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Conduzido por um carro de fogo

Redação – (Quarta-feira, 04/05/2016, Gaudium Press) – O Rei de Israel Ocozias, filho de Acab e Jezabel, por ter caído da sacada de seu aposento, na Samaria, ficou gravemente doente. Então, enviou mensageiros a fim de consultar Belzebu para saber se ele sobreviveria.

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Ocozias foi pior do que Acab

Belzebu é um dos nomes do espírito maligno. Os fariseus o consideravam “o chefe dos demônios” (Mt 12, 24). Quando Nosso Senhor enviou os Doze Apóstolos a fim de pregar o Reino de Deus, curar doentes, ressuscitar mortos e expulsar demônios, Ele fez referência a Belzebu (cf. Mt 10, 25).

Esse ídolo era considerado o “deus das moscas” , o que indica a baixeza para a qual o homem tende quando rejeita Deus. “Consultar Belzebu” significava “renegar e abandonar totalmente Jeová – ou seja, o verdadeiro Deus. O próprio Acab não levara sua apostasia a este ponto”.

Obedecendo às ordens de um Anjo, Elias foi de encontro aos mensageiros e mandou-lhes que transmitissem a Ocozias estas palavras: “Não há, porventura, um Deus em Israel, para que vades consultar Belzebu […] Por isto diz o Senhor: Não sairás da cama na qual te deitaste, certamente morrerás! “(II Rs 1, 3-4).

Os mensageiros voltaram e comunicaram essa mensagem ao Rei, o qual lhes perguntou como se trajava o homem que assim falara. Eles responderam que vestia peles de animais e com um cinto de couro à cintura. Traje semelhante usará séculos depois São João Batista (cf. Mt 3, 4). Ocozias exclamou: “É Elias!” (cf. II Rs 1, 8).

Dois pelotões de soldados consumidos pelo fogo

E mandou que um chefe de um grupo de 50 homens fosse, com seus comandados, procurar o Profeta e o trouxessem a sua presença. “Elias estava sentado no alto de uma montanha. O chefe subiu até ele e disse: ‘Homem de Deus, o Rei manda que desças.’ Elias disse ao chefe dos 50: Se sou um homem de Deus, desça um fogo do céu e devore a ti e a teus 50 homens. Desceu então um fogo do céu e devorou a ele e aos 50 que estavam com ele” (II Rs 1, 9-10). Essa montanha era provavelmente o Monte Carmelo, onde Elias permanecia frequentemente.

O Rei enviou novo grupo de 50 homens, com seu comandante; foram ditas as mesmas palavras e houve castigo idêntico.

O Padre Fillion explica: O Profeta Elias “precisava vingar a honra de seu Mestre grosseiramente ultrajada. Ocozias tinha preferido Belzebu a Jeová, desafiando assim o verdadeiro Deus à vista de todo Israel; era preciso dar ao Rei e a seus súditos uma lição brilhante”.

Por fim, Ocozias mandou um terceiro grupo com o mesmo número de homens. Nota-se a obstinação diabólica do Rei, querendo lutar abertamente contra Deus e seu Profeta. Mas o chefe deles, aterrorizado com o que acontecera aos dois grupos anteriores, foi humilde; chegando diante de Elias, caiu de joelhos e suplicou-lhe que poupasse sua vida e a dos 50 homens que estavam sob suas ordens.

Um Anjo ordenou a Elias que fosse com esse homem até a presença do Rei. O Profeta obedeceu e, estando diante de Ocozias, disse-lhe as palavras que pronunciara aos primeiros mensageiros. E o Rei de Israel logo depois morreu, conforme Elias havia predito.

Quando os samaritanos recusaram-se a conceder hospedagem a Nosso Senhor e seus discípulos, São João Evangelista e São Tiago Maior perguntaram ao Redentor: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu, para que os destrua?” (Lc 9, 54), tinham eles em mente a ação de Elias contra os soldados de Ocozias. Mas Jesus não consentiu.

Eliseu recebe o espírito de Elias

Depois de Elias ter lutado fulgurantemente pela glória de Deus e contra o mal, o Altíssimo decidiu arrebatá-lo desta Terra. Ele foi encontrar-se com Eliseu, e ambos se puseram a caminhar; chegaram a Guilgal, onde Elias disse a seu discípulo: “Fica aqui! O Senhor me enviou a Betel. Eliseu respondeu: Pela vida do Senhor e pela tua, eu juro, não te deixarei” (II Rs 2, 2).

Chegando a Betel, os discípulos dos profetas comunicaram a Eliseu que Elias seria arrebatado; Eliseu ordenou que guardassem silêncio. Partiram dali e chegaram a Jericó, onde ocorreu o mesmo fato. Elias quis passar por Betel e Jericó para visitar, pela última vez, as escolas de profetas instaladas nessas cidades.

Continuando a caminhada, Elias e Eliseu chegaram às margens do Rio Jordão. “Elias tomou então o seu manto, enrolou-o e bateu com ele nas águas, que se dividiram para os dois lados, de modo que ambos passaram a pé enxuto.

“Depois que passaram, Elias disse a Eliseu: Pede o que queres que eu te faça antes de ser arrebatado da tua presença. Eliseu disse: Que me seja dado o dobro do teu espírito. Elias respondeu: Estás pedindo algo muito difícil. Se me observares quando eu for arrebatado de tua presença, teu pedido será concedido; caso contrário, não será.

“Então, enquanto andavam conversando, um carro de fogo e cavalos de fogo os separaram um do outro, e Elias subiu ao céu” (II Rs 2, 8-11).

Vendo isso, Eliseu bradava: “Meu pai, meu pai! Carro de Israel e seu condutor!” Elias deixou cair seu manto nas mãos de Eliseu e desapareceu (cf. II Rs 2, 12).

Portanto, Eliseu recebeu o que pedira, ou seja, “tal abundância de virtudes e dons sobrenaturais e poderes taumatúrgicos que o caracterizassem como digno sucessor do grande profeta”.

Eliseu, ao regressar, chegou frente ao Jordão; tomou o manto de Elias com o qual feriu as águas, que se dividiram, e ele passou a pé enxuto. Os discípulos dos profetas, que estavam em Jericó, ao verem Eliseu, exclamaram: “O espírito de Elias repousa sobre Eliseu”; e prosternaram-se diante dele, em sinal de respeito e veneração. (cf. II Rs 2, 8-15).

Por Paulo Francisco Martos
(Noções de História Sagrada – 68)

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1 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné. 1923, v.II, p. 559.
2 – Idem, ibidem, p. 559-560.
3 – Cf. Idem, ibidem, p.560.
4 – Idem, ibidem, p. 560-561.
5 – Cf. Idem, ibidem, p. 562.
6 – MOLERO, Francisco X. Rodriguez. In LA SAGRADA ESCRITURA – Texto y comentario por profesores de la Compañía de Jesús. Madrid: BAC. 1968, v. II, p.663.

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