Pode haver tristeza no Céu?
Redação (Segunda-feira, 01-04-2019, Gaudium Press) Diz-se que, no Céu, a alegria será perfeita, completa e sem qualquer mistura de inquietação.
Entretanto, a condenação eterna de parentes e amigos não será causa de amargos desgostos, para os bem-aventurados? O coração poderá deixar de amar no Céu aqueles que tínhamos o dever de estimar sobre a Terra?
Sim, no Céu a alegria será perfeita, completa, sem qualquer mistura de inquietação ou tristeza: essa é a ordem querida por Deus.
A Escritura, com efeito, quase que em cada uma de suas páginas, nos mostra os santos repletos de alegria e gozos sem fim e sem medida.
Assim lemos nos Salmos: “Vós me ensinareis o caminho da vida, há abundância de alegria junto de Vós, e delícias eternas à vossa direita” (Sl 15,11). Ora, no local onde reina a alegria em sua plenitude não pode haver aflição nem dor. “Os santos serão saciados na abundância de vossa casa, e lhes dareis de beber das torrentes de vossas delícias” (Sl 35, 9). Eis outra afirmação da felicidade mais plena e superabundante.
E no Apocalipse: “Já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição” (Ap 21, 4). Essas palavras indicam expressamente a ausência de qualquer pena ou dor de alma e de corpo, pois as penas e as dores são um triste apanágio desta vida de provação.
Por fim, Isaías também afirma: “O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces” (Is 25, 8). E em outro trecho: “Os remidos chegarão a Sião com cânticos de triunfo, e uma alegria eterna coroará sua cabeça; a alegria e o gozo os possuirão; a tristeza e os gemidos serão para sempre banidos” (Is 35, 10).
Nada de mais certo, portanto, que a alegria no Céu será perfeita, sob qualquer ponto de vista.
Se ali pudesse haver alguma tristeza, isto se deveria:
ou ao fato de os bem-aventurados verem Deus muito ultrajado pelos maus;
ou por eles próprios serem atingidos por alguma infelicidade;
ou, ainda, por verem seus amigos condenados ao inferno. Ora, nenhuma dessas hipóteses pode realizar-se no Paraíso.
(cf. São Tomás de Aquino – Suma Teológica, Supl., q. 94, a.3- Traduzido, com adaptações, de L´Ami du Clergé, 1898, p. 699-700)
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