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Sair de si: a chave da felicidade

 

Dizia Monsenhor João Clá, em uma de suas muito entretidas palestras de formação aos Arautos do Evangelho, que existe um grande perigo na vida espiritual quando uma pessoa começa a se achar “uma espécie de rei do universo, se cha um semi-deus, uma flor que foi iluminada por um raio divino e que talvez as pessoas não percebam mas ele sente o calor daquela luz que ele tem por dentros”. Esse pobre ser humano – que com frequência temos sido cada um de nós – está “prisioneiro dentro de uma torre de marfim, dentro de si, dentro de seu egoísmo. Sonhando consigo mesmo o tempo inteiro”. Ele perdeu o contato com Deus, e o egoísmo vai enchendo-o lenta ou rapidamente de amargura, de infelicidade.

Mas como tudo o que é fundamental tem solução enquanto estivermos nesta vida, Monsenhor João explica como sair dessa situação angustiante. “Eu preciso deixar de pensar em mim mesmo. Preciso voltar ao mundo da consideração das coisas maravilhosas que existem ao meu redor”, diz. “Nós necessitamos fazer o que fez o publicano – não o fariseu -, precisamos nos ajoelhar diante de uma imagem, ajoelhar-nos diante do Santíssimo, e dizer: ‘Eu por mim mesmo não consigo, preciso desta graça. Eu preciso de uma nova conversão. Eu preciso sair de dentro de mim mesmo'”.

No início de todo pecado e de toda infelicidade existe um egoísmo. Na base de toda a virtude já um abrir-se ao Criador. Sair de dentro de si mesmo: algo realmente central, fundamental na vida de qualquer homem.

O que vive encerrado em sua torre de marfim – que pouco a pouco se converte em morada de trevas – começa a crer estupidamente que não precisa de Deus, e por isso vai tornando cada vez mais escassa sua vida de piedade. Primeiro deixa paulatinamente de rezar, o recurso à intercessão dos santos vai se tornando cada vez mais sem sentido e por isto menor, e finalmente abandona as práticas necessárias e obrigatórias da vida cristã.

E outra coisa terrível: essa pobre vítima de egoísmo torna-se insensível às miríades de maravilhas que rodeiam-no, e pelas quais Deus também se faz presente e se comunica com os homens.

Não obstante, estas múltiplas maravilhas podem ser também sua salvação.

O primeiro é nos reconhecermos egoístas, e por tanto insensíveis às maravilhas, e sem embargo necessitados de abrir os olhos a elas. E o segundo é pedir a Deus que nos retire essa cegueira, mas não para querermos nos apropriar do maravilhoso, mas para no amar a Deus Criador do qual nunca devíamos ter nos separado.

Um cachorrinho fraldiqueiro, por exemplo, um simples poodle, que vai garboso, penteado e perfumado, altivo ao lado de sua dona, pode ser uma dessas grandes-pequenas maravilhas. Um mendigo, um ancião, digno e humilde ao tempo, que arrasta seus anos com certo senhorio, e que não o perde ainda quando estende a mão em sua súplica, é esta outra maravilha.

Maravilha é um belo entardecer, deste muitos inspiradores que Deus nos presenteia constantemente. Maravilha é um rosto inocente, uma face pura, cândida, dessas que ainda permanecem em nosso mundo descarrilado. Maravilha é a cor verde-azulado destas mariposas gigantescas e maravilhosas de nosso trópico. Maravilha é a vida de um santo. Maravilha é… bom, quantas maravilhas ao alcance de quem queira vê-las.

É recorrer ao que também Monsenhor João chama “maravilhoso-terapia”: tratamento restaurados do equilíbrio psicológico e, sobretudo, restaurado da união com Deus.

Sair de si para ir em busca de Deus, para finalmente encontrá-lo no céu onde será nossa gigantesca alegria, “imensamente grande”.]

Saúl Castiblanco

 

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