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Uma arma quase invencível, …quando bem usada

Redação – (Quinta-feira, 26-09-2013, Gaudium Press) – A vida espiritual, sobretudo na sua fase primaveril, oferece-nos alegrias verdadeiramente indescritíveis para o vocabulário humano. É uma oração que nos encanta, uma adoração ao Santíssimo Sacramento na qual nos sentimos atendidos. Será, talvez, o contato com uma pessoa na qual vemos refletidas as perfeições do próprio Deus… Enfim, são torrentes de graças que nos são distribuídas pela bondade de Deus e que nos preparam à luta. À luta, sim, pois militia est vita hominis super terram – a vida do homem sobre a terra é uma luta -, segundo nos ensina Jó (7, 1).

Porém, como em toda guerra, é necessário atacar e defender-se. Atacar os defeitos e defender-se das insídias do demônio. E, para isso, a Divina Providência pôs à disposição de todos, uma arma quase invencível, quando bem usada: o exame de consciência. Como fazê-lo bem?

Grandes doutores e espiritualistas – Santo Inácio de Loyola, o Pe. Alonso Rodríguez e outros – no-lo indicam: recomendam eles o exame de consciência particular, ou seja, aquele no qual analisamos apenas um de nossos os defeitos e fazemos todo o possível para dele nos corrigir.

Mas não seria mais útil fazer isso com todos defeitos que notamos em nós mesmos? Veremos…

Todo homem pode ser comparado a uma fortaleza governada por um rei. Ela está sempre cercada por um inimigo que a rodeia procurando alguma brecha pela qual possa entrar. Se não a encontra, vai, sem dúvida, esquadrinhá-la a fim de encontrar um ponto vulnerável no qual concentrará todos os tiros de seus canhões com a intenção de invadi-la. Por isso é necessário fortificar a parte fraca com muito mais empenho do que as partes nas quais é suficiente uma boa vigilância. Do contrário a derrota é certa.

Isto é o que se dá, analogamente, conosco. A fortaleza é a nossa alma, as muralhas são as virtudes e o Rei é Deus que habita em nós pela Graça Santificante. Estamos sempre cercados por nossos inimigos – os demônios – que, por assim dizer, procuram alguma lacuna nessa fortificação, ou seja, as nossas más tendências, na qual empregará todos os seus ardis. E a nossa obrigação é fazer tudo para defender o Rei, começando por robustecer a virtude que julgamos mais fraca em nós – o que não é tão difícil de desvendar… Isto feito – com os meios que o próprio Soberano de nossa alma nos dá – o demônio terá um poder muito menor sobre nós.

Solidificando uma virtude, todas as outras lucram, pois elas são irmãs. Vigiando pouco ou cedendo em pequenos pontos, nossa vida espiritual corre o risco de ser, cedo ou tarde, levada à ruína.

Eis aqui a sugestão de um método para aqueles que desejam fazer um exame sério, honesto e frutífero:

1) Descobrir em nós mesmos um defeito moral que particularmente nos dificulta a perfeita prática da virtude e escolhê-lo como matéria de exame particular. Nessa escolha, devemos dar prioridade aos defeitos que possam ofender ou desedificar os irmãos.

2) Realizar o exame diariamente antes de dormir – ou inclusive outras vezes durante o dia, caso seja possível – de preferência em locais recolhidos, do seguinte modo:

a) Pedir graças para bem reconhecer os defeitos e deles fazer um bom exame.

b) Analisar o dia, vendo as falhas cometidas contra as virtudes que procuramos fortificar.

c) Pedir forças para deles nos emendar, e para fazer e cumprir bons propósitos.

Tomemos como exemplo a belíssima virtude da Obediência. Poder-se-iam fazer os seguintes propósitos para fortalecê-la, como aconselha o Pe. Alonso Rodríguez:

1) Ser pontual na obediência exterior: à ordem do superior, interromper trabalhos começados, deixando-os para depois. Procurar cumprir a vontade do superior sem mesmo esperar ordem expressa;

2) Obedecer de coração, tendo uma mesma vontade e querer com o superior;

3) Ter sempre o mesmo parecer do superior, nunca dar lugar a razões contrárias àquelas que nos manda;

4) Tomar a voz de todo e qualquer superior como se fosse a voz do próprio Deus;

5) Obedecer cegamente, isto é, sem procurar inquirir ou examinar o porquê da ordem dada, bastando para obedecer a obediência;

6) Colocar todo o gosto em obedecer e não em fazer a própria vontade.

Evidentemente, para a confissão o exame de consciência deve ser geral, apontando todos os pecados para deles receber o perdão.

Peçamos, pois, à nossa Mãe celestial a graça de um perfeito uso dessa arma quase infalível. Assim, cresceremos na união com Seu Filho, com Ela e com todos os santos e, no final de nossos dias nesta Terra poderemos dizer como São Paulo: “Combati o bom combate, guardei a fé: dai-me agora o prêmio de Vossa glória”. (II Tim 4, 7-8)

Rodrigo Fugyama – Instituto Teológico São Tomás de Aquino

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