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Quando você bate e a porta não se abre…

Jesus disse: “Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, se abrirá, mas, por que muitas vezes pedimos e não obtemos, buscamos e não encontramos, batemos e a porta não se abre?

Redação (04/12/2023 11:37, Gaudium Press) Infelizmente, muitas pessoas, ao pedirem alguma coisa a Deus e não obterem, acabam desanimando na fé, mudando de religião ou abandonando de vez a vida espiritual. Não é fácil pedir e não obter.

E não me refiro aqui apenas àqueles que pedem coisas materiais que podem perfeitamente viver sem: um carro novo, uma casa maior, condições para fazer a viagem dos sonhos, mais dinheiro para adquirir um bem. Essas coisas são legítimas e não é errado desejá-las, mas são bens que temos condições de obter por nossos próprios esforços. Com a bênção de Deus, sempre, embora sem a necessidade de milagres.

É errado pedir a Deus que nos ajude a obter tais coisas, a realizar tais sonhos? Não, não é errado, considerando que tudo pertence a Deus e nós podemos pedir a Ele aquilo de que necessitamos. A questão é que, muitas vezes, pedimos mais do que necessitamos ou o que nem mesmo precisamos. E, diante da negativa, agimos como crianças birrentas, ficando “de mal” com Deus quando Ele não nos dá o que desejamos.

Pedidos legítimos

Contudo, não me refiro a isso, a coisas supérfluas ou coisas que queremos apenas para satisfazer nosso egoísmo ou nossa vaidade. Refiro-me a pedidos sérios, coisas verdadeiramente importantes.

É comum que, estando doentes ou tendo um ente querido doente, as pessoas rezem pedindo a cura. Dependendo da gravidade do caso, pedem um milagre. Só que, em muitos casos, o milagre não vem, a cura não acontece e aquele que rezou, acreditou, buscou, esperou, acaba amargando dores e sofrimentos atrozes que se arrastam por longos períodos, às vezes, por anos, ou até mesmo pela vida toda, podendo levar à morte.

Em outras ocasiões, faz-se um pedido legítimo, que pode até ser material. Uma pessoa em vias de perder a sua casa, por exemplo, pede a ajuda de Deus para que isso não aconteça, ou para evitar uma falência; alguém precisando desesperadamente arrumar um emprego para sustentar a família, com filhos pequenos; um negócio que se precisa muito fechar, no qual se investiu todos os recursos e esperanças, ou ainda a vitória em uma causa judicial, o casamento com uma pessoa que se ama verdadeiramente.

Reza-se, fazem-se novenas, promessas, votos, romarias, jejuns, penitências, e o pedido não é atendido. Pede-se e não se obtém. Busca-se e não se encontra a coisa buscada. Bate-se, e a porta não se abre.

É difícil manter a fé diante das adversidades

Manter a fé não é uma coisa fácil, é uma luta de todos os dias, pois as tentações são muitas e as ilusões criadas para nos confundir aumentam cada vez mais; com isso, torna-se maior o número de descrentes. No entanto, manter a fé em circunstâncias normais, quando tudo vai bem, é algo que se faz de bom grado. O difícil é manter a fé diante das adversidades, principalmente diante do silêncio de Deus e de suas aparentes recusas em nos ajudar.

Diante de situações assim, sempre penso nos santos, que atravessaram grandes desertos e muitas provações, sem desanimar, sem abandonar a fé e, principalmente, sem questionar a Deus. É certo que essas almas iluminadas tenham se entristecido, e, em alguns momentos, podem até ter sentido algum abatimento, mas não se desesperaram e nem abandonaram a Deus porque as coisas não saíram como gostariam.

Eu reconheço que é difícil. É dolorido. Chega a ser desalentador acreditar numa promessa que não se cumpre, pois as palavras de Jesus são claras e estão nas Sagradas Escrituras, não se trata de livros apócrifos e nem de invenção humana: “Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, se abrirá” (Mt 7, 7-8).

Deus não mente e nem se contradiz

Então, se está escrito, e com tanta clareza, por que Deus não nos atende todas as vezes que pedimos? Por que Ele nos deixa implorar, clamar, rogar e não nos responde, não nos atende? Será que esse preceito não é para todos? Será que existem filhos privilegiados? Se Deus atende a uns e a outros não, quais são os critérios que usa?

A resposta, meus amigos, está na própria continuação da passagem do Evangelho de São Mateus, “Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão? E, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem.” (Mt 7, 9-11).

Mas, seu Afonso, esses versículos são a confirmação dos primeiros! Jesus está dizendo que nós, sendo homens maus e imperfeitos, damos boas coisas aos nossos filhos e que Ele, sendo Deus, também as dará a quem lhe pedir. Sim, parece que é exatamente isso que a passagem bíblica diz, mas notem que há um adjetivo que faz toda a diferença: boas coisas. “Vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem.”

Não sabemos o que há…

Devemos ter muito claro que vemos imperfeitamente, e aquilo que pedimos a Deus, mesmo que nos pareça uma coisa excelente, pode não ser uma coisa boa; pode ser algo momentaneamente bom, mas que porá em risco a salvação da nossa alma, e isso é algo que não podemos ver, porque temos escamas em nossos olhos. Precisamos lembrar também das palavras do Apóstolo Paulo: “Tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus”. (Rm 8,28). E, quando ele diz tudo, é tudo!

Não importa o que você buscou e não encontrou, o que você pediu e não obteve e o quanto você bateu, até esmurrou a porta, e ela não se abriu. Fique em paz, você não sabe o que tem do outro lado da porta. Deus sabe.

É certo que um dia veremos claramente, e então compreenderemos de quantas armadilhas Deus nos livrou, de quantas situações difíceis e perigosas Ele nos retirou e o quanto deve ter doído para Ele nos manter enfermos a fim de evitar que caíssemos em pecados que poriam tudo a perder se fosse restituída a nossa saúde. Ter visto nossa derrota onde esperávamos triunfo, ter-nos mantido sós quando havia alguém a tão pequena distância… Nós vemos a porta. Deus vê muito além dela.

Por Afonso Pessoa

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