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Elias increpa Acab com veemência

Redação – (Sexta-feira, 15/04/2016, Gaudium Press) – Obedecendo à ordem divina, Elias retirou-se do Monte Horeb e no caminho, tendo encontrado Eliseu lavrando a terra com doze juntas de bois, lançou sobre ele o seu manto.

Eliseu era rico, virgem e celibatário
Percebendo claramente o que isto significava, Eliseu pediu a Elias permissão para ir saudar seus pais e em seguida o seguiria. Elias o autorizou.

Tendo regressado, Eliseu tomou dois bois e os imolou. Com a madeira do arado e da canga assou a carne e deu de comer aos que ali se encontravam; ou seja, ele fez um sacrifício ao Senhor. Depois, “seguiu Elias e pôs-se ao seu serviço” (I Rs 19, 21).

Explica o grande e admirável exegeta belga, Cornélio a Lápide (1567-1637), que Eliseu era um agricultor rico, pois possuía doze juntas de boi e um imenso campo. E acrescenta que, segundo São João de Ávila, ele era virgem e celibatário, “pois do contrário pediria licença a Elias para ir saudar não só seus pais, mas também sua esposa e seus filhos […] Eliseu não quis deixar nada de seu no mundo, a fim de se entregar ao Senhor livre e desimpedidamente. Por isso que imolou os bois e o arado, no que deu exemplo aos religiosos, para que façam o mesmo”. Também Elias era um varão casto e celibatário.

“Tu mataste e ainda por cima roubas!”

Nabot possuía uma vinha situada ao lado do palácio do Rei Acab. Este pediu a Nabot que lhe vendesse ou permutasse por outra sua vinha, mas Nabot respondeu: “O Senhor me livre de te ceder a herança de meus pais” (I Rs 21, 3). Portanto, Nabot defendia a propriedade particular e a herança, que são conformes ao Direito Natural.

Como “um menino mimado, que não sabe suportar a menor contrariedade”, Acab voltou para sua casa e “deitou-se na cama, com o rosto para a parede, e não quis comer” (I Rs 21, 4). Sua péssima mulher, Jezabel, disse-lhe que tomasse brios e garantiu que lhe daria a vinha de Nabot.

Em nome do rei, ela escreveu cartas aos anciãos e nobres da cidade onde residia Nabot, ordenando que convocassem uma assembleia, e subornassem dois vagabundos a fim de acusarem Nabot de ter amaldiçoado Deus e o rei; e, com base nessas falsas testemunhas, ele deveria ser condenado e apedrejado até a morte.

Tudo isso foi executado, e a nefanda Jezabel o informou a Acab, que se levantou, partiu e tomou posse da vinha de Nabot – ou seja, roubou-a, infringindo o 7º Mandamento da Lei de Deus.

Mas Elias, obedecendo às ordens do Altíssimo, foi ao encontro de Acab e lhe disse: “Tu mataste e ainda por cima roubas! […] No mesmo lugar em que os cães lamberam o sangue de Nabot, lamberão também o teu […] Os cães devorarão Jezabel no campo de Jezrael. Da casa de Acab, os que morrerem na cidade, serão devorados pelos cães e os que morrerem no campo, serão comidos pelas aves” (I Rs 21, 19. 23-24).

Ao ouvir essas terríveis palavras, Acab rasgou suas vestes, colocou um cilício e jejuou, mas “foi só fingimento”. A respeito dessa atitude do Rei de Israel, comenta Cornélio a Lápide:

“A penitência de Acab foi verdadeira atrição, que não chegou a ser con- trição formada pela caridade. De fato, ele se arrependeu do pecado por causa do iminente e terrível castigo decretado por Elias. Porém, não se arrependeu deles por amor de Deus, por haver ofendido Aquele que é o Sumo Bem “.

De fato, o Rei de Israel “foi punido, mas não segundo todo o rigor anunciado anteriormente”.

Morte de Acab

Passados três anos, Acab perguntou a Josafá, Rei de Judá, se poderia unir-se a ele numa guerra que desejava fazer contra os arameus, ou seja, os sírios. Aliás, os reis de Judá e de Israel eram consogros, pois o filho de Josafá, Jorão, havia se casado com a filha de Acab e Jezabel, chamada Atalia (cf. II Cr 21, 5-6).

Josafá respondeu: “Minha causa é tua; meu povo é teu povo, meus cavaleiros são teus cavaleiros” (I Rs 22, 4). “Até então inimigos encarniçados, [os dois reinos] estão agora em paz e até mesmo estreitamente unidos, para a grande infelicidade de Judá.” Josafá foi censurado por Deus devido a essa união com um rei ímpio (cf. II Cr 17, 3-4 e 19, 2).

Pouco antes de entrar em combate, o péssimo Acab disfarçou suas vestes, mas pediu que Josafá usasse seus trajes reais. Os reis da Antiguidade usavam seus ornamentos reais, mesmo durante as batalhas, conforme se vê em monumentos egípcios e assírios.

Nessa guerra os reis de Judá e de Israel foram derrotados; Acab, mesmo estando disfarçado como simples soldado, foi atingido por uma flecha e morreu em seu carro de combate. Seu cadáver foi conduzido à capital do reino de Israel. “Lavaram seu carro na piscina de Samaria, e os cães lamberam seu sangue e as prostitutas se banharam nele, conforme a palavra que o Senhor havia dito” (I Rs 22, 38).

Posteriormente, morreu Josafá; seu filho Jorão tornou-se Rei de Judá. E em Israel começou a reinar um filho de Acab e Jezabel, chamado Ocozias, o qual “induziu Israel ao pecado. Também serviu a Baal e o adorou, irritando o Senhor” (I Rs 22, 54).

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada (67))

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1 – CORNÉLIO A LÁPIDE. Commentarii in Sacram Scripturam. Lyon: Pelagaud et Lesne. 1840, v. II, p. 579.
2 – Cf. Idem, ibidem, v. II, p. 571.
3 – FILLION, Louis-Claude.La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné. 1923, v.II, p. 547.
4 – SÃO JOÃO BOSCO. História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p.126.
5 – CORNÉLIO A LÁPIDE. Commentarii in Sacram Scripturam. Lyon: Pelagaud et Lesne. 1840, v. II, p. 586.

6 – FILLION, Louis-Claude.La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné. 1923, v.II, p. 550.
7 – Idem, ibidem, p. 551.
8 – Cf. Idem, ibidem, p. 554.

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