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Seriedade, beleza e glória do Juízo Final

Redação (Terça-feira, 30-07-2019, Gaudium Press) O Juízo Final será feito no contexto de uma grande batalha iniciada no Céu, na qual São Miguel e os Anjos bons derrotaram Lúcifer e seus asseclas, e continuada nesta Terra entre os homens justos e os iníquos.

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A guerra que houve no Céu prossegue nesta Terra

O Apocalipse faz referência a esse prélio magno (cf. Ap 12, 7-9), depois do qual os anjos maus, chamados demônios, foram precipitados no Inferno, criado por Deus para castigá-los. Muitos deles, entretanto, por permissão do Criador, perambulam pela Terra e pelos ares tentando perder os homens; no fim do mundo todos serão jogados no Inferno.

Os demônios fazem artimanhas para levar os homens para o Inferno, e os Anjos os ajudam para salvá-los. Assim, a guerra que houve no Céu continua nesta Terra entre dois partidos: o do mal, chefiado por satanás, e o do bem, regido por Jesus Cristo e sua Igreja. E a História é o desenrolar dessa tremenda guerra ao longo dos séculos.

O prélio magno do Céu foi uma prefigura da luta travada neste mundo entre bons e maus, segundo afirma Dr. Plinio Corrêa de Oliveira:

“O mesmo non serviam – não servirei – orgulhoso, que explodira nas fileiras angélicas, se manifestava agora na Terra.”

O grande lutador é Nosso Senhor Jesus Cristo

“Não devemos imaginar o Juízo como se nele fossem julgados apenas indivíduos, pois os atos que praticamos estão dentro da trama da História.

“Qualquer ação individual, por pequena que seja, atinge de algum modo a História, repercutindo na salvação ou na perdição de muitos homens. Assim, cada ação tem, além do individual, um alcance maior, de ordem coletiva. Quer dizer, deve ser considerada como elemento de uma grande batalha.

“Nossa própria luta individual não é apenas para fixação de nosso destino, mas um elemento da batalha entre Nosso Senhor Jesus Cristo e satanás, para a conquista das almas. E, no plano de Deus, esta conquista não é somente individual, mas trata-se de preencher – com as almas conquistadas – os tronos deixados vazios pelos anjos rebeldes. Tenho a impressão de que o julgamento deve dar-se no contexto dessa batalha.”

Conforme afirmou São Paulo, “tornamo-nos um espetáculo para o mundo, para os anjos e a humanidade” (I Cor 4, 9).

“Ou seja, todo o acontecer humano não se cifra à minha vidinha, pois o Céu está vendo essa luta continuamente. […]

“Nosso Senhor agiu em sua vida terrena e continua atuando no Céu, como Cabeça do Corpo Místico, e o grande lutador até o fim do mundo é
fundamentalmente Ele.

“Nada faz tanto bem ao senso moral do que ter isto diante dos olhos.”

Alguns homens serão cojuízes

“Essas considerações nos ajudam a entender melhor a seriedade, a beleza e a glória do Juízo. […]

“Os justos começam, um por um, a impugnar todos os que pecaram contra eles. Então veremos, por exemplo, Santa Joana d’Arc ressurrecta inculpar o Bispo Cauchon e todos os que pertenceram ao tribunal que a condenou; incriminar a moleza do rei e de seus próprios companheiros de armas, que não tentaram proezas inimagináveis para salvá-la.

“Como tudo é sério! Como tudo é grande! Como tudo é belo!”

Afirmou o Redentor que os Anjos participarão do Juízo Final (cf. Mt 25,31). E também certos homens serão cojuízes, conforme escreveu São Paulo: “Não sabeis que os Santos julgarão o mundo?” (I Cor 6, 2).

Segundo o Doutor Angélico, esses cojuízes julgarão por comparação consigo mesmos, porque “neles estão contidos os decretos da justiça divina”.

Toda a Criação geme

Afirma São Paulo: “Toda a Criação geme e sofre como que em dores de parto até o presente dia” (Rm 8, 22) para ser “libertada do cativeiro da corrupção” (Rm 8, 21), através dos benefícios da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

“De fato, a natureza foi marcada pelo pecado de Adão e ainda não teve acesso, inteiramente, aos efeitos da Redenção, porque estes estão retidos à espera do Juízo Final.

“Os teólogos, em especial São Tomás de Aquino, comentam que no dia do Julgamento, depois da ressurreição dos corpos, as mãos de Deus se abrirão e toda a natureza se rejubilará pelos frutos da Redenção. Por exemplo,
a Lua vai brilhar com mais claridade do que antes do pecado original, e o Sol adquirirá maior fulgor, deitando sobre a Terra uma luminosidade especial.”
E Dr. Plinio Corrêa de Oliveira declara:
“No fim do mundo, creio que serão lançadas no Inferno todas as sujeiras da Terra, a qual ficará rebrilhando, repleta de ordem.”

Em Jesus-Homem estão reunidos todos os planos da Criação

Continua Monsenhor João Clá:

“Dado que a criatura humana é um microcosmos, a razão mais profunda desta restauração está no fato de se encontrarem reunidos em Jesus-Homem todos os planos da criação, como verdadeira síntese do universo, n’Ele elevada a um grau altíssimo. É preciso, pois, que a matéria que Ele assumiu ao se encarnar, seja glorificada.

“Se a própria natureza está gemendo à espera desse dia, porque não devemos gemer também nós? Pois, embora já gozemos, por meio dos Sacramentos, de uma parcela dos efeitos da Redenção que é a vida sobrenatural – ‘as primícias do Espírito’ (Rm 8, 23a) de que nos fala o Apóstolo -, aguardamos ‘a adoção, a redenção do nosso corpo’ (Rm 8, 23b). […]

“Sabemos que, da mesma forma que a alma, nosso corpo foi plasmado
por Deus com vistas a durar eternamente, livre das contingências – doenças, sono, fome, limitações – que nosso atual estado comporta.”

Roguemos a Nossa Senhora a graça de lutarmos ardorosamente nesta Terra pela implantação do Reino de Maria, para assim alcançarmos, pela misericórdia de Deus, o Reino dos Céus.

 

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 203)

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1- CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Vigoroso torreão da Cidade de Deus. In revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano X, n. 108 (março 2007), p. 12.

2- Idem. O Juízo Final e a trama da História. In revista Dr. Plinio. Ano XIII, n. 149 (agosto 2010), p. 25.26.27.

3- Idem. Os Anjos no Céu empíreo e durante o Juízo Final. In revista Dr. Plinio. Ano XX, n. 232 (julho 2017), p. 31.

4- SÃO TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. Suplemento, q. 89, a.1.

5- Cf. Suma Teológica. Suplemento, q. 91, a. 1.

6- CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, v. VII, p. 258.

7- O Juízo Final e a trama da História. In revista Dr. Plinio. Ano XIII, n. 149 (agosto 2010), p. 27.

8- CLÁ DIAS, op. cit., v. VII, p. 258-259.

 

 

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