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Elias ressuscita o filho da viúva

Redação – (Terça-feira, 15/03/2016, Gaudium Press) – Os reis de Israel, cuja capital era Samaria, haviam praticado péssimas ações. Pelo ano de 916, subiu ao trono de Israel, Acab, o qual “fez o que é mau aos olhos do Senhor, mais ainda que seus antecessores” (I Rs 16, 30).

Iniquidades de Acab, dominado por Jezabel

Acab casou-se com Jezabel, filha de um rei dos sidônios, e, por instigação dela, construiu um templo a Baal, em Samaria, induzindo o povo à idolatria. O culto a Baal envolvia horrendas imoralidades.

“O reino de Acab foi a mais completa expressão da tirania idolátrica inaugurada por Jeroboão.” Mas, na realidade, Jezabel “governou o reino de Israel, sob o nome de seu marido”. Era uma mulher que realizava “inúmeros feitiços” (II Rs 9, 22).

O ímpio Acab mandou reedificar a cidade de Jericó, que tinha sido totalmente destruída por Josué, o qual declarou: “Seja maldito diante do Senhor quem tomar a iniciativa de construir esta cidade de Jericó. Os alicerces lhe custem o primogênito, e as portas, o caçula!” (Js 6, 26). Ora, isto aconteceu ao oficial de Acab que a reconstruiu: seu filho mais velho morreu quando foram postos os fundamentos, e o mais novo, no momento em que colocaram as portas (cf. I Rs 16, 34).

Os cultos aos ídolos na realidade eram dirigidos aos demônios, como afirma São Paulo: “É aos demônios e não a Deus que os pagãos oferecem sacrifícios” (I Cor 10, 20).

Multiplicação da farinha e do azeite

Para lutar contra tais abominações, Deus suscitou o Profeta Elias que “surgiu como o fogo, e sua palavra queimava como tocha” (Eclo 48, 1). Oriundo de Tesbi de Galaad, e por isso chamado tesbita, Elias se apresentou ao infame Acab e anunciou-lhe, da parte de Deus, que não choveria em Israel e a seca somente terminaria quando o Profeta mandasse. E a chuva só voltou a cair depois de três anos e meio…

Deus ordenou a Elias que se retirasse de Israel; ele então “foi morar junto à torrente de Carit, a leste do Jordão. Os corvos traziam-lhe pão e carne, tanto de manhã como de tarde, e ele bebia da torrente. Passados alguns dias, porém, a torrente secou, pois não chovia mais na região” (I Rs 17, 5-7).

O Altíssimo disse-lhe, então, que ele deveria ir para Sarepta, na Sidônia, onde uma viúva o sustentaria. Ele partiu e, ao chegar à porta da cidade, viu uma viúva apanhando lenha. Elias disse-lhe: “Por favor, traze-me um pouco de água numa vasilha e um pedaço de pão!”

A mulher respondeu ao Profeta: “‘Juro pela vida do Senhor teu Deus, não tenho pão. Só tenho um punhado de farinha numa vasilha e um pouco de azeite na jarra. Eu estava apanhando dois pedaços de lenha, a fim de preparar esse resto para mim e meu filho, para comermos e depois esperarmos a morte’. Elias replicou-lhe: ‘Não te preocupes! Vai e faze como disseste. Mas, primeiro, prepara-me com isso um pãozinho e traze-o. Depois farás o mesmo para ti e teu filho'” (I Rs 17, 12-13).

E, pleno de Fé, acrescentou que a farinha e o azeite existentes na casa da viúva não acabariam até que Deus mandasse a chuva. Ela fez tudo como Elias lhe ordenara e, durante os anos de seca, a farinha e o azeite não terminaram naquela residência.

Certo dia, o filho da viúva ficou doente e logo depois morreu. Aflita, a pobre mulher se dirigiu a Elias o qual levou o cadáver até o quarto de cima onde ele pernoitava, e rezou: “Senhor, meu Deus, Te rogo, faz a alma deste menino voltar às suas entranhas” (I Rs 17, 21). Tendo se realizado o milagre, o Profeta desceu de seu aposento e entregou o menino a sua mãe; com imensa alegria, a viúva disse a Elias que agora reconhecia ser ele um homem de Deus.

O Profeta ficou residindo na casa da viúva de Sarepta durante três anos (cf. I Rs 18, 1), enquanto a seca e a fome devastavam a região, com exceção dessa residência onde Elias multiplicava a farinha e o azeite…

Nosso Senhor rememora a viúva de Sarepta

A boa acolhida que essa viúva deu a Elias foi evocada por Nosso Senhor.

Nos inícios de sua vida pública, o Divino Mestre foi a Nazaré e, num sábado, dirigiu-se à sinagoga onde fez a leitura de um trecho de Isaias e depois começou a explicá-lo.

“A voz de Jesus, seu porte, seus gestos e atitudes deviam deixar transparecer a grandeza de sua missão redentora”; e os assistentes ficaram “maravilhados com as palavras cheias de graça que saíam de sua boca” (Lc 4, 22).

Entretanto, logo após essa admiração, todos os presentes à sinagoga, movidos pelo vício da inveja, começaram a criticar Nosso Senhor, dizendo entre outras coisas: “Não é este o filho de José, o carpinteiro?”

Então, o Salvador afirmou: “Em verdade, vos digo que nenhum profeta é aceito na sua própria terra. Ora, a verdade é esta que vos digo: no tempo do Profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e uma grande fome atingiu toda a região, havia muitas viúvas em Israel. No entanto, a nenhuma delas foi enviado o Profeta Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia” (Lc 4, 24-26).

Que a Santíssima Virgem nos obtenha uma Fé ardente, análoga àquela que o Profeta Elias possuía.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada (64))

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1 – DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église depuis la Création jusqu’à nos jours.Paris : Louis Vivès. 1874. v. II, p.571.

2 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné. 1923, v.II, p. 525.

3 – CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, v. VI, p. 51.

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