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Cura milagrosa de Naamã, valente guerreiro

Redação – (Terça-feira, 07/06/2016, Gaudium Press) – Um dos episódios que mostram a grandeza de Eliseu e seu desapego das riquezas foi o milagre que ele operou com Naamã.

“Saiba que há um profeta em Israel”.

Este era chefe do exército do Rei de Aram, isto é, da Síria, “muito estimado e considerado pelo seu senhor, pois foi por meio dele que o Senhor concedera a vitória aos arameus. Mas esse homem, valente guerreiro, era leproso” (II Rs 5, 1).

Os arameus tinham conseguido a “libertação do jugo dos assírios” e também venceram os hebreus, quando o ímpio Acab foi morto (cf. I Rs 22, 29-38).

Numa incursão nas terras de Israel, os sírios de lá trouxeram uma jovem, que se tornou serva da mulher de Naamã. Disse ela a sua senhora que na Samaria havia um Profeta o qual poderia curar o seu amo.

Naamã contou o fato a seu Rei que lhe aconselhou ir a Samaria, e até lhe entregou uma carta dirigida ao monarca de Israel, Jorão, na qual pedia que curasse seu chefe de exército. Levando 600 quilos de ouro, 300 quilos de prata, dez mudas de roupa, Naamã com carros e cavalos se dirigiu à Samaria, e entregou a carta a Jorão. Ao lê-la, o monarca rasgou suas vestes e disse: “Sou eu, porventura, Deus para que o Rei de Aram me mande alguém para curá-lo de lepra? É claro que busca pretexto contra mim” (II Rs 5, 7).

Quando Eliseu soube do gesto e das palavras do Rei de Israel, mandou que lhe dissessem: “Por que rasgaste tuas vestes? Que Naamã venha a mim, para que saiba que há um profeta em Israel” (II Rs 5, 8).

Conversão de Naamã

Então, Naamã, com toda sua comitiva, chegou diante da casa de Eliseu, o qual mandou um mensageiro para dizer-lhe que deveria lavar-se sete vezes no Rio Jordão a fim de ficar curado.

O chefe militar levava para Eliseu ricos presentes, julgando que este fosse como os sacerdotes pagãos, ávidos de dinheiro. Mas o Profeta evita apresentar-se a Naamã,”seja para provar sua Fé, seja para humilhar o orgulho desse altivo sírio”.

Irritado, Naamã afirmou: “Eu pensava que Eliseu sairia para me receber e, invocando o nome de seu Deus, tocaria com sua mão o local da lepra, deixando-me curado. Será que os rios de Damasco não são melhores do que todas as águas de Israel, para eu me banhar nelas e ficar limpo?” E partiu indignado.

Mas seus servos, com muito bom senso, disseram-lhe: “Senhor, se o Profeta te mandasse fazer uma coisa difícil, não a terias feito? Entretanto, ele apenas recomendou-te lavar-te no Jordão que ficarias curado…” (cf. II Rs 5, 11-13).

Naamã foi ao Rio Jordão e, após ter mergulhado sete vezes, “sua carne tornou-se semelhante à de uma criancinha, e ele ficou purificado” (II Rs 5, 14) . E, repleto de alegria, voltou para a residência de Eliseu que o recebeu pessoalmente. Então, o grande militar declarou: “Agora estou convencido de que não há outro Deus em toda a Terra, senão o que há em Israel” (II Rs 5, 15).

Quis ele dar um presente ao Profeta, que não o aceitou; Naamã insistiu, mas Eliseu ficou firme na recusa. Então, ele pediu autorização ao Profeta para levar certa quantidade de terra do local, explicando: “Teu servo já não oferecerá holocausto ou sacrifício a outros deuses, mas somente ao Senhor” (II Rs 5, 17). Mais importante que o restabelecimento de seu corpo foi a cura de sua alma, pois ele se converteu ao verdadeiro e único Deus.

Pecado e castigo de Giezi

Naamã encetou sua viagem de regresso para Aram, mas Giezi, o servo de Eliseu, foi correndo ao seu encontro e, mentindo, afirmou que o Profeta recebera dois novos jovens discípulos; e por isso lhe pedia um saco de prata e duas mudas de roupa.

O militar deu-lhe dois sacos carregados com dois talentos de prata, ou seja, aproximadamente 60 quilos, e as mudas de roupa que eram vestes preciosas, de gala. E ordenou que dois de seus servos levassem esse material para o local em que Giezi residia. Assim foi feito.

Gieze apresentou-se a Eliseu, que lhe perguntou de onde ele vinha. Mentindo novamente, o servo respondeu que não fora a lugar algum. Então o Profeta lhe disse: “Acaso não estava meu espírito presente quando recebeste prata, vestes e outras coisas? A lepra de Naamã se pegará a ti e à tua descendência”. Imediatamente Gieze ficou leproso, tornando-se branco como a neve. (cf. II Rs 5, 1-27).

Escreve São João Bosco: Giezi “foi expulso para sempre do serviço e da casa do Profeta. A mentira desonra-nos perante Deus e perante os homens”.

Ele quis servir a dois senhores: Eliseu e o dinheiro. Mas Nosso Senhor nos adverte: “Ninguém pode servir a dois senhores. Pois vai odiar a um e amar o outro, ou se apegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Lc 16, 13). Há um ditado que diz: “O dinheiro é bom servo e mau senhor”; ou seja, se usado com desprendimento e de modo sapiencial, pode nos ajudar a caminhar rumo à santidade, mas escraviza quem a ele se apega.

E Naamã teve a glória de ser citado elogiosamente pelo Divino Mestre, quando Ele declarou na sinagoga de Nazaré: “No tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel, mas nenhum deles foi curado, senão Naamã, o sírio” (Lc 4, 27).

Que Nossa Senhora nos obtenha a grandeza de alma, a seriedade e o desapego dos bens terrenos, à semelhança do Profeta Eliseu.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada – 72)

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1 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné.1923, v.II , p. 578.
2 – Idem, ibidem, p. 579.

3 – História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p. 133.

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