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Nefarious: o demônio existe

Considerado por sacerdotes, exorcistas e lideranças católicas como um filme que retrata com fidelidade os meandros da possessão demoníaca, Nefarious foi posto de lado pela crítica. Por quê?

Foto: Captura de tela/ Youtube

Foto: Captura de tela/ Youtube

 Redação (08/03/2024 09:58, Gaudium Press) Há algum tempo, fui convidado para assistir a um filme na clandestinidade. A pessoa que me falou do filme e tentou me convencer a assisti-lo deu um pequeno spoiler, depois veio até a minha casa trazendo o caminho para chegar ao filme, salvo no celular. Passou-me o link, e baixá-lo no meu computador foi bem rápido.

Achei que nem valeria a pena, uma vez que não gosto nem assisto aos filmes de terror. E um filme sobre um homem possuído pelo demônio, sem dúvida, é um filme de terror. Mas a insistência de meu sobrinho, que conhece bem os meus gostos e não me submeteria a algo que causasse desconforto, acabou por me convencer.

Ele me disse: “Tio, demorei para ver esse filme e também só o fiz por insistência de uns amigos, mas, quando o vi, a primeira pessoa em que pensei foi no senhor e faço questão de assistir de novo, junto com o senhor, para ouvir a sua opinião.”

Que fique claro que aceitei assistir, porém, um tanto contrariado. Mas, em respeito ao estimado sobrinho, que viajou da capital até a minha cidade com o objetivo de rever o tal filme na minha companhia, acedi.

O demônio fala através do prisioneiro

Como o filme retrata uma possessão demoníaca, já sentei no sofá preparado para ver pescoços retorcidos, gritos, levitação e outros efeitos especiais, no gênero de O exorcista.

No entanto, já adianto que, se diferente de mim, você é o tipo de pessoa que gosta de filmes de terror, não espere encontrar nada do que vê nesse gênero de filme por aí. O único efeito – se é que se pode chamar de efeito – é a voz ligeiramente gutural do personagem principal nos momentos em que está “possuído”. Não voarão cadeiras e outros objetos, a cama não vai pular e guarda-roupas não vão obstruir a porta do quarto.

Nefarious não lhe dará as sensações esperadas quando se assiste a um filme de terror, mas, em grande parte da exibição, há vários monólogos, com grandes falas do prisioneiro sentenciado à pena de morte e que se diz possuído pelo demônio. Na verdade, ele não se diz possuído, pois é o próprio demônio que fala com o interlocutor, referindo-se ao condenado como seu “hospedeiro”.

Tentando provar que o demônio existe

A história gira em torno de uma guerra psicológica. O prisioneiro e suposto possesso está condenado à morte. No entanto, se for provada a sua insanidade mental, ele poderá se ver livre da pena e cumprir uma condenação perpétua. Então, a questão está em provar que o real culpado é o demônio.

O impressionante é constatar o mesmo que acontece nos dias atuais: o demônio tentando apagar a sua atuação. Por isso, o presidiário condenado é submetido à avaliação de um psiquiatra a fim de se comprovar que está “louco”.

Parece, ao mundo moderno, que o demônio é uma lenda, uma criação da Igreja Católica para intimidar os fiéis, como já ouvi ateus, agnósticos e até católicos dizerem. Quanto a isso, há um argumento muito fácil de usar: basta lembrar a tais pessoas os levantamentos que apontam que a palavra “Satanás” aparece 62 vezes nas Sagradas Escrituras (27 no Antigo Testamento e 35 no Novo) e “demônio”, 63 vezes (no Novo Testamento). Isso sem contar outras denominações como “Belzebu”, “adversário”, “Belial”, “devorador”, “destruidor”, anjo caído etc.

Logo, não foi a Igreja Católica que inventou nem tampouco é ela que vai levar as pessoas a desacreditarem na existência do mal, deixando muito claro que o demônio existe e não um conceito: “O Mal não é uma abstração, mas designa uma pessoa, Satanás, o Maligno, o anjo que se opõe a Deus. O “diabo” (“diabolos”) é aquele que “se atira no meio” do plano de Deus e de sua “obra de salvação” realizada em Cristo.” (CIC – n. 2851)

Há dezenas de outras citações sobre a existência real do diabo no catecismo, das quais eu destaco os itens 391 a 395.

Retrato fiel de uma possessão demoníaca

Além de uma boa trama e de muitos pontos que suscitam nossa reflexão, o filme faz verdadeiras revelações sobre a sutileza da atuação do demônio sobre pessoas que lhe dão abertura.

A produção é de dois cineastas católicos, Cary Solomon e Chuck Konzelman, e foi baseada no livro A Nefarious Plot, do autor americano Steve Deace.

De acordo com sacerdotes e exorcistas, o filme oferece o retrato fiel de uma possessão demoníaca, diferindo dos filmes de terror produzidos pela poderosa indústria do entretenimento e que ficaram famosos no cinema. Com suas produções caricaturadas e, muitas vezes, bizarras, os filmes do gênero têm como principal objetivo gerar medo e atrair a atenção dos aficionados pelo horror.

Por sua vez, Nefarious é uma trama psicológica que objetiva levar o espectador a grandes reflexões e ao conhecimento de dados reais sobre possessões e ação demoníaca. Ele retrata a crua realidade da guerra espiritual entre o bem e o mal, e o perigo das portas abertas para a entrada do maligno.

Por Afonso Pessoa

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