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Sínodo dos Bispos: padre indígena defende o celibato sacerdotal

Cidade do Vaticano (Sexta-feira, 18-10-2019, Gaudium Press) Na quinta-feira, 17 de outubro, no briefing informativo realizado na Sala de Imprensa da Santa Sé, quando se fala do avanço dos trabalhos sinodais, foi a vez do Pe. Justino Sarmento Rezende ter contato com os jornalistas.

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Pe. Sarmento é um sacerdote salesiano pertencente à comunidade indígena brasileira Tuyuka.

Ele participa do Sínodo da Amazônia e, durante sua intervenção para os meios de comunicação credenciados ante o Vaticano, ele afirmou que, “com oração e esforço, qualquer pessoa de qualquer cultura do mundo pode viver o celibato, também os indígenas”.

Indo a contrapelo das afirmações ditas pelo Bispo Emérito de Xingu (Brasil), que assegurou aos meios de comunicação, em 9 de outubro, que “os povos indígenas não entendem o celibato”, Pe. Sarmento assinalou que “o celibato é uma virtude que pode ser vivida por qualquer pessoa, homem ou mulher”.

O religioso indígena afirmou ainda que “é importante que as pessoas vivam o celibato com esforço, com oração e com a ajuda das pessoas. Vivê-lo da forma mais equilibrada possível”.

Testemunho

O presbítero indígena deixou claro que se “pensasse que o celibato não é para mim, eu deixaria o sacerdócio. Porque, se algum dia de minha vida eu vir que estou sofrendo muito com isso e que já não estou sendo mais testemunho de vida para as pessoas de minha comunidade, de minha Igreja, já não teria nenhum sentido para mim”.

Celibato é dom de Deus

“O celibato não é algo que nasce com a pessoa humana, é algo que se estabelece ao longo da história”, continuou.

“Nenhum de nós que estamos aqui, nem eu nem vocês, estamos preparados para viver o celibato, sublinhou Padre Sarmento.
Por isso, eu já escrevi artigos nos quais falo que o celibato é um dom de Deus”, assinalou.

Celibato é possível em qualquer cultura, na minha também…

O sacerdote salesiano assegurou que “pessoas de qualquer cultura que existe no mundo podem conseguir viver o celibato a partir do momento em que, livremente, não forçadamente, diga ‘eu quero assumir este estilo de vida'”.

“Eu digo isso por experiência própria: 
Minha mãe não me disse ‘você vai ser sacerdote, viva o celibato’. Pelo contrário, quando entrei no seminário, ela chorou porque queria ter um filho casado para ter a alegria de criar seus netos.

Meu avô, que era mestre de grandes cerimônias tuyuka, também me disse: ‘Ser sacerdote não é para nós, os tuyuka. De onde você tirou essa ideia?'”.

Celibato é virtude que indígenas podem praticar

“Para nós, também para mim, os únicos capazes de serem sacerdotes eram os brancos, e não nós (os tuyuka)”, recordou o Padre Sarmento.

Ele narra suas lembranças de que “quando os indígenas se tornam sacerdotes, surgem as perguntas ou dúvidas.
Dizem: os indígenas têm muita dificuldade para viver o celibato. Sim, eu tenho porque sou uma pessoa normal. Talvez outras pessoas não tenham isso”.

No entanto, apesar das dificuldades que possam existir, “o celibato é uma virtude que pode ser experimentada por qualquer pessoa, homem ou mulher”.
(JSG)

 

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