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Saul é proclamado rei

Redação – (Quinta-feira, 05/11/2015, Gaudium Press) – Os israelitas haviam pedido a Samuel que lhes desse um rei. Como o primeiro monarca de Israel foi escolhido?

Boa apresentação e elevada estatura

Havia um homem da tribo de Benjamim, chamado Saul, de boa apresentação e bastante alto: “dos ombros para cima sobressaía a todo o povo” (I Sm 9, 2).

Certo dia, Samuel se preparava para oferecer sacrifícios a Deus, num lugar alto. Como a expressão “lugar alto” aparece várias vezes no Antigo Testamento, convém esclarecer que “os lugares altos, nas proximidades das cidades, serviam para os sacrifícios, acompanhados de banquete; no caso em honra do Senhor, mas em muitos outros casos, dos deuses de Canaã.”[1]

Ora, aconteceu que Saul caminhava por vários lugares, a procura de algumas jumentas de seu pai, que haviam desaparecido; passados três dias, não as tinha encontrado. Deus, então, disse a Samuel que Saul viria consultá-lo sobre esse assunto tão comezinho, e que deveria ungi-lo como rei (cf. I Sm 9, 3-17).

Quando Saul se apresentou, Samuel convidou-o, bem como a seu servo, para um banquete do qual participaram os 30 principais homens da cidade, e os lugares mais importantes foram ocupados por Saul e seu criado; e ao primeiro foi oferecido um prato especial.

Unção de Saul

Após o banquete, Samuel mandou preparar uma cama para Saul passar a noite. Ao raiar do dia, o profeta levou-o até os limites da cidade, tomou um frasco de azeite, derramou-o sobre a cabeça de Saul, dizendo: “Com isto o Senhor te ungiu como príncipe do seu povo, Israel. Tu governarás o povo do Senhor e o livrarás das mãos dos inimigos que o rodeiam” (I Sm 10, 1).

“Essa unção era reservada, entre os hebreus, aos sacerdotes e aos reis; alguns profetas também a receberam – por exemplo, Eliseu (cf. I Re 19,16). Ela simbolizava uma inteira consagração ao serviço do Deus da Aliança e os dons especiais do Espírito Santo, em vista do perfeito cumprimento das funções a serem exercitas.”[2]

Em seguida, Samuel predisse a Saul diversas coisas que lhe sucederiam no caminho de volta para sua casa. Afirmou que na cidade de Gabaá ele encontraria um grupo de profetas, “precedidos por tocadores de harpas, tamborins, flautas e cítaras, também estes profetizando”. E acrescentou: “O Espírito do Senhor virá sobre ti, e profetizarás com eles, e te transformarás em outro homem” (I Sm 10, 5-6).

Por fim, declarou-lhe que, após sete dias, Samuel iria a seu encontro em Guilgal e lhe mostraria o que Saul deveria fazer.

O povo brada: “Viva o rei!”

Regressando para sua habitação, todos os sinais indicados por Samuel se realizaram. Ao chegar a Gabaá, vieram os profetas e Saul começou a profetizar no meio deles; e todos que o conheciam, vendo isso, diziam uns aos outros: “Agora também Saul está entre os profetas?” (I Sm 10, 11). E essa frase se transformou num ditado entre os israelitas.

Esses profetas “pertenciam provavelmente às célebres escolas proféticas organizadas por Samuel”. Eram profetas “não no sentido estrito, como se eles predissessem o futuro, mas ao menos falando e cantando sob um impulso todo sobrenatural”.[3]

Samuel convocou todo o povo em Masfa, e censurou os israelitas por terem rejeitado a Deus e pedido um rei. Depois mandou organizar um sorteio, para que se tornasse manifesto o nome daquele que já fora sido ungido por Samuel; e o sorteado foi exatamente Saul. “Então o povo começou a aclamá-lo e a bradar: ‘Viva o rei! ‘” (I Sm 10, 24). Mas Saul continuou sua vida quotidiana.

Vitória contra os amonitas

Certa ocasião, Saul voltava do campo, onde trabalhara com seus bois, quando ouviu gritos do povo. Ao ser informado que os israelitas choravam devido à terrível ameaça feita pelos amonitas, “Saul foi tomado pelo Espírito de Deus e encheu-se de indignação” (I Sm 11, 6).

Pegou uma junta de bois, retalhou-os e mandou pedaços a todo o território de Israel por mensageiros que diziam: “Assim se fará aos bois de todo aquele que não seguir a Saul e a Samuel” (I Sm 11, 7).

Dessa forma, foram reunidos 330.000 israelitas que, orientados por Saul, atacaram os amonitas e os destroçaram.

Depois, o povo se reuniu em Guilgal e proclamou Saul como rei.

Então Samuel dirigiu a palavra a todos: recordou diversos episódios da História de Israel, e declarou que os hebreus agora tinham cometido um grave pecado contra Deus, ao pedir um rei (cf. I Sm 12, 17).

Hebreus reconhecem que pecaram ao pedir um rei

Era a época da colheita do trigo, quando “nunca chove na Palestina”.[4] O profeta pediu um sinal ao Altíssimo; em seguida houve tão terríveis trovoadas e chuvas que “todo o povo se encheu de medo do Senhor e de Samuel”. Suplicaram a Samuel que intercedesse por eles para que não fossem mortos ali mesmo. E confessaram: “A todos os nossos pecados acrescentamos o mal de ter pedido um rei para nós” (I Sm 12, 19).

Samuel rogou-lhes que não se afastassem do Senhor, mas O servissem de todo o coração, pois do contrário seriam punidos. E acrescentou: “Longe de mim que eu venha a pecar contra o Senhor deixando de orar por vós e de vos mostrar o caminho bom e reto” (I Sm 12, 23).

Que Nossa Senhora nos obtenha a graça de sempre mostrar para as pessoas o caminho bom e reto, livrando-nos assim do pecado de omissão.

Por Paulo Francisco Martos
( in “Noções de História Sagrada” – 48)

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1 1 – BIBLIA SAGRADA – Tradução da CNBB. 8.ed. Brasília: Edições CNBB; São Paulo: Canção

Nova. 2008. Nota na p.310.
2 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v.II ,
p. 250.
3 – Idem, ibidem, p. 251.
4 – Idem, ibidem, p. 258.

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