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O arauto do Evangelho chefe de uma seita

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Redação (Quinta-feira, 19-09-2019, Gaudium Press) Comemoramos há poucos dias (16 de setembro) o glorioso martírio do bispo de Cartago S. Cipriano (210-258), “admirável pela sua santidade e doutrina, que dirigiu excelentemente a Igreja em tempos muito adversos”, verdadeiro Arauto do Evangelho, como nos lembra o Martirológio; mas brutalmente assassinado com menos de 50 anos.

Começou a perseguição religiosa no Brasil

Por pregar o Evangelho foi condenado

A “Liturgia das Horas” – que todo religioso e todo clérigo devemos rezar quotidianamente, “em união com as divinas intenções de Cristo”, quando Ele esteve na terra, como diz belamente a oração introdutória – apresentou-nos para meditação as atas judiciais de sua condenaçao. E chama a atenção que foi ele conduzido ao carrasco sob a acusação de ser “chefe de uma seita”. A atualidade do santo africano, do que então eram “as periferias do mundo civilizado”, chama a atenção. Devemos declarar que em razão dos inúmeros anos de estudos em Roma, empregamos até hoje a tradução da conferência episcopal italiana, e as versões em diversas línguas reportam de modo diverso o texto latino: “papam te sacrilege mentis hominibus prebuisti”.
Os escritos do santo africano, suas palavras, seu exemplo, ultrapassaram a provinciana cidade de Cartago, para ecoar em todo o orbe, e principalmente em Roma, sede do papado e do império. Mas o ódio contra a sua ortodoxia e fidelidade aos ensinamentos de Jesus Cristo, fez que quando o imperador Valério decretou que “os bispos, os padres e os diáconos sejam executados” no instante de sua apreensão, acrescentou uma ordem pessoal de captura e imediata condena a morte contra o santo cartaginês, como ele mesmo testemunha numa de suas derradeiras cartas (A Sucessus, n. 80). Tal era a fama de santidade de que gozava em vida. Santos há na História da Igreja que muitas vezes são objeto, mesmo antes de se encontrar com Deus, de veneração e respeito, amor e admiração pelos católicos; e ódio da parte dos que não querem ver praticada aquela lei do amor que Jesus nos ensinou: “não cometerás adultério, não cometerás homicídio, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honrarás pai e mãe…” (Lc 18, 20).

O arauto do Evangelho chefe de uma seita – Acusação

Assim, Cipriano foi aprisionado e levado diante do procônsul Galério, quem quis fazer uma ridícula encenação. “És tu quem te apresentas aos homens como papa dessa seita sacrílega?”, perguntou o magistrado. “Sou eu!” respondeu o santo bispo, com a sobranceria de um verdadeiro filho de Nosso Senhor Jesus Cristo; como outrora nosso Divino Mestre aos algozes no Horto: “Eu sou” (Jo 18, 5). “Pensa bem…” respondeu o juiz, mas apenas ouviu por resposta: “Em assunto tão simples não há lugar para hesitações”. Assim, foi logo lavrada a sentença iníqua: “reuniste a teu redor grupos de criminosos… és o instigador e porta-voz de ações altamente repreensíveis… teu sangue será derramado conforme à lei!”. Na paz do verdadeiro mártir, o bispo respondeu: “Sejam dadas graças a Deus!”.

O povo queria ser decapitado com ele

Então originou-se um tumulto entre o povo: “Queremos ser decapitados junto com ele!” gritavam os católicos, as virgens e as viúvas, os pais de família e as crianças. O exército romano viu-se desbordado pela população indignada, por serem privados de seu santo pastor. O bispo, no entanto, usou de sua influência para apaziguar a todos.
Foi ele conduzido a uma clareira, no bosque, onde na presença de todos, estando em pé, tendo-se despojado dos ornamento sagrados que o revestiam, ficou com uma túnica de alvíssimo linho. Um diácono e um presbítero ajudaram a vendar os olhos, e o prelado ainda teve a caridade de ordenar dessem “25 moedas de ouro” ao carrasco… O homem fez seu papel: “assim, o bem-aventurado Cipriano sofreu sua paixão”.

Perseguição religiosa aos católicos e a arma de satanás

Poucos dias depois o iníquo juiz também morreu, subitamente. E ambos encontraram-se diante do Tribunal de Deus.
As notícias de jornal repetem, à saciedade, que em nosso século XXI os católicos somos a religião mais perseguida em toda a face da terra. Só no Paquistão, onde um verdadeiro milagre tirou a mártir Ásia Bibi do corredor da morte, depois de languidecer durante nove anos nas enxovias de Lahore, atualmente 187 católicos esperam a mesma sorte que sobre ela pairou, como espada de Dámocles, por dois lustros. E não apenas. No ocidente, como muito bem escreveram recentemente um casal católico, Hamiltom e Cristiane Buzi (Ser Igreja no século XXI, in “Arautos do Evangelho”, 213, set/19, pp. 16-21) “em um mundo que aparentemente cultua a paz, a compreensão e o diálogo, torna-se cada vez mais difícil ser católico autêntico”, pois “há outras formas mais sutis e eficazes de perseguição, das quais o demônio se utiliza hoje às torrentes”. “Escolher um bom colégio para nossos filhos ou buscar um entretenimento que não fira a moral cristã exige um esforço e uma perícia que não estão ao alcance de todas as famílias.

Incenso aos ídolos, não!

A cada instante somos convidados a deitar pequenos ou grandes punhados de incenso aos pés dos novos deuses pagãos, cujos nomes não são Júpiter, Baco ou Diana, mas sim desonestidade, mentira e relativismo. “Para os fiéis dos nossos dias, os cristãos dos primeiros séculos se apresentam como modelos de radicalidade evangélica”, declaram Hamilton e Cristiane, proclamando com a ufania de S. Cipriano sua confiança na divina graça que Jesus, a rogos de Maria, sempre nos obtém, para “dar testemunho d’Ele diante do mundo… sermos mártires da ortodoxia, confessores da verdadeira doutrina, defensores da moral católica multissecular e fiéis seguidores do Magistério, ainda que isso suponha nos deixarmos crucificar com Ele, como o fizeram os primeiros cristãos”.

S. Cipriano de Cartago auxilie a todas as famílias católicas a seguirem o luminoso exemplo de Hamilton e Cristiane.

Da redação Gaudium Press 

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