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Triunfo de Gedeão

Redação – (Segunda-feira, 17/08/2015, Gaudium Press) -Tal era a desproporção entre o número dos seus homens e o dos inimigos – madianitas, amalecitas e outros pagãos -, que Gedeão ficou inseguro. Mas Deus disse-lhe que deveria ir até o acampamento deles à noite, podendo levar seu escudeiro, e acrescentou: “Ao ouvires o que estão falando, te sentirás encorajado” (Jz 7, 11).

Sonho de um madianita

Às escondidas, ele foi com seu escudeiro até o acampamento; chegando perto de uma tenda, ouviu um homem contar a outro o sonho que tivera: viu um pão de cevada descendo e rolando sobre o acampamento deles e, quando bateu numa tenda, derrubou-a. Seu companheiro comentou: “Isto só pode ser a espada de Gedeão […] Deus entregou Madiã e todo o acampamento em suas mãos” (Jz 7, 14).

Realmente, aquele sonho tem um significado simbólico: “O pão de cevada representa os israelitas, agricultores; a tenda, os amalecitas, nômades.” Ouvindo isso, Gedeão prosternou-se em adoração a Deus, cheio de fé (cf. Hb 11, 32). Voltou ao local onde estavam os israelitas e bradou-lhes: “Levantai-vos! O Senhor entregou o acampamento de Madiã em vossas mãos!” (Jz 7, 15).

Confiando em Deus, Gedeão organizou seus 300 guerreiros para a investida vitoriosa contra os inimigos. Dividiu-os em três batalhões e entregou a cada soldado uma trombeta e um cântaro vazio, dentro do qual havia uma tocha acesa. Era noite.

Caos no acampamento dos inimigos

E disse-lhes: “Quando eu e os que estão comigo tocarmos as trombetas que temos na mão, tocai também as vossas trombetas ao redor do acampamento e gritai todos juntos: ‘Pelo Senhor e por Gedeão'” (Jz 7, 18).

Juntamente com 100 homens que o acompanhavam, Gedeão entrou no acampamento à meia-noite e, no momento em que se fazia a troca de sentinelas, ele e seus companheiros começaram a tocar as trombetas e quebrar os cântaros.

Então, os outros 200 fizeram o mesmo. “Segurando as tochas com a mão direita e as trombetas com a esquerda, tocavam e gritavam: ‘Espada pelo Senhor e por Gedeão! ‘” (Jz 7, 20).

Imediatamente todo o acampamento se pôs em desordem, e dando grandes gritos começaram a se matarem uns aos outros, com golpes de espada; 120.000 morreram e 15.000 conseguiram fugir.

Um efod é objeto de idolatria

Gedeão, com seus 300 guerreiros, foi em perseguição deles e capturou dois reis de Madiã, semeando assim o pânico em todos os que restavam do exército dos madianitas.

O varão de Deus perguntou a esses reis como eram os homens que eles haviam massacrado no Monte Tabor. Responderam: “Pareciam-se contigo. Tinham aparência de príncipes” (Jz 8, 18). Gedeão disse-lhes que aqueles eram seus irmãos; e em seguida tirou a vida dos dois monarcas.

Os israelitas quiseram que Gedeão se tornasse rei, mas ele não aceitou e pediu que lhe dessem todos os anéis de ouro conseguidos dos inimigos vencidos. Os anéis foram trazidos e também outras joias.

“Os anéis de ouro requisitados totalizaram quase vinte quilos, sem contar os broches em forma de meia-lua, os brincos e as vestes de púrpura que os reis de Madiã usavam” (Jz 8, 26).

Com tais objetos, Gedeão fez um efod, isto é, uma veste sagrada usada pelo sumo sacerdote. E “todo Israel veio ali cometer idolatria diante do efod” (Jz 8, 27).

O país viveu tranquilo durante 40 anos, enquanto ele viveu. Mas após a sua morte “os israelitas voltaram a se prostituir com os ídolos de Baal” (Jz 8, 33).
Foi a adoração daquele efod que “causou a ruína a Gedeão e sua casa” (Jz 8, 27).

Um assassino é proclamado rei de Israel

Gedeão tivera muitos filhos de várias mulheres. Sinal de decadência, pois era a poligamia que voltava a ser praticada pelos principais de Israel.

Entretanto, após sua morte, um deles, chamado Abimelec, matou de uma só vez 70 filhos homens de Gedeão, restando apenas o mais novo que estava escondido.

E os israelitas proclamaram como rei de Siquém o assassino Abimelec, que continuou a fazer os crimes mais hediondos. Posteriormente, ele chegou a matar todos os habitantes de Siquém. O terror por ele instaurado foi um castigo para os hebreus, que durou três anos.

Mas Deus tirou-lhe a vida de um modo humilhante, por mão de uma mulher que, do alto de uma torre, arremessou-lhe uma grande pedra.

Peçamos à Santíssima Virgem que nos obtenha a virtude da vigilância, lembrando-nos sempre das palavras de Nosso Senhor: “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação” (Mc 14, 38).

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada (41))

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1 – BIBLIA SAGRADA – Tradução da CNBB. 8.ed. Brasília: Edições CNBB; São Paulo: Canção Nova, nota na p. 275.

2 – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v.II , p. 139.
3 – Cf. SÃO JOÃO BOSCO. História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p.95.

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