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José: um varão casto

Redação – (Quarta-feira, 14-05-2015, Gaudium Press) – Escolhido por Deus para desempenhar uma grande missão, José correspondeu às graças recebidas e, pela sua castidade e por outros dons e virtudes, marcou gloriosamente a História da humanidade.

Sonhos de José

Entre seus doze filhos, Jacó amava mais a José e mandou fazer para ele uma túnica especial. Seus irmãos ficaram com inveja dele e começaram a odiá-lo.

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Quadro de Peter von Cornelius
– José interpreta os sonhos
do Faraó

Certa vez, José narrou a seus irmãos o sonho que tivera: “Estávamos – disse ele – no campo, atando feixes de trigo; de repente o meu feixe ficou de pé, enquanto os vossos se prostraram diante do meu.” Seus irmãos, indignados, perguntaram-lhe: “Porventura reinarás sobre nós e irá dominar- nos?” E passaram a odiá-lo ainda mais.

Pouco tempo depois, teve José novo sonho durante o qual via que o Sol, a Lua e onze estrelas se inclinavam diante dele. Quando contou o sonho ao pai e aos irmãos, Jacó o repreendeu, dizendo: “Acaso vamos prostrar-nos por terra diante de ti, eu, tua mãe e teus irmãos?” (Gn 37, 10).

Tais sonhos pressagiavam a glória que teria o virtuoso José, anos depois.

Vendido por vinte moedas

Certa ocasião, estando dez de seus irmãos apascentando os rebanhos de Jacó, este mandou José ir até eles a fim de saber se passavam bem. José, sempre muito obediente, partiu sem demora.

Quando seus irmãos o avistaram de longe, disseram entre si: “Aí vem o sonhador! Vamos matá-lo; depois diremos que um animal feroz o devorou.” Mas o irmão mais velho, Ruben, querendo salvá-lo, sugeriu que fosse colocado numa cisterna sem água.

Nesse momento, aproximou-se uma caravana de ismaelitas, e Judá recomendou que José fosse vendido para esses comerciantes, ideia que foi aceita, tendo sido ele entregue em troca de vinte moedas de prata; e os ismaelitas o levaram para o Egito. José tinha, então, 17 anos de idade.

Os irmãos tomaram a túnica de José, mataram um cabrito e a embeberam com o sangue do animal. Depois a túnica ensanguentada foi levada a Jacó, com a falsa notícia de que José havia sido morto por uma fera. “Jacó rasgou as vestes de dor, vestiu-se de luto e chorou a morte do filho por muitos dias” (Gn 37, 34).

Chegando ao Egito, os mercadores venderam José a um ministro do faraó e chefe da guarda do palácio, chamado Putifar. Devido ao seu exímio comportamento,

Putifar nomeou José administrador de sua casa e de todos os seus bens. “E a partir desse momento, o Senhor abençoou, em atenção a José, a casa do egípcio” (Gn 39, 5), e tudo que ele possuía.

Pureza de José

José possuía um belo porte e boa aparência. Tendo a mulher de Putifar o convidado a cometer grave pecado, José recusou com firmeza e lhe disse: “Como poderia eu fazer tamanha maldade pecando contra Deus!” (Gn 39, 9).

Vendo que não conseguia praticar seu intento criminoso, certo dia essa mulher impudica agarrou o manto de José o qual, para livrar-se da ofensa ao Altíssimo, largou-o e fugiu correndo para fora da casa. Quando o marido voltou, a infame disse-lhe que José havia atentado contra ela, e apresentou como “prova” o manto dele.

Furioso, Putifar mandou colocar José na prisão. O exegeta Padre Fillion aventa a hipótese de que Putifar não acreditou inteiramente no que dizia sua mulher; do contrário, de imediato teria mandado matar José, como se fazia no Egito para crimes dessa espécie.

E, devido a sua retidão, José atraiu a simpatia do carcereiro-chefe, o qual confiou a seus cuidados todos os outros presos; então, ele organizava primorosamente todas as coisas no cárcere, “porque o Senhor estava com José e fazia prosperar tudo o que fazia” (Gn 39, 23).

Sonhos do copeiro e do padeiro

Por terem desgostado o faraó, o chefe dos copeiros e o chefe dos padeiros do palácio foram lançados na prisão, onde estava José. E certa noite ambos tiveram sonhos, que os deixaram muito tristes.

Notando suas fisionomias abatidas, José perguntou-lhes o que ocorrera e eles contaram seus sonhos. O varão de Deus, que além de outros dons possuía o de interpretar sonhos, explicou-lhes o significado dos mesmos:

Dentro de três dias, o copeiro seria reconduzido ao cargo pelo faraó; e o padeiro, enforcado.

E tudo se cumpriu exatamente como José previra. Ao chefe dos copeiros, o varão de Deus pedira que, quando voltasse a ocupar sua função, o recomendasse ao faraó para tirá-lo do cárcere, mas ele, tendo reassumido seu cargo, se esqueceu de José. Realmente, a gratidão é uma virtude difícil de ser praticada…

Mas tudo isso foi apenas um prefácio da vida desse varão, que viria a ocupar o mais alto cargo no reino do Egito, depois do faraó.

Séculos depois, em seu fogoso discurso diante do sumo sacerdote e outros judeus, no Sinédrio, o protomártir Santo Estevão, cuja face brilhava “como o rosto de um Anjo” (At 6, 15), sintetizou a História de Israel; e, ao falar sobre José, afirmou: “Deus estava com ele. Livrou-o de todas as suas aflições” (At 7, 9-10).

Que a Virgem puríssima nos livre de todas as nossas aflições e nos obtenha a graça de uma castidade ilibada, preferindo qualquer sofrimento ao pecado.

Por Paulo Francisco Martos

(in Noções de História Sagrada – 15)

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Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v. 1, p. 150.

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