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Tão belo e tão feio

Redação (Quinta-feira, 18-07-2013, Gaudium Press) Considerações e reversibilidades podem ser feitas em qualquer ocasião. Elas não serão um mero diletantismo se delas pudermos tirar conclusões imateriais, metafísicas e filosóficas, e as aplicamos a nossa vida. O artigo que hoje publicamos não será uma perda de tempo. Leia-o:

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Marcam os sinos Meio-dia.

O intervalo terminou há meia-hora, o céu está maravilhosamente luzidio, e as aulas continuam… Os empregados deixam o trabalho para irem almoçar, e o silêncio se faz ouvir em todos os recantos. A única palavra com a qual podemos definir aquele sentimento é a “monotonia”.

Contudo, algo parece nos distrair por alguns instantes, fazendo-nos abstrair do mundo que nos circunda, e elevando-nos a atraentes considerações metafísicas.

Qual não foi o homem que desde a primeira vez em que olhou para o céu não sentiu curiosidade em saber o que era um pontinho negro no meio da vastidão do céu azul disputando lugar com as nuvens?

Encantador no ar, horripilante na terra, o urubu possui uma peculiaridade que poucas aves possuem: o de ser belo e feio. Esta afirmação parece causar-nos certa surpresa, pois, como algo pode ser ou não-ser ao mesmo tempo?

Embora nosso princípio de contradição nos diga ser isto impossível, o nosso caro leitor terá que concordar conosco ao desenrolar desta reflexão.

O urubu possui, de fato, algumas peculiaridades raras, mas, lembremo-nos que é este mesmo animal hediondo quem “varre” o céu com o seu vôo espetacular, causando nos homens a sensação de que ele, no céu, se faz um com o ar.

Contudo, o leitor deve se perguntar qual o motivo de tratarmos desses assuntos em agências de notícias tão importantes, como a Gaudium Press!?

Deus dispôs a ordem da Criação de tal maneira que nela encontramos refletido o seu Criador, facilitando ao homem elevar-se na consideração dos planos divinos.

Desse modo, o urubu não apenas sana áreas, evitando com isso qualquer doença que possa ser adquirida pelos homens, mas também e sobretudo, nos concede um momento de reflexão quando contemplamos um ponto negro que ao longe vai “escorregando” por este imenso céu que Deus plasmou e formou com dedos de
artista, nos fornecendo, assim, uma grande lição de vida.

Alguns se questionarão: “Que lição de vida pode nos dar uma ave que é ao mesmo tempo muita feia e muito bonita!?”

É uma pergunta que muitos se fazem, porém nem todos respondem.

O urubu quando ultrapassa os limiares mais distantes das alturas celestes representa, num prisma filosófico, a sociedade quando é ordenada e, sendo ordenada, mais próxima do seu fim último que é buscar o Absoluto, buscar Deus, como diz o Papa João Paulo II numa de suas Encíclicas: Todos os homens, na Terra, são peregrinos do Absoluto.

Entretanto, deparando-nos com revoluções e convulsões na sociedade por um lado, e consequentemente com uma enorme carência de regras morais e econômicas, essa sociedade, infelizmente, não mais nos encanta com o seu “vôo”, mas sim nos aterroriza com seu horrível aspecto.

Ora, mutatis mutantis, isso também se aplica aos indivíduos. Quando uma pessoa está buscando a perfeição, a semelhança com seu Criador, a santidade, ela assemelha-se ao urubu quando o avistamos no céu; porém, quando a pessoa abandona e desiste do caminho da perfeição, da santidade e, pelo contrário, aproxima-se mais das coisas terrenas e superficiais, torna-se semelhante a esse animal quando o avistamos descendo do maravilhoso céu azul no qual vivia, caminhando desengonçado e infectando-se com as imundícies da Terra.

Eis aqui um exercício de reversibilidade e de transcendência, pelo qual, analisando as coisas materiais, tiramos conclusões imateriais, metafísicas e filosóficas, e aplicamo-las às nossas vidas.

Notem, este exercício pode ser executado em qualquer momento… até mesmo durante uma aula…

Danilo César – Instituto Teológico São Tomás de Aquino

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