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Olhai as aves do céu… e confie na Providência

Redação – (Quinta-feira, 10-10-2013, Gaudium Press) – Para ensinar os homens a confiar na Providência, quis Deus criar na natureza imagens palpáveis da sua infalível benevolência, como as aves do Céu. Elas “não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros”, mas o Pai celeste as alimenta. Ora, pergunta Jesus, “não valeis vós muito mais que elas?” (Mt 6, 26).picapau-benedito.jpg

Além de nos dar alento nas dificuldades da existência, essa passagem do Evangelho nos facilita contemplar uma das infinitas facetas do Autor da vida, pródigo para com suas criaturas. E nos permite vislumbrar misteriosos reflexos da Eterna Sabedoria ao criar as multidões de aves que “voam sobre a superfície da Terra, debaixo do firmamento dos Céus” (Gn 1, 20). Pois Deus não só lhes dá de comer da farta mesa da natureza, como também predispôs o organismo de todas elas, segundo as diferentes espécies, proporcionando os recursos ideais para procurar sua própria nutrição.

Um atraente exemplo disso nos é oferecido pelo pica-pau, uma das mais curiosas aves do céu. Ele não tem plumagem exuberante nem canto mavioso, mas desperta a admiração de quem tem a agradável surpresa de encontrá-lo, quase sempre solitário, firmemente aprumado no tronco da árvore.

Graças à peculiar disposição das quatro garras de suas patas – duas voltadas para trás e duas para frente – e à cauda rígida, na qual se apoia, este ruidoso habitante das florestas consegue manter-se a prumo em elegante posição, enquanto martela as árvores à procura de alimento. O bico, bem mais forte que das outras aves, lhe permite passar o dia inteiro nesse laborioso forrageio, em extraordinária velocidade, fazendo ressoar pela mata o “toc-toc-toc” característico de sua presença.

Como é próprio a todas as obras saídas das mãos d’Aquele que é a Perfeição, essa intensa atividade diária não causa dores nem incômodos à pequena ave, pois sua cabeça é guarnecida por uma estrutura cartilaginosa que funciona como amortecedor, protegendo o cérebro contra o impacto de tantas vibrações.

A todo esse rico mecanismo natural do simpático marteleiro, acrescenta-se uma apurada capacidade auditiva: ele consegue ouvir o ruído dos insetos e larvas que se abrigam no oco das árvores. Por isso a perfura sempre no lugar certo e captura as presas fazendo uso de sua pontiaguda língua cujo comprimento chega a ser até cinco vezes maior que o bico!

Eis alguns elementos de perfeição da espécie dados pelo Pai celeste ao pica-pau para garantir sua subsistência. Cada um deles nos faz ver um traço da insondável ciência e da infinita bondade de Deus, e nos traz à mente a indagação do Eclesiástico: “Quem será capaz de relatar as suas obras? Quem poderá compreender as suas maravilhas?” (Eclo 18, 2-3).

* * *

Dessa incompreensível maravilha reportemo-nos ao ensinamento de Nosso Senhor Jesus Cristo e confiemos na ilimitada dadivosidade de Deus, que nunca nos desampara. Pois se tal é seu zelo por uma ave, criatura irracional, incomparavelmente maior é seu desvelo pelos homens, criados à sua imagem e semelhança, filhos seus pelo Batismo, chamados a glorificá-Lo, amá-Lo e servi-Lo de modo livre e consciente, na vida terrena e por toda a eternidade.

Entretanto, nos momentos de incerteza e aflição extremas, não nos limitemos a contemplar as aves do céu. Juntemos as mãos em fervorosa prece e dirijamos nosso olhar filial e confiante Àquela que, entre mil outros títulos, é chamada também Mãe da Divina Providência. Por meio d’Ela, o governo de Deus sobre nós se faz “com uma plenitude de carinho, de comiseração, de afeto, que esgota de modo completo tudo quanto o homem possa imaginar”.1

Depois de experimentar essa ação maternal, brota na alma fiel uma pergunta que mais expressa amor do que desejo de saber, verdadeiro hino de gratidão e louvor:

“Que é o homem, Senhor, para Vós, para dele assim Vos lembrardes, e o tratardes com tanto carinho?” (Sl 8, 5). ²

Por Emelly Tainara Schnorr

1 CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Nossa Senhora, Mãe da Divina Providência. In: Dr. Plinio. São Paulo. Ano X. N.116 (Nov., 2007); p.26. – Revista Arautos do Evangelho, Junho/2013, n. 138, p. 50-51

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