"É preciso restaurar o diálogo com os filhos", diz arcebispo de Buenos Aires
Buenos Aires (Terça, 03-10-2009, Gaudium Press) O arcebispo de Buenos Aires, cardeal Jorge Bergoglio, defendeu no último sábado (31), durante um fórum de pais organizado pelo Vicariato Episcopal de Educação e a Comissão arquidiocesana de Pais da arquidiocese no Colégio San José de Calasanz, no bairro portenho Cabalitto, que as crianças “têm direito ao não” e que elas devem ter limites, e exortou os pais a “restaurarem o diálogo com os filhos com a firmeza e o risco que isso implica”.
O cardeal fez suas observações diante de mais de 500 pessoas que participaram do fórum cujo tema era “Pais além do boletim”.
“É necessário que vocês dialoguem com seus filhos, se abram a eles, brinquem com eles, para que eles não se sintam abandonadas por seus pais. Isso cansa, é verdade, mas é a cruz que vocês como pais católicos devem carregar, uma cruz fecunda. Mas façam isso com um sentimento de gratidão, porque isso nos aproxima de Deus”, afirmou o arcebispo.
Cardeal Bergoglio sublinhou essa necessidade atual do diálogo entre pais e filhos ao relatar um pequeno conto popular no qual criança pergunta a seu pai quanto este ganha por hora de trabalho, a que o pai responde: “20 pesos”. A criança, então, consegue juntar essa quantia e pede ao pai: “Papai, aqui tem 20 pesos. Me dê uma hora de seu trabalho”.
O prelado também se referiu “aos meninos nômades, esses que estão sem rumo, desorientados e que não encontram sentido na vida porque vivem uma existência cigana”. Nesse contexto, advertiu que na sociedade “se está impondo uma forte cultura de relativismo” e considerou esse relativismo como “um fundamentalismo mais grave, mas menos explícito”.
“Esse é o refúgio que é deixado para os jovens para que não andem como “ciganos” por aí, um fundamentalismo do relativismo sem certezas, sem orientação, onde não existem valores”, assegurou.
Depois de afirmar que “um jovem que não é progressista e que não progredir é anormal”, o prelado disse que esse progresso deve acontecer com “conteúdo, não apenas utópico, mas que combine as raízes da memória, o compromisso com o presente e a utopia do futuro, porque se falta algum desses elementos, o jovem se perde”.
O vigário episcopal da educação, padre Juan Torrela, se referiu por sua vez ao “clima de agressão e de não entendimento” que se vive nas comunidades educacionais e deu como exemplo o caso de um inspetor agredido pelos pais de uma menina que foi vítima de abuso sexual dentro de um estabelecimento escolar de La Plata. “São imagens duras”, disse, encorajando a articulação entre pais e docentes.
Na abertura do fórum esteve presente anda o ministro da Educação argentino, Mariano Narodowsky, que concordou com o padre Torrela ao enfatizar “a necessidade de estabelecer uma nova aliança entre escolas e famílias”.
Depois, os pais debateram sobre educação sexual, comunicação, violência, Internet, autoridade, saúde, insegurança, o sentido da vida, entre outros temas, como os trabalhos de alguns acadêmicos sobre educação.
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