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Paquistão: Alegria dos cristãos em meio à opressão e perseguição

Os cristãos no Paquistão são marginalizados e condenados a lutar pela sobrevivência, mas veem na Igreja e na Eucaristia um grande sinal de esperança.

Foto: Roman Catholic Faith in Pakistan/ Facebook

Foto: Roman Catholic Faith in Pakistan/ Facebook

Redação (04/06/2023 10:15, Gaudium Press) Após uma viagem ao Oriente Médio, John Pontifex, chefe de imprensa e relações públicas da ACN (Ajuda à Igreja que sofre), no Reino Unido, escreveu um artigo no Catholic Herald, relatando as dificuldades dos cristãos no Paquistão.

Ele se encontrou com duas enfermeiras – Mariam Lal, de 54 anos, e Newosh Arooj, de 21 – que, há dois anos, estão sendo julgadas por blasfêmia, cuja pena prevê prisão perpétua por profanação do Alcorão.

Elas explicaram que estavam de plantão como enfermeiras em uma ala psiquiátrica no Hospital Civil – um estabelecimento do governo em Faisalabad – quando foram acusadas de blasfêmia. Tudo aconteceu quando uma paciente lhes entregou parte de um adesivo que ela havia arrancado de um armário de remédios. O adesivo incluía um verso do Alcorão. Na manhã seguinte, apareceu uma multidão querendo linchá-las.

Pesquisas mostram que um número desproporcionalmente alto de casos de blasfêmia no Paquistão envolve cristãos. Das 1.550 pessoas acusadas de blasfêmia 238 são cristãos, apesar de estes representarem menos de dois por cento da população.

Na capital do Paquistão, os cristãos moram apinhados numa favela, próxima a um esgoto aberto da cidade. O governo queria mudar a comunidade para reurbanizar a área – um local privilegiado não muito longe do centro da cidade – mas o que o impede é o fato de as famílias trabalharem nas indústrias mais mal pagas de Islamabad, trabalhando em esgotos, ou como empregadas domésticas, faxineiras e operárias de fábricas, incentivando seus filhos a ingressarem no mercado de trabalho para aumentar a renda familiar.

Em todas as dioceses, os bispos estão elaborando novas estratégias para permitir que suas comunidades – especialmente os jovens – se concentrem na educação e na formação para entrar na universidade e conseguir melhores empregos. A Ajuda à Igreja que Sofre está apoiando programas de bolsas de estudo para acesso à escola e ao ensino superior, ajudando famílias pobres, especialmente aquelas com filhos que têm potencial para ter sucesso.

No entanto, não é apenas a pobreza um obstáculo para obter uma educação. Nas escolas ou universidades, os cristãos são estigmatizados e há até espancamentos visando à conversão forçada. A situação das mulheres jovens continua a ser particularmente difícil, porque, além da religião, o seu gênero também lhes traz discriminação. Frequentemente elas são sequestradas, convertidas à força ao Islã ou ao casamento forçado, no qual geralmente ocorre o abuso sexual.

Apesar desta situação difícil, os cristãos permanecem unidos, encontram esperança na fé e pura alegria no seu compromisso com Cristo e com a sua comunidade. Com efeito, 85% dos fiéis assistem à missa dominical. “As pessoas veem na Igreja e na Eucaristia um grande sinal de esperança em meio a todas as suas dificuldades”, ressaltou o Bispo Dom Sebastian Shaw.

Fustigada e ferida por muitos reveses, discriminações e episódios de perseguição, a fé do povo é a garantia mais segura de esperança em um tempo de renovadas incertezas, escreveu João Pontifex.

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