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Reflexões sobre a Missa Pro Eligendo Pontifice

Cidade do Vaticano (Terça-feira, 12-03-2013, Gaudium Press) Acaba de ser finalizada a Missa pela eleição do Sumo Pontífice, presidida na Basílica de São Pedro pelo Cardeal Decano, Angelo Sodano. Muitos cardeais, eleitores ou não, concelebraram revestidos de paramentos vermelhos, a cor dos mártires e da festa de Pentecostes.

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Foto Gustavo Kralj-Gaudium Press

O vitral do Espírito Santo, que preside a ábside do templo, pairando sobre a Cátedra petrina, parecia irradiar essa luz suave e penetrante, que tudo pervade de paz e harmonia. À luz do Paráclito entraram os Cardeais em solene procissão, alguns dando exemplo de um piedoso recolhimento, como o Prefeito do Clero, Mauro Piacenza e o Cardeal Scola, Arcebispo de Milão, ambos papabiles italianos. Outros, mais comunicativos, cumprimentavam com discrição e afeto os fiéis. Um deles era o Arcebispo de São Paulo, Odilo Pedro Sherer, o papabile da América Latina. Nas fisionomias dos purpurados não transparecia o menor laivo de preocupação, o que auspicia uma eleição sob o signo do amor à Igreja.

A flor e nata da Cúria lotava os primeiros bancos da nave central da Basílica, junto com os representantes dos Superiores Gerais de algumas ordens religiosas.

A cerimônia se desenvolveu, desde o ponto de vista litúrgico, com o decoro e a grandeza que convém à Igreja de Roma, aquela que preside as outras na caridade, no dizer de Santo Inácio de Antioquia. Desde os mais jovens acólitos, muito bem treinados, até os experientes cerimoniários, serviam o Altar e o Celebrante com unção e eficácia sem nenhuma lacuna, por mais que o Mestre de Cerimônias, Monsenhor Guido Marini, estivesse sentado como assistente na “Cappella Papale”.

A homilia do Cardeal Decano – que não entrará no Conclave por ter sobrepassado os oitenta anos estipulados por Paulo VI – foi curta e clara. Deu início a suas palavras dirigindo-se com grata afeição ao “luminoso pontificado” de sua Santidade Bento XVI. Belo gesto celebrado pelo povo santo de Deus com uma longa e emotiva salva de palmas.

Durante a homilia, não teve ele pretensões de desenhar a fisionomia moral do próximo Papa. Antes, parecia querer recordar ao futuro Pontífice – àquele que o Espirito Santo escolher por meio do voto dos cardeais – alguns de seus deveres mais urgentes.

A primeira leitura, de Isaías, faz esperar ao povo hebreu, segundo o Cardeal Sodano, “um Messias cheio de misericórdia”. E todos os pastores da Igreja, “a fortiori” o Bispo de Roma, tem obrigação de serem “ricos em misericórdia” num mundo tão necessitado de perdão e consolo. De outro lado, como se lê na segunda leitura, São Paulo, ao dirigir-se aos efésios, sublinha a importância da “unidade na variedade”, que envolve todos os fiéis na missão de “colaborar segundo a energia própria de cada organismo, à unidade do corpo da Igreja”. Tal unidade deve ser custodiada em primeiro lugar pelo Sucessor de São Pedro. O Evangelho é um testamento de amor: “assim como o Pai me amou, e eu vos tenho amado, permanecei no meu amor” (Jo 15, 9). Por isso, o Papa, enquanto Pastor universal, deve estar disposto a “dar a vida pelos outros”, porque estando colocado no mais alto nível da hierarquia maior obrigação tem de amar os demais.

Uma mensagem de misericórdia, unidade e caridade que resume o sulco de todos os pontificados precedentes, à espera de que o próximo Papa possa continuar levando-o sempre “a toda a humanidade” por suas palavras e exemplos.

No fim da missa, os fieis puderam contemplar o solene e compassado desfile dos cardeais durante a procissão de saída, com a curiosidade cheia de esperança de averiguar quem será o futuro Papa, escolhido do meio daqueles pastores, nesse percurso mais manifestativos e sorridentes.

O conclave se aproxima, hoje teremos a primeira “fumata”. Quando sairá a branca?

Até o fim deste dia será difícil, amanhã é provável, quinta feira é mais seguro. Esperemos confiantes e orantes, certos de que Nosso Senhor Jesus Cristo não abandonará aquela Igreja que fez nascer de seu flanco traspassado na Cruz.

Padre Carlos Werner Benjumea

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