Cardeais criticam documento de trabalho do Sínodo da Amazônia
Redação (Terça-feira, 10-09-2019, Gaudium Press) Com o título Dois cardeais criticam documento de trabalho do Sínodo da Amazônia, a Agencia ACI-Digital publicou em sua edição do último dia 04 de setembro uma matéria em que trata de declarações dos cardeais Walter Brandmüller e Raymond Burke a propósito do Sínodo da Amazônia.
Segundo a Agência, o Grupo ACI teve acesso às ditas cartas.
Nós transcrevemos as informações publicadas pela Agencia em www.acidigital.com .
“O grupo ACI teve acesso às cartas que cada um dos cardeais escreveu separadamente, em italiano, e enviaram a outros membros do Colégio Cardenalicio, fazendo uma grave denúncia de alguns pontos do documento de trabalho (Instrumentum laboris) do Sínodo da Amazônia, que se realizará no Vaticano de 6 a 27 de outubro.
Instrumentum laboris
“Em poucas semanas começará o chamado Sínodo da Amazônia. O que se sabe até agora sobre o Sínodo não pode senão suscitar as mais sérias preocupações.
Alguns pontos do Instrumentum laboris parecem não só estar em dissonância com o ensino autêntico da Igreja, mas são contrários a Ela”, afirma por sua parte o Cardeal alemão Walter Brandmüller em sua carta datada em 28 de agosto.
“Como mostra a experiência destes últimos sínodos, deve-se temer tentativas não só de manipular a sessão sinodal mas as de exercer fortes pressões sobre ela”, alertou o purpurado.
A seguir o Cardeal expressou sua preocupação sobre a participação do Cardeal brasileiro Claudio Hummes, que preside a Rede Eclesiástica Panamazónica (Repam), instituição que, segundo o Bispo Emérito de Marajó (Brasil), Dom José Luis Azcona, teve um papel protagonista na redação do texto.
Diz o Cardeal Brandmüller:
“O simples fato de que o Cardeal Hummes seja seu presidente lhe possibilitará uma grave influência no sentido negativo, e, isto nos basta para que nossa preocupação seja fundamentada e realista, de igual maneira no caso da participação dos bispos (Erwin) Kräutler, (Franz-Josef) Overbeck, etc.”
Diaconisas, Celibato sacerdotal
Recorda a ACI que Dom Overbeck se manifestou em maio deste ano a favor da “greve de mulheres” na Alemanha, uma espécie de protesto à negativa do Papa Francisco à proposta de ordenar diaconisas; e que Erwin Kräutler, que serve como vice-presidente da Repam, defende a ordenação sacerdotal de homens casados.
O Cardeal Brandmüller advertiu também que “as formulações nebulosas do Instrumentum, como a pretendida criação de novos ministérios eclesiásticos para as mulheres e, sobretudo, a ordenação presbiteral dos chamados viri probati, suscitam a forte suspeita de que será colocado em questão até mesmo o celibato sacerdotal”.
O Instrumentum Laboris propõe, que no caso da Amazônia, a ordenação de homens casados e de comprovada virtude poderá compensar a ausência de sacerdotes em algumas regiões.
Ataques ao Depositum Fidei, à hierarquia e à tradição
Ante esta situação, continuou o Cardeal que é perito em história da Igreja e que foi também professor universitário, “teremos que confrontar sérios ataques à integridade do Depositum fidei (o depósito da fé), à estrutura hierárquico-sacramental e à Tradição Apostólica da Igreja. Com tudo isto se criou uma situação nunca antes vista em toda a história da Igreja, nem sequer durante a crise ariana dos séculos IV e V”.
Arianismo
Ario foi um bispo que negava a divindade de Cristo, que logo seria conhecida como a heresia do arianismo.
Em seu tempo um dos que a combateu fortemente foi outro bispo, Santo Atanásio.
Como reagir?
Em relação às ameaças que vê no Instrumentum laboris, o Cardeal Brandmüller indicou que “aparece então a grave pergunta sobre como nós cardeais, nesta situação historicamente inédita, podemos atuar à altura de nosso solene juramento cardinalício e como poderemos reagir a eventuais afirmações ou decisões heréticas do Sínodo”.
“Certamente você como cardeal já refletiu sobre a situação e inclusive nos possíveis passos a dar em comum. Por isso espero que Sua Eminência, por sua parte, tome a ocasião de corrigir, segundo o ensino da Igreja, certas posições expressas no Instrumentum laboris do Sínodo da Amazônia, usando também as redes sociais”, concluiu.
A carta do Cardeal Burke
Por sua parte, o Cardeal americano Raymond Burke assinalou em sua carta, também datada no 28 de agosto, que compartilha “plenamente as profundas preocupações do Cardeal Brandmüller sobre o iminente Sínodo para a Amazônia, da forma como seu trabalho está previsto no Instrumentum laboris”.
Além dos pontos mencionados pelo Cardeal alemão, o Cardeal Burke advertiu que no documento de trabalho do Sínodo “a verdade de que Deus revelou a Si mesmo plenamente e perfeitamente através do mistério da Encarnação redentora de Deus Filho não só está obscurecida; ela é negada”.
“Como consequência lógica, a missão da Igreja, a missão de evangelização, é negada em favor de um ‘enriquecimento recíproco das culturas em diálogo'”, como assinala o numeral 122 do documento.
Apostasia da Fé católica?
Desse modo, “o papel positivo da inculturação na missão de evangelização está sendo contrariado, ao ponto que a cultura condiciona a verdade revelada, em vez de ser a verdade revelada quem purifica e eleva toda cultura”, prosseguiu.
Além disso, alertou, alguns pontos comentados pelo Cardeal Brandmüller “fazem pressagiar uma apostasia da fé católica”.
Proteção da Virgem nestes tempos inquietos e inquietantes
“Que nosso ensino, pela graça de Deus, seja eficaz para combater a grande ameaça à Igreja no momento presente. Que a Virgem Mãe de Deus, São José, protetor da Igreja Universal, os Santos Pedro e Paulo, e os grandes Santos cardeais intercedam fortemente pelo Colégio de Cardeais nestes tempos inquietos e inquietantes”, concluiu. (ARM)
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