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Dr. Plinio, o mar e a transesfera

Redação (Segunda-feira, 12/09/2016, Gaudium Press) – “O mar, desde cedo [em sua vida], arrebatou a admiração de Plinio, com comentaria anos mais tarde: ‘A enseada me figurava como uma grande baía e pensava ser aquele o maior oceano do mundo. De maneira que a grandeza de todos os mares, para mim, representada ali, como se fosse a faixa de terra mais parecida com o Paraíso. Era a mitificação própria de uma alma que buscava em tudo a inocência’ “: Desta maneira Mons. João Clá, EP, relata as primeiras recordações de Plinio Corrêa de Oliveira com o mar. (1)

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Tratava-se das belas praias da cidade de São Vicente, localidade limítrofe com Santos, a cidade da costa brasileira mais próxima da grande megalópole brasileira de São Paulo. São Vicente, uma cidade que nos primórdios do século XX era de uma calma muito agradável, própria para a sublime contemplação.

“Na praia, ele [Dr. Plinio menino] observava com curiosidade os buraquinhos que se formam na areia quando a água bate e depois se retira. Ele punha então seu dedinho no buraco e tirava de dentro umas conchas que levava para sua casa. O nacarado ou o avermelhado próprio das conchinhas, umas fechadas e outras abertas, o deixava extasiado, e ele ficava acariciando aquele ‘esmalte’ liso enquanto imaginava como seria lindíssimo um céu constituído de materiais magníficos como esse, ou superiores. Depois, olhando para o céu, julgava que o azul era um manto criado por Deus para separar os homens da vida que existia para além do manto’. Ele sabia que não poderia chegar até lá. Mas sonhava com a hipótese de una escada que o levasse de modo que pudesse fazer um buraco e ver a maravilha que havia detrás!” (2)

Dr. Plinio desejava voar sua inocência em suas primeiras contemplações desse ser magnífico chamado mar. E novamente vemos neste relato de Mons. João Clá esse movimento natural-sobrenatural havido em sua alma inocente de subir da admiração das belas realidade até a consideração de mundos ainda superiores aos mundos reais, mundos que se acham já presentes na Mente divina onde habitam os possíveis maravilhosos de Deus.

Recordamos também que esse movimento lhe oferecia uma felicidade gigantesca. E que as lembranças dessas contemplações, tanto dos belos mundos reais como dos mundos maravilhosos possíveis que ele construía em seu espírito, constituiu uma fortaleza interior que lhe servia bastião para inclusive enfrentar as maiores adversidades da vida.

Também eram comuns em Dr. Plinio as correlações entre as diversas realidades criadas.

“Eu julgava (…) que tudo quanto havia na terra se refletia em cores simbolizantes que existiam, um tanto para a fantasia, um tanto para realidade, em uma esfera altíssima, meio celeste que era a contrapartida da terra”. (3) Por exemplo, a ideia de justiça se poderia parecer para Dr. Plinio como una esplêndida nuvem em um magnífico céu azul. “Quem era justo tinha dentro de si uma alma com os coloridos e as sublimidades daquela nuvem”. (4) Nuvem, céu, azul, branco, ele correlacionava todos esses seres com a justiça, com atos justos, com seres humanos em que habitasse a justiça. E assim por diante.

“É próprio ao espírito contemplativo fazer uma conjugação entre fatos comuns e as realidades simbólicas. De fato, Deus criou todos os seres para relacionar-se entre si, sendo tal a coesão existente na ordem do universo que é possível projetar coisas, acontecimentos, estados de espírito, virtudes ou vícios em certos aspectos da criação, como, por exemplo, nas luzes ou cores existem nesse mundo”, explica Mons. João Clá ao analisar este “sentido das reversibilidades” em Dr. Plinio.

Mas, insiste Mons. João Clá, não era só uma relação simbólica a que Dr. Plinio estabelecia entre as diversas realidades deste universo: “Ao amor que Dr. Plinio tinha pela ordem do universo ligava-se este dom de reversibilidade, pelo qual ele via a interpenetração de todas as criaturas e voava para um mundo hipotético todo feito de cores, “meio celeste”, dirá ele. (5) A magnífica transesfera, que explicava Dr. Plinio.

A transesfera, um tipo de “reino encantado”, a que todos estamos convocados. (TGE-JSG)

Por Saúl Castiblanco

_______________________

1 – Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP. O Dom de Sabedoria na Mente, Vida e Obra de Plinio Corrêa de Oliveira. Vol I – Inocência, o Início da Sabedoria. Libreria Editrice Vaticana – Instituto Lumen Sapientiae. São Paulo. 2016. p. 63.
2 – Ibídem. pp. 63-64
3 – Ibídem. p. 66
4 – Ídem.
5 Ibídem. p. 67

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