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Salomão cai na idolatria

Redação – (Terça-feira, 08/03/2016, Gaudium Press) – Após a construção do palácio real, Deus apareceu a Salomão e lhe disse que, se cumprisse sempre os mandamentos do Senhor, seu trono seria mantido. Mas, se não fosse fiel, aconteceriam várias desgraças para Israel e o próprio Templo seria arruinado (cf. I Rs 9, 4-8). Entretanto, Salomão prevaricou e essa profecia se realizou inteiramente.

Um profeta rasga seu manto em dez pedaços

Deus havia ordenado aos israelitas: “Não se casem com mulheres pagãs, porque elas ‘com certeza perverterão os vossos corações para que sigais os seus deuses'” (I Rs 11, 2).

Salomão já era casado com a filha do Faraó do Egito. Entretanto, escravizado pela impureza, ele “teve 700 esposas, no grau de rainhas, e 300 concubinas” (I Rs 11, 3). E quando ficou velho, suas mulheres o levaram para a idolatria. Ele chegou a prestar culto a Astarte – que era vergonhoso e sensual – e a construir no Monte das Oliveiras um templo para o ídolo de Moab, cujo culto envolvia crueldades.1

Indignado com esses pecados de Salomão, Deus disse-lhe:

“Já que procedeste assim e não guardaste a minha aliança, nem as leis que te prescrevi, vou tirar de ti o reino e dá-lo a um de teus servos. Mas, por amor de teu pai Davi, não o farei durante a tua vida; é da mão de teu filho que o arrebatarei. Não te tirarei o reino todo, mas deixarei ao teu filho uma tribo, por consideração a meu servo Davi” (I Rs 11, 11-13).

De fato, isso logo depois aconteceu. Jeroboão, da tribo de Efraim, um dos oficiais de Salomão, caminhava pelo campo quando veio ao seu encontro o Profeta Aías, coberto com um manto novo. Rasgou-o em doze pedaços e disse a Jeroboão que tomasse dez fragmentos. Explicou-lhe que, devido aos pecados de Salomão, seu reino seria dividido e ele, Jeroboão, reinaria sobre dez tribos, e com o filho de Salomão permaneceriam duas tribos (cf. I Rs 11, 29-39).

Sabendo disso, Salomão quis matar Jeroboão, mas este fugiu para o Egito e lá ficou até a morte de Salomão. Afirma São João Bosco: “O infeliz Salomão, com setenta anos de idade, no quadragésimo de seu reinado, morreu de tal forma que muito deixa a duvidar de sua eterna salvação.”2

Hebreus divididos em dois reinos

Após o falecimento de Salomão, começou a reinar seu filho Roboão. Mas, por não ter seguido os conselhos dos anciãos, houve uma revolta, uma revolução motivada por uma questão de impostos; entretanto a causa profunda foram os nefandos pecados de Salomão3.

Dez tribos seguiram Jeroboão, que regressara do Egito, e apenas as tribos de Judá e Benjamim ficaram com Roboão (cf. I Rs 12, 21). Assim se cumpriu a profecia de Aías. Surgiram então dois reinos, que se digladiaram durante séculos: o de Judá, com capital em Jerusalém, e o de Israel, sediado na Samaria.4

Para evitar que seus seguidores fossem cumprir suas obrigações religiosas no Templo, em Jerusalém, Jeroboão fez dois bezerros de ouro e lhes disse: “Eis aqui […] os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito” (I Rs 12, 28). E instalou um bezerro em Betel, no extremo sul de Israel, e outro em Dã, no extremo norte. Coisa semelhante havia acontecido na época do êxodo, quando os hebreus adoraram um bezerro de ouro (cf. Ex 32, 1-29).

Diante dessa abominação, os da tribo de Levi bem como os israelitas espalhados em todo o país, e que não queriam cair na idolatria, acorreram para o reino de Judá (cf. II Cr 11, 13-18).

Roubados os tesouros do Templo e os do palácio real

No momento em que Jeroboão estava incensando o ídolo em Betel, apareceu diante dele um homem de Deus, vindo de Judá, e o increpou duramente pelo seu pecado. Jeroboão, indignado, estendeu sua mão e ordenou que prendessem o increpador, mas seu braço ficou enrijecido como uma barra de ferro. Ao mesmo tempo, “o altar se partiu e as cinzas do altar se espalharam” (I Rs 13, 5). Aterrorizado, Jeroboão pediu ao varão de Deus que o curasse. Este invocou o Senhor e a mão de Jeroboão ficou sã. Mas Jeroboão “não se converteu de seu péssimo caminho” (I Rs 13, 33).

Por isso, através do Profeta Aías, Deus declarou: “Vou varrer os restos da casa de Jeroboão como se varre o lixo, até tudo ficar limpo” (I Rs 14, 10). O extermínio da casa de Jeroboão foi de fato realizado (cf. I Rs 15, 29). Também Roboão, Rei de Judá, caiu na idolatria; chegou-se até a praticar um culto “acompanhado de abjetas depravações, como, por exemplo, a ‘prostituição sagrada'”.5

Como castigo, o Faraó do Egito atacou Jerusalém e roubou os tesouros do Templo e os do palácio real. A cidade de Samaria foi escolhida como capital do reino de Israel. “Disso resultou que os samaritanos viveram separados do reino de Judá, pela religião e pelo governo, nutrindo grande aversão aos habitantes de Jerusalém, capital do reino de Judá, onde se conservou o culto do verdadeiro Deus.”6

A divisão dos hebreus em dois reinos durou 253 anos (975 a 722). 7

Que Nossa Senhora nos obtenha a graça de sempre praticarmos os Mandamentos de Deus e de sua Santa Igreja, pois do contrário poderemos cair nos piores abismos.

Por Paulo Francisco Martos

(in Noções de História Sagrada (63))

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1 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné. 1923, v.II, p. 110 e 497.

2 – SÃO JOÃO BOSCO. História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p. 117.
3 – Cf. DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église depuis la Création jusqu’à nos jours.Paris : Louis Vivès. 1874. v. II, p 527-528.

4 – Cf, Idem, ibidem, p. 530.

5 – CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, v. V, p. 103.

6 – SÃO JOÃO BOSCO. História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p. 121.
7 – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné. 1923, v.II, p. 505.

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