Até onde vai o segredo de Confissão?

Redação – (Segunda-feira, 05-08-2013, Gaudium Press) – Neste mês das vocações, quando a Igreja recorda os diversos chamados que Deus faz ao homem, a vocação para o sacerdócio ordenado sobressai-se pela sua abnegação e serviço.

Um fato pode servir de medida até onde chega a entrega e comprometimento de um homem à vocação que Deus lhe fez:

Estamos na Quaresma de 1873, na capital da Filha Primogênita da Igreja, Paris. Em uma das mais importantes igrejasda capital, tem-se a possibilidade de encontrar um grande sacerdote desenvolvendo uma pregação sobre o segredo de Confissão para os mais variados tipos de pessoas: nobres e plebeus, cultos e ignorantes, devotos e incrédulos.

Contudo, três incrédulos, não acreditando no que dizia aquele fogoso pregador, decidem colocá-lo a prova:

– Será que ele guardará um segredo de Confissão até mesmo se for necessário sacrificar sua própria vida?

Todos são unânimes em dizer que ao chegar a este ponto, cederá. Então, combinam tudo o que iriam fazer para colocar este ministro de Deus à prova.

Algumas horas mais tarde, chegam dois dos infiéis desesperados para o padre dizendo:

– Senhor padre! Queira nos fazer a bondade de entrar no carro e nos acompanhar até a casa de nosso amigo, pois está mal à morte.

O sacerdote, sem titubear, entra no veículo. Um dos homens pede permissão para vendar-lhe os olhos, porque não queria que visse o caminho. O que ele consentiu.

Depois de passados 30 minutos de percurso, é chegado ao destino. Ao descer do carro, conduzem-lhe pela a escadaria de um palacete até o quarto do doente, pois, apesar de já estarem no lugar, não lhe desvendam os olhos. Ao ser levado rapidamente para o leito do pseudo moribundo, o atende em confissão.

Terminada a ministração do Sacramento da Penitência, os dois companheiros do enfermo, entram no quarto e obrigam ao padre a descer por uma escadaria, a qual leva para o subsolo da moradia.

Ao encontrar-se neste ressinto da casa, retiram a venda do sacerdote e ameaçam-lhe com duas pistolas carregadas e armadas:

– Se não nos contar o que acabas de ouvir na confissão, morrerá!

– Trata-se de um segredo de Confissão. Portanto, não será revelado. Responde o ministro de Deus.

– Deixe de bobagens! Aqui ninguém nos verá e nem ficará sabendo o que se passará! Fale ou morrerá!

– Se é assim, estou em vossas mãos; podem disparar o quanto queiram. Deus será testemunha que minha missão foi cumprida.

Ao terminar de dizer estas palavras, o padre abre os botões da batina, a qual portava, coloca-se de joelhos e lhes apresenta o peito para que comecem a atirar.

Os dois homens impios, ao verem tamanha coragem do sacerdote oferecendo a própria vida para defender um segredo, levantam-no e começam a pedir-lhe perdão pelo o que haviam feito, dizendo que agora realmente acreditavam que a religião Católica é realmente a verdadeira e que gostariam de se confessarem para pedir perdão à Deus por tudo o que tinham feito.

Assim sendo, vemos com este fato que muitas vezes, ao nos dirigirmos ao confessionário, o demônio pode nos tentar por essa via, principalmente no período de Quaresma, onde ele vê que muitas pessoas lhes saem das garras por causa do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo derramado por cada um de nós. Então, o demônio, por possuir inteligência angélica, nos impõe esses maus pensamentos para que não nos beneficiemos desse Preciosíssimo tesouro. Portanto, devemos sempre ter diante de nossos olhos que todos os sacerdotes da face da terra estão debaixo deste mesmo segredo de confissão e, por este motivo, estão dispostos, se necessário, a entregar sua própria vida para defender os segredos que seus penitentes lhes confiaram.

Tendo bem presente este ódio que os anjos descaídos têm pelo Sacramento da Confissão, aproveitemos estes tempos de penitência e de conversão – a Quaresma – para uma vez mais nos beneficiarmos das torrentes de Graças provindas do Sagrado lado de Nosso Senhor Jesus Cristo, derramado para remissão do pecados de cada um de nós.1

Por Danilo César – Teologia

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(1) Fato baseado no livro: Pe. CHIAVARINO, Luiz. Confessai-vos bem. 4º ed. São Paulo: Paulinas, 1943.