ritual celebrado em torno de uma manta enorme, dirigido por uma mulher amazônica e diante de imagens desconhecidas e ambíguas nos Jardins do Vaticano, em 4 de outubro. “
“E a razão das críticas é precisamente a natureza primitiva e com aparências pagãs da cerimônia e a ausência de símbolos, gestos e orações abertamente católicas no desenvolvimento desses gestos, danças e prostrações do ritual surpreendente.”
“Esse tipo de sincretismo deve ser absolutamente evitado. A liturgia ou o rito latino romano, especialmente a Santa Eucaristia, oferecida apenas a Deus, é simples, sóbria, austera, fácil de entender por aqueles que recebem a iniciação adequada.
Um eventual rito amazônico deverá respeitar a natureza sagrada da Eucaristia e conservar seus elementos fundamentais, embora outros gestos possam ser introduzidos, mas não semelhantes aos gestos naturistas ou animistas ou não católicos.
Conclusão
“Bendigamos ao Senhor pelo trabalho abnegado e generoso realizado na Amazônia, nas áreas urbanas e na selva, nas Arquidioceses, Dioceses, Vicariatos e Prelazias, por bispos, missionários, sacerdotes e diáconos, consagrados e consagradas, e leigos comprometidos em múltiplos trabalhos eclesiais.”
“Peçamos a Deus, Criador do Universo e nosso Pai, que este Sínodo reafirme com decisão e clareza a missão evangelizadora da Igreja na Amazônia e em todo o mundo.”
“E que os católicos, especialmente os ministros do Senhor e as pessoas consagradas, vivam com força a alegria de viver e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, o único em cujo nome podemos obter a salvação e o perdão dos pecados (cf. Atos 4, 12; GS 10).”
(JSG)
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