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Avança Causa de Beatificação de sacerdote perseguido por nazistas e comunistas

Padre Adolf Kajpr “sabia o que significa dizer a verdade”, quis transmitir a mensagem inalterável de Cristo e por isso foi martirizado.

Padre Adolf Kajpr “sabia o que significa dizer a verdade”, quis transmitir a mensagem inalterável de Cristo e por isso foi martirizado.

Redação (14/01/2021, 15:05,  Gaudium Press) Acaba de ser dado um passo importante na causa de beatificação do sacerdote jesuíta e jornalista tcheco Adolf Kajpr: foi concluída a fase diocesana do processo.

A fase diocesana do processo de beatificação começou em setembro de 2019, depois que o Cardeal Duka obteve o consentimento do bispo da diocese onde Pe. Kajpr morreu na Eslováquia e foi concluída no último 4 de janeiro.

Na ocasião, o Cardeal Dominik Duka, Arcebispo de Praga, presidiu a uma Celebração Eucarística e destacou em sua homilia a afirmação de que “Adolf Kajpr sabia o que significa dizer a verdade”.

Padre Kajpr “é um mártir que morreu rindo”, afirmou o vice postulador da Causa de Beatificação

De acordo com informações da província jesuíta tcheca, o vice postulador da causa de Canonização, Vojtech Novotny, salientou que o dossiê enviado ao Vaticano contém documentação suficiente para provar que o Pe. Kajpr morreu mártir.

 “Que todos saibam como é inebriante e belo esforçar-se no serviço de Cristo, passar tempo nele naturalmente e com um sorriso, literalmente como uma vela sobre o altar” foram palavras do Pe. Kajpr que Vojtech Novotny recordou durante a cerimônia encerramento da fase diocesano do Processo de Canonização.

O vice postulador historiou também que “os nazistas e os comunistas tentaram eliminá-lo através da prisão, onde morreu em consequência desta tortura.
Seu coração enfraquecido não aguentou mais quando em meio à perseguição ele sorriu alegremente”.

A importância que dava aos jornais como um modo de levar as pessoas a conhecer a “mensagem inalterável de Cristo”

O vice postulador recordou a importância que o sacerdote jesuíta tcheco dava à publicação de jornais como um modo de poder levar as pessoas a conhecer a “mensagem inalterável de Cristo”.

Pobre, órfão de pai e mãe, não pode estudar, foi sapateiro, seminarista, sacerdote jesuíta  

Adolf Kajpr nasceu em 1902 no atual território da República Tcheca. Seus pais morreram no lapso de um ano, deixando-o órfão com apenas 4 anos. Uma tia o criou e também os seus irmãos. Foi ela que o introduziu na Fé católica.

Devido à pobreza da família, foi forçado a abandonar a escola e trabalhar como aprendiz de sapateiro quando adolescente. Depois de completar dois anos de serviço no exército da então Tchecoslováquia, ingressou em uma escola secundária em Praga, administrada pelos jesuítas.

Ingressou no noviciado jesuíta em 1928 e foi ordenado sacerdote em 1935. Serviu na Igreja de Santo Inácio, em Praga, e ensinou filosofia na escola diocesana de teologia.

Entre 1937 e 1941, foi editor de quatro revistas. Suas publicações logo chamaram a atenção da Gestapo, que repetidamente o repreendeu por seus artigos, até que foi preso em 1941.

Crítico feroz e considerado inimigo tanto de nazistas quanto de comunistas

Por sua atuação foi preso depois de publicar diversas revistas nas quais criticava os nazistas.

Uma edição de 1939 os irritou de modo especial por ter uma capa onde se via Cristo derrotando a morte, que era representada com símbolos do nazismo.

Pe. Kajpr esteve em vários campos de concentração como Terezín, Mauthausen e Dachau, onde esteve até 1945.

Em 1950, cinco anos depois de ser libertado do campo de concentração de Dachau, o sacerdote foi preso pelas autoridades comunistas em Praga e condenado a 12 anos em campos de trabalhos forçados por escrever artigos “sediciosos”.

Ele havia voltado para Praga onde retomou a docência e as publicações.

Nessa ocasião, criticava o comunismo marxista e foi por isso que as autoridades comunistas o prenderam em 1950 e o condenaram a 12 anos em campos de trabalhos forçados ou gulags, que na prática eram prisões.

Por vários anos foi uma figura importante na sociedade tchecoslovaca.

Segundo o vice-postulador, quem conviveu com ele nesta fase afirma que o sacerdote exerceu o seu ministério em segredo e ensinou filosofia e literatura.

Morreu em um campo de trabalhos forçados mantido pelos comunistas em Leopoldov

Pe. Kajpr morreu no hospital do campo de trabalhos forçados de Leopoldov em 17 de setembro de 1959, após sofrer duas paradas cardíacas.
Uma testemunha disse que, quando morreu, o sacerdote estava sorrindo.

A Rádio Praga Internacional cita comentário do jesuíta e historiador Miroslav Herold, que comenta: “imediatamente após sua morte, as pessoas ao seu redor estavam convencidas de que Kajpr tinha sido um mártir do regime. Um mártir que morreu por suas convicções”. (JSG)

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