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A resposta que marcou para sempre os céus da História

Redação (Quarta-feira, 10-04-2019, Gaudium Press) Depois das entusiastas aclamações a Nosso Senhor, por ocasião da Páscoa, o ódio de seus inimigos ia aumentando. Chegaram a montar uma vil cilada contra Jesus, o Qual os desmascarou mostrando a hipocrisia deles.

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Fariseus e herodianos se unem contra Nosso Senhor

Narra São Mateus:

“Os fariseus fizeram um plano para apanhar Jesus em alguma palavra. Então mandaram os seus discípulos, junto com alguns do partido de Herodes, para dizerem a Jesus:

“‘Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não Te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem pelas aparências. Dize-nos, pois, o que pensas: É lícito ou não pagar imposto a César?’

“Jesus percebeu a maldade deles e disse: ‘Hipócritas! Por que Me preparais uma armadilha? Mostrai-Me a moeda do imposto!’

Levaram-Lhe então a moeda.

“E Jesus disse: ‘De quem é a figura e a inscrição desta moeda?’ Eles responderam: ‘De César’. Jesus então lhes disse: ‘Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus'” (Mt 22, 15-21).

Chama a atenção o fato dos fariseus enviarem seus discípulos “junto com alguns do partido de Herodes”(Mt. 22, 16), para apresentar essa armadilha ao Divino Mestre.

Comenta Monsenhor João Clá:

“Mesmo quando estão em campos opostos, é incrível a capacidade dos maus de se unirem contra o bem. Os fariseus anelavam a independência e supremacia de Israel, e odiavam os romanos; os herodianos apoiavam a família de Herodes, que recebeu seu poder dos romanos.

“Assim, embora encarniçados adversários, fariseus e herodianos encontram-se irmanados neste episódio, em busca de um fim comum: o deicídio.”

O segredo do progresso

“Se Jesus optasse pela obrigação moral de pagar o imposto exigido pelos romanos, prontas já estavam as tubas dos adversários para sublevar os israelitas contra Ele, pois não era admissível um Messias que Se manifestasse a favor da submissão ao estrangeiro gentio.

“De outro lado, se Jesus negasse a liceidade do tributo, seria denunciado às autoridades romanas, que por certo O condenariam à morte.

“Jesus percebeu a maldade deles e disse: ‘Hipócritas! Por que Me preparais uma armadilha?’ (Mt 22, 18).

“Que grande diferença entre os métodos empregados respectivamente pelo mal e pelo bem! Os fariseus adulam para perder; Jesus increpa para salvar.”

Por fim, disse-lhes Jesus: ‘Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22, 21).

“Eis a resposta que se gravou para sempre nos céus da História. Quem utilizava o dinheiro de César, que lhe pagasse o imposto devido, ainda mais tendo em vista os benefícios proporcionados à Palestina pela administração romana.

“Em se tratando de uma nação essencialmente teocrática, como era a judaica, compreende-se a perplexidade na qual muitos podiam se encontrar. Porém, havia uma situação, de fato, da qual não se podia prescindir.

“As coisas de Deus e as coisas da Terra não devem ser antagônicas. Pelo contrário, entre elas deve haver colaboração. Na harmonia entre ambas as esferas, a temporal e a espiritual, está o segredo do progresso.”

Miniatura da sociedade católica ideal

O tema das relações entre a ordem espiritual e a temporal foi muito analisado pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Transcrevemos algumas considerações feitas por ele.

A ordem espiritual diz respeito ao sobrenatural e à salvação das almas diretamente: é a Igreja Católica com toda a sua ação no mundo.

A temporal se refere à vida terrena, feita para servir à Igreja e, portanto, à ordem espiritual. Temporal significa relativo ao tempo.

A ordem temporal é passageira; a espiritual não terá fim.

O Estado é o elemento supremo da ordem temporal. Mas esta abrange também realidades, valores, aspectos de fundamental importância.

Suponhamos um escritório de contabilidade. “Se for bem organizado, exprimindo a ordem natural, segundo a verdadeira Moral que é a Moral católica, cristã, ele tem uma perfeição e uma excelência onde a rutilação da alma humana se apresenta inteira. E, pela alma humana, sobe-se até Deus.

“Qualquer pessoa que seja diretor ou subordinado numa ordem dessas, e tenha o intuito de organizá-la dessa maneira, presta, do ponto de vista simbólico, um ato insigne de colaboração à Igreja na ordem do amor de Deus.

Faz uma ação de apostolado.

“Um exemplo muito característico é o de um fazendeiro com seus colonos, seus funcionários administrativos e as respectivas famílias.

Ele pode formar uma como que aldeiazinha tão católica que seja miniatura da sociedade católica ideal. É uma minúscula sociedade temporal, encaixada na sociedade muito maior; é uma célula viva da sociedade temporal.

“Essa miniatura da sociedade católica ideal deve procurar – e destaco este ponto – desenvolver seus aspectos simbólicos, de modo a refletir os atributos de Deus.

“Refiro-me especialmente aqui à questão da forma da autoridade – majestosa, paternal, justa -, muito própria a despertar o amor de Deus.”

A ordem temporal do Reino de Maria

Afirmou Nossa Senhora em Fátima que, depois dos castigos infligidos ao mundo, virá o triunfo de seu Imaculado Coração. Para que esse triunfo seja autêntico e efetivo, nascerá uma ordem a qual refulgirá nos três pontos capitais mais odiados pela Revolução gnóstica e igualitária, que visa destruir a Santa Igreja:

* “Um profundo respeito dos direitos da Igreja e do Papado e uma sacralização, em toda a extensão do possível, dos valores da vida temporal, tudo por oposição ao laicismo, ao interconfessionalismo, ao ateísmo e ao panteísmo, bem como a suas respectivas sequelas;

* Um espírito de hierarquia marcando todos os aspectos da sociedade e do Estado, da cultura e da vida, por oposição à metafísica igualitária da Revolução;

* Uma diligência no detectar e no combater o mal em suas formas embrionárias ou veladas, em fulminá-lo com execração e nota de infâmia, e em puni-lo com inquebrantável firmeza em todas as suas manifestações, e particularmente nas que atentarem contra a ortodoxia e a pureza dos costumes, tudo por oposição à metafísica liberal da Revolução e à tendência desta a dar livre curso e proteção ao mal.”

Peçamos a Nossa Senhora a graça de estarmos inteiramente unidos a Ela e seu Divino Filho, e desejarmos com ardor a implantação do Reino de Maria.

Por Paulo Francisco Martos
( in “Noções de História Sagrada” -189)
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1- CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, v. II, p. 404.407-408 passim.

2 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Uma realidade mais vasta que o Estado. In revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano V, n. 57 (dezembro 2002), p. 21.

3 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Revolução e Contra-Revolução. 5. ed. São Paulo: Retornarei. 2002, p. 99.

 

 

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