Monte Tabor, figura da futura glória
Redação (Sexta-feira, 14-03-2014, Gaudium Press) – A seguir transcrevemos os comentários do Evangelho de São Mateus (17, 1-9) que será proclamado no próximo domingo, 16 de março. São palavras de Dom Antônio Carlos Rossi Keller, Bispo da diocese de Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul.
“No primeiro Domingo da Quaresma consideramos a luta de Jesus com o tentador, no deserto. Essa página bíblica recorda-nos que Cristo combateu, recusando aproveitar-se da sua condição divina. Jesus humilde, discreto, pobre, passando fome, tentado como um homem qualquer. Hoje contemplamos a sua divindade oculta pela sua humanidade.
Nos Evangelhos este episódio aparece numa altura em que Jesus se aproxima do fim da sua missão. No princípio, grandes multidões O seguiam, mas agora Jesus começa a exigir uma verdadeira fé. Ele é o Messias. As obras que realiza revelam o seu poder divino, mas Ele não é o Libertador glorioso e triunfalista. Ele identifica-se com Servo sofredor de que fala Isaías. As autoridades judaicas recusam-no, armam-lhe ciladas e querem dar-lhe a morte. Jesus afasta-se da Judeia, dedica-se à formação dos Apóstolos. Depois da profissão de fé feita por Pedro, Jesus fala abertamente da sua morte em Jerusalém (Mateus 16,21). Pedro rejeita este plano, mas Jesus está determinado e fala da Ressurreição e da glória, que virá após a morte de Cruz. «Vereis o Filho do Homem com os seus Anjos na Glória do Pai!» (Mateus 16, 27-28). Seis dias depois se dá este maravilhoso episódio da Transfiguração. A presença de Moisés e Elias, a nuvem luminosa, a voz do Pai, o rosto de Jesus transfigurado, todo este cenário de manifestação gloriosa ensinará os discípulos que é pelo trabalho que se chega ao descanso, pela luta que se chega à vitória, pela morte que se chega à ressurreição. É morrendo que se ressuscita para a vida Subamos com Jesus ao Monte Tabor. Subir implica esforço. O horizonte visual é cada vez mais amplo, o ar mais fresco, mais puro. Há um grande silêncio lá no alto. Lembremos que a montanha simbolicamente remete para o sagrado. Permite o isolamento, favorece a contemplação. Deus deixa-se ver quando estamos sós, faz-nos ouvir a sua voz quando fazemos silêncio.
«Jesus transfigurou-se diante deles!» Pedro, Tiago e João, as futuras colunas da Igreja, viram o seu rosto luminoso, «brilhante como o sol». Viram Moisés e Elias, falando com Jesus. Ouviram a voz do Pai. Ficaram bem confirmados: «Este é o meu Filho! Escutai-o» Jesus antecipa-lhes a experiência da glória futura, deixando-lhes ver o fulgor do seu rosto ressuscitado. Quis fortalecer com a visão da glória aqueles que também viriam a ser testemunhas da sua humilhação na agonia do Getsemani. Para não sucumbirem com o peso do sofrimento provocado pela humilhação da sua santa humanidade na Agonia, no Jardim das Oliveiras; para não desfalecerem com a crueldade e violência da paixão que culminará na Crucificação, fortaleceu-os primeiro com a visão da sua divindade, no Monte Santo. Compreenderão, mais tarde, que «era necessário que o Messias sofresse a morte para entrar na glória da Ressurreição». Sobretudo, S. Pedro que também terá dias de luta, de sofrimento, durante a sua vida apostólica, recordará sempre o mistério da transfiguração do Senhor no cume do monte santo (2Pedro1,18).
A Transfiguração aparece após o anúncio da Paixão. Todos os Domingos podemos subir a montanha para contemplar Jesus ressuscitado e escutar a sua Palavra, para descermos à vida quotidiana cheios de força divina para enfrentar os muitos problemas. Nesta Quaresma, para escutar melhor a voz de Deus que nos fala no silêncio do nosso recolhimento, teremos algum tempo de retiro?”
Gaudium Press – Com informações Diocese de Frederico Westphalen
Deixe seu comentário