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O que lembrar num enterro?

Redação – (Terça-feira, 06-08-2013, Gaudium Press) – “Dos mortos só se fala o bem” afirma o conhecido dito popular.

Contudo, Santo Antônio de Pádua nem sempre agiu desta forma.

Por que não? Acaso faltava ao santo franciscano a caridade cristã?

Vivia na cidade de Florença um homem muito conhecido, célebre e poderoso. A razão de tal reconhecimento, por parte dos concidadãos, não brotava por admiração as suas qualidades ou dons. Sua fama era fruto, unicamente, da enorme fortuna que possuía.

Em outros tempos as pessoas adquiriam fama e poder graças às qualidades de que eram dotadas, entretanto, os Santo Antonio de Padua.jpgflorentinos, naquela época, tinham sido atraídos pelas seduções do dinheiro e, por isso, faziam da figura desse rico um homem poderoso.

Contudo, hélas! Se, ao menos, a fortuna do rico fosse fruto de um trabalho honesto e dedicado!…

O homem era rico de dinheiro, mas pobre de honestidade.

Talvez o único trabalho que nosso personagem teve para alargar sua fortuna foi constantemente aumentar sua usura, fomentar trapaças e “aperfeiçoar-se” em toda espécie de desonestidades financeiras. Aí estava a origem de tanto dinheiro de que era dono, ou se julgava dono.

Apesar da riqueza, o homem não conseguiu comprar a imortalidade, afinal, pode-se afirmar que morre o rico e o pobre igualmente (Veja Eclesiates 3,19).

A morte deste indivíduo tão rico e afamado foi um grande acontecimento na cidade: todas as pessoas queriam prestar seus últimos cumprimentos a tão poderoso personagem.

Por aquela ocasião Encontrava-se pregando, na mesma cidade de Florença, Santo Antônio de Pádua.

Todos imaginaram que ninguém era mais apropriado para fazer a encomendação do corpo, a pregação do enterro do que Santo Antônio. Pois, afinal, suas palavras eram bonitas, agradáveis de serem ouvidas, suas pregações eram famosas e muito concorridas, enfim, ele seria o pregador ideal para a ocasião.

Santo Antônio aceitou, de bom grado, em fazer a homilia da Missa de corpo presente. Ele encontrou a igreja repleta. Parecia que todos habitantes da cidade tinham vindo prestar suas últimas homenagens ao rico senhor. Logo na primeira fileira estava toda a família do falecido que chorava abundantemente a perda do defunto.

Era, sem dúvida, um ambiente muito propício para o santo falar. Ele, que tantas e tantas vezes, havia encantado e fascinado multidões com seus sermões… Sem dúvida, aquele seria um momento inesquecível!

E, de fato, foi.

Santo Antônio parecia tomado de uma especial calma quando começou o sermão. Assembleia estava atenta a cada palavra do padre. Mas, em certo momento a suavidade do pregador, tornou-se áspera. Suas palavras tornaram-se agudas, cortantes e até agressivas. Parecia que sua única intenção era denegrir a imagem do defunto. Ele praguejou contra o apego aos bens terrestres, amaldiçoou aqueles que se entregam de maneira desordenada a busca do dinheiro! E, ainda mais, increpou severamente os meios ilícitos com os quais tantos perdem a alma para ganhar fortunas na Terra!

As palavras do santo aumentavam cada vez mais em severidade e chegaram ao auge de aplicar ao morto às palavras da Escritura: “morreu o rico e foi sepultado no inferno”!

Juntamente com a severidade de Santo Antônio, crescia a fúria dos parentes. Apenas duas atitudes eram possíveis: ou o pregador parava por si mesmo sua pregação ou a família do falecido o forçaria a isso.

O Santo franciscano concluiu sua homilia. Lembrou, antes, as palavras do Evangelho: “Onde está teu tesouro aí está também teu coração!”(Mt 6,21). E finalizou recomendando: Ide, pois, ver onde está o coração dele, e o encontrareis no cofre!

A ordem de Santo Antônio foi rapidamente executada, pois caso o anuncio não fosse verídico, o pregador deveria retratar-se por consideração ao defunto e aos familiares a quem “teria faltado” com a caridade.

Na verdade, em nada houve falta de caridade! Santo Antônio, movido pelo desejo de fazer bem às almas, quis alertar a todos sobre o engano, a falsidade e o pecado que o amor às riquezas pode conduzir.

As pessoas encarregadas de verificar o tesouro do falecido encontraram no cofre um coração ainda ensanguentado que não mais pulsava…

Por este prodígio a pregação ficou famosa e serviu como um bom, verdadeiro e santo conselho para todos os cidadãos.

Em qualquer ocasião é sempre uma boa ocasião para perguntarmos a nós mesmos onde seria encontrado nosso coração, caso Santo Antônio de Pádua fosse chamado a fazer o sermão de nossa Missa de corpo presente.

Como Deus não quer a morte do pecador, ainda há tempo para elevarmos nossos corações ao alto!

Por Filipe de Matos, para a Gaudium Press

 

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