“Individualismo” conduziu Ocidente ao “inverno demográfico”, disse Francisco, hoje
Roma (Terça-feira, 26-03-2019, Gaudium Press) Hoje, falando em uma visita feita de surpresa à Universidade Lateranense de Roma, o Papa Francisco alertou para o “individualismo” da sociedade que levou a um “inverno demográfico” no Ocidente.
Questionamentos
“Paro num ponto que me faz sofrer: o nosso inverno demográfico.
‘Mas por que não têm filhos, ao menos, dois?’
– ‘Não, eu gostaria de fazer uma viagem, espero ainda mais um pouco…’.
E assim os casais seguem sem fecundidade”, lamentou Francisco.
As palavras do Papa foram de questionamento de uma sociedade cada vez mais centrada no próprio “bem-estar”, sem a preocupação de dar “frutos”:
“O inverno demográfico que hoje todos nós sofremos é, realmente, efeito desse pensamento único, egoísta, dirigido somente para nós mesmos, que busca somente a ‘minha’ realização.
Estudantes, pensem bem nisso: pensem em como esse pensamento único é tão ‘selvagem’…
Parece muito cultural, mas é ‘selvagem’, porque impede de fazer história, de deixar uma história depois de ti”.
Doença do individualismo
Francisco afirmou que esta exaltação do próprio eu é uma “vergonha”, falando em “doença do individualismo” – com “o desprezo e descarte dos outros, dos pobres, a recusa em deixar-se interpelar pela evidente ruína da criação” – a que se contrapõe a “mística do nós” e “uma espiritualidade de solidariedade global”.
O Papa visitou a Pontifícia Universidade Lateranense antes de dirigir-se à Prefeitura de Roma, ainda pela manhã desta terça-feira.
Mudança de Paradigma
O Papa apresentou uma ‘Lectio Divina’, ou seja, uma leitura meditada da Bíblia, a partir de uma passagem do livro do profeta Daniel, com a oração de três jovens israelitas que se recusaram a adorar deuses estrangeiros.
Francisco destacou a necessidade de uma “mudança de paradigma” inclusive para os estudantes de Universidades Eclesiásticas, que não devem “ficar dissociadas da humanidade” nem “jogar com os conceitos ou prender-se a fórmulas abstratas”, mas sim ser capazes de “uma revolução cultural corajosa”. (JSG)
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