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A Rainha de Sabá

Redação – (Segunda-feira, 29/02/2016, Gaudium Press) -Terminada a construção do Templo, Salomão edificou um belo palácio ricamente decorado, para nele residir e administrar a justiça.

Palácio de Salomão

Esse palácio – que recebeu o nome de Floresta do Líbano – tinha “tal grandiosidade, que o ouro, a prata, o marfim e as gemas resplandeciam em cada canto. Essa magnificência, unida à sua grande sabedoria atraía muitos estrangeiros a Jerusalém”.

Salomão mandou fazer um trono de marfim, revestido de ouro. “O trono tinha seis degraus e havia um cordeiro de ouro no encosto. De cada lado do assento havia um braço e dois leões estavam de pé ao lado dos braços. Outros doze leões estavam postos de ambos os lados, nos seis degraus” (II Cr 9, 18-19).

Ele constituiu uma cavalaria composta de 12.000 cavaleiros. E ordenou que fossem confeccionados 200 escudos grandes e 300 pequenos, todos de ouro batido (cf. I Rs 10, 16-17).

Tais escudos “serviam nas épocas solenes como armaduras de aparato para os corpos de elite da guarda do Rei de Israel, e contribuíam para realçar o brilho e a pompa das festas religiosas”. Esse palácio “era, do ponto de vista civil, o que o Templo de Jeová era do ponto de vista religioso.”

Livro dos Provérbios

Tal era a sabedoria de Salomão que ele compôs 3.000 provérbios e 5.000 cânticos (cf. I Rs 5, 12). Tratou sobre vegetais, animais (cf. I Rs 5, 13), e especialmente a respeito dos homens, tudo focalizado sob a perspectiva divina.
Muitas sentenças sapienciais de Salomão estão consignadas no Livro dos Provérbios, o qual assim se inicia: “Provérbios de Salomão, filho de Davi, Rei de Israel”.

Segundo o Padre Darras, quando Homero nascia, no século IX a.C, Salomão já tinha descrito em suas obras todas as maravilhas da natureza, e manifestado as magnificências e a sublimidade de uma poesia, as quais o autor da Ilíada e Odisseia nunca atingiu.

E acrescenta: São Clemente de Alexandria afirma que Platão copiou, em muitas de suas obras, as máximas de Salomão, mas não citou o verdadeiro autor das mesmas…

O Livro dos Provérbios trata de modo especial da educação. “Mesmo abstraindo do valor religioso, a atenção dada à educação neste escrito […] é sumamente importante para toda a humanidade”.

Eis alguns trechos desse Livro:

– “Guarda a minha Lei, como a pupila dos teus olhos” (Pr 7, 2); “o temor do Senhor odeia o mal” (Pr 8, 13);

– “Repreende o sábio, e ele te amará” (Pr 9, 8);

– “Quem observa a disciplina caminha para a vida, quem despreza as correções se extravia” (Pr 10, 17).

“Felizes os teus servos…”

Os ecos da fama de Salomão chegaram até à Rainha de Sabá – no Iemen, provavelmente – a qual, “com numerosa comitiva, com camelos carregados de aromas e enorme quantidade de ouro e pedras preciosas” (I Rs 10, 2), foi visitá-lo. Apresentou-lhe diversas perguntas às quais o Rei, com a sabedoria que Deus lhe concedera, respondeu com exatidão.

“A Rainha de Sabá, quando viu toda a sabedoria de Salomão, o palácio que tinha construído, os manjares de sua mesa, os cortesãos sentados em ordem à mesa, a organização de seus oficiais e as suas vestes, os copeiros, os holocaustos que oferecia na Casa do Senhor, ficou pasmada” (I Rs 10, 4-5). E disse a Salomão que tudo o que ouvira a respeito de sua sabedoria e de sua magnificência não era nem a metade do que comprovara com seus próprios olhos.

Isso mostra como o pulcro, a ordem, o cerimonial atraem as almas para o Altíssimo. Cheia de admiração, a Rainha disse a Salomão: “Feliz a tua gente, felizes os teus servos que gozam sempre da tua presença e que ouvem a tua sabedoria. Bendito seja o Senhor, teu Deus, a Quem agradaste” (I Rs 10, 8-9).

E, tendo um coração generoso, ela deu ao rei grande quantidade de ouro, aromas e pedras preciosas; Salomão também lhe ofertou tudo o que a Rainha pediu, além de um presente régio. Então, ela, acompanhada de seus servidores, voltou à sua terra (cf. II Cr 9, 9-12).

Nosso Senhor evoca a Rainha de Sabá

Increpando os escribas e fariseus, aos quais chama de “geração perversa e adúltera” – isto é, infiel à Aliança que Deus fizera com o povo eleito -, Nosso Senhor afirma:

“No dia do Juízo, os habitantes de Nínive se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão, pois eles mostraram arrependimento com a pregação de Jonas, e aqui está Quem é mais do que Jonas. No dia do Juízo, a Rainha do Sul – ou seja, de Sabá – se levantará juntamente com esta geração e a condenará; pois ela veio dos confins da Terra para ouvir a sabedoria de Salomão, e aqui está Quem é mais do que Salomão” (Mt 12, 41-42).

Que a Santíssima Virgem nos conceda a graça de compreender que a ordem, a disciplina, o cerimonial são ótimos meios de conduzir as almas para o amor de Deus.

Por Paulo Francisco Martos
(in ‘Noções de História Sagrada’ (62))
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1 – SÃO JOÃO BOSCO. História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p.116-117.
2 – DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église depuis la Création jusqu’à nos jours.Paris : Louis Vivès. 1874. v. II, p 477 e 487.

3 – Cf. DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église depuis la Création jusqu’à nos jours.Paris : Louis Vivès. 1874. v. II, p 499, 500 e 519.

4 – BIBLIA SAGRADA – Tradução da CNBB. 8.ed. Brasília: Edições CNBB; São Paulo: Canção Nova. 2008. Nota na p. 762.

5 – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné. 1923, v.II , p. 492.

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