Exercícios espirituais da Quaresma do Papa e da Cúria Romana
Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 11-03-2019, Gaudium Press) O Papa Francisco ouviu da quarta fila do auditório a primeira meditação do monge beneditino Bernardo Francesco Maria Gianni, abade de São Miniato no Monte, Florença, que abriu os Exercícios Espirituais para a Quaresma em Ariccia, no início da noite do domingo.
Indícios do Senhor: onde há amor, há um olhar
Citando o místico da Idade Média, Ricardo de São Vítor, “onde há amor, também há um olhar”, o abade de São Miniato no Monte recorda a necessidade de reconhecer “os sinais e os indícios que o Senhor não se cansa de deixar na sua passagem na nossa história, na nossa vida”.
É naquele amor que se pode ler o olhar de Giorgio La Pira sobre Florença, de Jesus sobre Jerusalém e sobre todos os que encontrava. Uma perspectiva que introduz “uma dinâmica pascal” tornando-nos conscientes que “o momento histórico é grave” porque a “amplidão universal da fraternidade parece muito enfraquecida”. É a força da fraternidade – afirma – a nova fronteira do cristianismo.
“Cada detalhe da vida do corpo e da alma, onde brilham o amor e o resgate da nova criatura vai se formando em nós – gosto muito deste ‘brilhar’ do amor: de novo a luz, o fogo – surpreende como o verdadeiro milagre de uma ressurreição já em ato.”
Sendo olhado por Jesus
Recordando que o humanismo, como evidenciou Papa Francisco, é assim a partir de Cristo, o abade convida a entrever “o rosto de Jesus morto e ressuscitado que recompõe a nossa humanidade, também da que foi fragmentada pelos sofrimentos da vida ou marcada pelo pecado”. É a imagem do misericordiae vultus.
“Deixemo-nos guiar por Ele. Jesus é o nosso humanismo: façamo-nos inquietar sempre pela sua pergunta: “Vós, que dizeis que eu seja?”. Deixemo-nos ser olhados por ele para aprender – diria – a olhar como Ele olhava. O jovem rico, fixando-o, amou-o: o encontro de olhares de Zaqueu que sobe na árvore para olhar o Senhor Jesus, que levanta o olhar para ir ao seu encontro.”
Sem medo, com o coração em conversão
Um olhar que faz desaparecer o medo de não reconhecer o Senhor que vem, como confessava Santo Agostinho. Porém, o olhar que já mudou o coração.
“Se não estás atento ao teu coração, não saberás jamais se Jesus está te visitando ou não”, aludindo a Agostinho, a um cuidado do coração, que é um dos objetivos importantes destes dias: um coração atento, em conversão que recorde e recordando se abra para reconhecer a presença de Deus nesta nossa História e como ela se abra a esperanças ardentes, inéditas e inauditas.
Com o Senhor diante dos olhos e entre as mãos
O chamado do monge Bernardo é missão dos consagrados chamados a “uma vida simples e profética na sua simplicidade, onde o Senhor está diante dos olhos e entre as mãos e não se precisa de mais nada”.
“A vida é Ele, a esperança é Ele, o futuro é Ele. A vida consagrada é esta visão profética na Igreja: é olhar que vê Deus presente no mundo, embora a muitos passe despercebido”. São palavras do Papa Francisco em 2 de fevereiro de 2019 no encontro com os consagrados. Mas são palavras que creio que possam servir para todos nós aqui presentes”.
(Da Redação Gaudium Press, com informações Vatican News.)
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