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Todos os caminhos levam a Roma, mas apenas um leva ao Céu

Muitas vezes o homem não se contenta com o simples e parte à procura do rebuscado, do complexo, do que parece mais bonito e, quando se dá conta, está preso num labirinto de espelhos que projetam reflexos distorcidos e do qual não consegue se libertar.

Foto: Vladislav Babienko/ Unsplash

Foto: Vladislav Babienko/ Unsplash

  Redação (15/11/2023 16:43, Gaudium Press) A prática da obediência é uma das virtudes mais difíceis de se cumprir. Primeiro, porque, para obedecer, precisamos prestar atenção às instruções recebidas, e até mesmo anotá-las se tivermos dificuldade para memorizar. Em seguida, precisamos confiar em quem nos dá essas instruções e, por último, termos a humildade e a coragem de abrir mão da própria vontade.

Se fizermos uma enquete perguntando às pessoas se querem ir para o Céu, é provável que 100% delas respondam que sim, até mesmo aquelas que nem acreditam na existência do Céu, porque é inerente ao ser humano desejar a recompensa e sonhar com um final feliz.

Então, o que faz com que muitos de nós se percam no caminho? Quantos são os que podem responder com sinceridade: “Minha vida é muito simples, meu caminho é reto e eu sou feliz?” Poucos, muito poucos.

A maioria está envolta em problemas que parecem maiores, mais complexos e mais numerosos que as estrelas do céu. Deparamo-nos com cada situação que chegamos a ficar incrédulos. Não incrédulos no sentido de não acreditar em Deus, mas de não acreditar como uma pessoa pode vivenciar determinadas situações.

Quantas mulheres vivem relacionamentos abusivos, fora do casamento, com homens que as maltratam, que as exploram, que as traem, que batem nelas? Contudo, permanecem ali, fiéis àqueles relacionamentos fora da lei de Deus, perigosos e sem futuro.

Há jovens que acompanham falsos amigos que os arrastam para a perdição. Veem o que está acontecendo, olham para os lados e percebem que aquele lugar no qual estão penetrando está cercado de abismos por todos os lados. No entanto, permanecem ali, até serem tragados por esses abismos.

Quantas moças e rapazes que frequentam boas escolas, fazem faculdade, têm boas famílias, ambiente saudável em casa, mas vão se afundando, se afundando e, quando dão por si, estão morando na rua, comendo resto de lixo e bebendo água da enxurrada. Estão pedindo, estão roubando, estão se prostituindo, tomados pelas drogas, numa vida sem sentido e sem solução.

Pequenos tiranos domésticos

O que dizer de pais e mães que mimam seus filhos e não lhes dão nenhuma correção e que acabam sendo dominados por pequenos tiranos domésticos, que decidem tudo em casa e não permitem que os pais tenham paz?

Para amenizar um pouco as suas consciências e justificar a total falta de autoridade sobre esses rebeldes, esses pais tendem a aceitar diagnósticos com outros títulos para nomear a perda de controle e a falta de educação dos seus filhos.

Perda do controle financeiro e da saúde

O que pensar de tantas pessoas endividadas, sem dinheiro, desesperadas? Não por terem tido alguma emergência que os levou a gastos extraordinários, porém necessários, mas quase sempre pela simples falta de controle, pelo hábito nocivo de gastar mais do que se ganha e de usar o dinheiro antes de receber, metendo-se em dívidas que se tornam bolas de neve.

Vão à igreja e, com muita dificuldade, colocam uma moeda dentro da sacola de ofertas, entretanto, gastam centenas e milhares de reais, ludibriados por ofertas de negócios lucrativos e imediatos, não resistindo ao canto da sereia…

A menos que a pessoa seja herdeira de uma grande fortuna ou ganhe na loteria, não existem fórmulas mágicas para enriquecer rápido (a não ser o ato de vender essas fórmulas!). Mas ir à falência, perder o que se tem e ficar muito pobre, isso sim, pode ser muito rápido.

Existem pessoas com sérios problemas de saúde porque se alimentam mal, dormem pouco, não se exercitam e abusam de substâncias nocivas. Pessoas que deveriam estar vendendo saúde, mas que arrastam dolorosas doenças perfeitamente evitáveis, apenas porque não conseguem ter domínio sobre seus hábitos e suas ações.

Atalhos e desvios

E agora, entremos no campo espiritual. Quantos desvios nesta área! Às vezes, analisando a vida de uma pessoa, vê-se claramente um caminho estreito, mas reto, límpido e direto, todavia ela está embrenhada na floresta, ferindo-se em touceiras de espinhos, afundando-se em brejos e pantanais ou muitas vezes perdida no alto de montanhas de pedras escarpadas, onde não há nada e nem mesmo trilhas visíveis para retornar.

Na nossa vida, só existe um caminho que deveria ser percorrido por todos, mas o é por muito poucos. Jesus no-lo indicou quando afirmou que o caminho que leva ao Céu é estreito, enquanto o que leva à perdição é largo. Quando disse que era estreito, não mencionou que era sinuoso, escuro, cheio de armadilhas e obstáculos, buracos, pontes quebradas e trechos intransponíveis.

 Entretanto, é um caminho a ser percorrido palmo a palmo, légua a légua. É um caminho de direção certa, um caminho no qual anjos nos conduzem, e sobre o qual almas santas deixaram as suas pegadas para nos servirem como marcos de direção.

Não carregar peso e coisas supérfluas

E como fazer para percorrer esse caminho? Levantar de manhã, agradecer pelo dom da vida, por mais um dia, pela família, pelo trabalho, pela saúde, pelo alimento, pelas oportunidades, pelos desafios; não procrastinar, mas desfiar as contas do Rosário, como quem vai jogando pétalas de rosas sobre os próprios passos e seguir adiante.

Para esse percurso, usemos como bússola os ensinamentos das Sagradas Escrituras e a palavra de Deus. Não carreguemos muito peso e nem levemos na bagagem coisas supérfluas. Admiremos os pássaros que cantam nos galhos das árvores e as borboletas que pousam nas flores que margeiam certos trechos do caminho, mas não vamos atrás delas, não nos embrenhemos na mata perseguindo ilusões. Tenhamos sempre um pedaço de pão a mais para partilhar com quem tem fome.

O seu destino é o Céu

Trata-se de um caminho que cada um percorrerá no seu próprio ritmo, sem que se precise fazê-lo só, pois sempre haverá companhia: companhia humana e companhia divina. E, por ser um caminho reto, nunca nos faltará a direção.

Uma coisa que não deveria ser feita, mas que acontece, e muito, é o pernicioso hábito de tomar atalhos: ou por achar que a estrada é longa e está muito monótona, ou por se incomodar com o silêncio; por ter medo que ela se afunile ainda mais, e desejar encontrar uma estrada mais larga ou se aventurar no desconhecido. Ou ainda por querer chegar mais rápido ou acreditar que, tomando certos atalhos, poderá garantir ficar mais tempo por aqui.

Bem, não importa quantas aventuras e desventuras você já tenha vivido, quantos desvios e atalhos já tenha tomado, quantos caminhos errados já tenha percorrido. O seu destino é o Céu e, como diz um velho ditado, todos os caminhos levam a Roma, mas apenas um leva ao Céu.

É um caminho reto, estreito, simples e muito iluminado. Este caminho tem nome e o seu nome é Jesus. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Fora dEle, não há absolutamente nenhum meio de se chegar ao seu destino. Você pode até tentar, mas só vai conseguir quando se render a este amor sublime, profundo e incomensurável. Ele é o caminho, o percurso e o destino e, fora dEle, só há desengano, choro e ranger de dentes.

Por Afonso Pessoa

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