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João Paulo II não foi "um Papa por acaso", diz diretor de novo documentário sobre o futuro beato

Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 11-04-2010, Gaudium Press) “João Paulo II foi um grande contemplativo e um grande apóstolo de Cristo. Deus o escolheu para a sede de Pedro e o conservou por longo tempo para introduzir a Igreja no terceiro milênio. Com o seu exemplo, nos guiou a todos nesta peregrinação e agora continua a nos acompanhar do céu”. Foi com esta declaração de Bento XVI que culminou a exibição de um novo documentário documentário sobre João Paulo II, neste sábado, no Vaticano.

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“A nossa ambição foi aquela de mostrar que João Paulo II não era só um Papa de um país distante” ressalta o diretor

A exibição de “Peregrino vestido de branco” foi especial para o Santo Padre, e contou com a presença do diretor da obra, o polonês Jaroslaw Szmidt. O diretor conversou com Gaudium Press sobre a ideia, a história e outros elementos do filme.

“A própria presença do Santo Padre mostra uma grande aceitação para o nosso filme. Dá uma nobilidade ainda maior. Eu ainda não me dei conta de que que o nosso filme tenha sido apresentado para Bento XVI. Também para mim foi um momento comovente, não conseguia pronunciar as palavras. Quando começamos os trabalhos sobre o filme, nem sonhava que o Papa pudesse vê-lo”, declarou o diretor, depois da apresentação de seu último documentário, na Sala do Consistório no Vaticano.

“A nossa ambição – ressalta o diretor – foi aquela de mostrar que João Paulo II não era só um Papa de um país distante. Mas que era o Papa também de uma cidade plenamente europeia, de Cracóvia. Da capital cultural que lhe deu uma nova perspectiva no mundo e o havia preparado. Tínhamos intenção de mostrar que o nosso Papa não era Papa por acaso. Que era um Papa bem preparado para esta função através da cultura polonesa e do Concílio Vaticano II”, continuou o jovem diretor.

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O tenor e diretor da orquestra espanhola, Placido Domingo,  é um dos artistas que dão testemunho no documentário sobre João Paulo II

Para Szmidt, seu documentário não tem a obrigação de apontar as graças e os erros do pontificado,. “Quisemos que fosse um encontro pessoal com um homem, com um Papa, uma viagem intensa que cinematograficamente uniria as gerações. Sei que até agora foram feitos mais de 150 filmes sobre o Papa. Alguém poderia perguntar o que de novo pode se contar sobre o Papa. Tratava-se mais de dar um outro olhar ao homem e a seus sucessos mundiais. Que seria um olhar da minha geração de 78”.

O conceito é confirmado pelo resto da equipe do filme. Os dois roteiristas representam duas gerações, o próprio Szmidt e Mariusz Wituski, mais velho. Trata-se de um filme independente realizado completamente com fundos de produtores privados.

“Quisemos que o filme não fosse somente sobre as “kremowki ” (doce polonês de creme) e sobre o sorriso do Papa – ressalta o diretor. No nosso filme há também as palavras importantes do pontífice. Há frases que devem permanecer dentro de nós. Por exemplo que a Igreja não traz ao mundo outra cultura ou raça, mas Cristo. Ele foi assim para a África. Estes momentos no nosso filme existem e são importantes. Nós queríamos somente ser portadores destas emoções e destes temas”.

Segundo o diretor, a ideia foi principalmente contar, em um modo moderno, a história de João Paulo II não somente sob o prisma da sensibilidade polonesa, mas também sob o prisma das pessoas que estiveram ao lado do Papa, “que o encontraram e que juntos com ele mudavam o mundo. Suas histórias e suas emoções são neste filme mais importantes. Este foi o ponto de partida para mostrar não somente em contexto polonês, mas neste contexto mundial”. Assim, por exemplo, o filme inicia com declarações do Dalai Lama, líder budista, sobre o líder máximo cátolico.

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No Vaticano aconteceram duas apresentações em privado: sábado passado, na presença do Santo Padre

No documentário, dão seus testemunhos em muitas entrevistas exclusivas os colaboradores mais próximos de Wojtyla: seu secretário particular, agora Cardeal Stanislao Dziwisz, arcebispo metropolitano de Cracóvia; Dom Piero Marini, mestre das celebrações litúrgicas do Sumo Pontífice nos anos 1987-2007; Joaquin Navarro-Valls diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé (1984-2006); Dom Pawel Ptasznik, responsável pela seção polonesa da Secretaria de Estado vaticano, e outros.

Há também jornalistas como Valentina Alazraki, vaticanista mexicana, Gian Franco Svidercoschi, escritor e vaticanista italiano. E encontram-se também testemunhos de pessoas não-ligadas ao mundo vaticano e de outras confissões e religiões, como do já citado Dalai Lama; de Bartolomeo I, patriarca de Constantinopla; de Yisrael Meir Lau, rabino-chefe de Israel nos anos 1993-2003, além dos políticos Lech Walesa, ex-líder do movimento Solidarnosc e presidente da República Polonesa nos anos 1990-1995; e Francesco Cossiga, presidente da República Italiana entre 1985 e 1992; ou mesmo dos artistas: Placido Domingo, tenor e diretor da orquestra espanhola, ou Laura Biagiotti, estilista italiana.

“Estava certo que conseguimos contar sobre o Papa em maneira convincente, muito fiel a sua personalidade incrivelmente energética e dinâmica. Inclusive no fim de sua vida, apesar do limites físicos, a mente continuava jovem. Ele mesmo dizia que era um velho, mas um velho jovem. Esta juventude espiritual ele a teve até o fim. Estou consciente de que conseguimos falar sobre o Papa e sobre um homem real. Assim, será atraente também para a minha geração”, explica o diretor.

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O filme tem imagens gravadas em diversas partes do mundo, como o Vaticano, a Terra Santa, México, Bolívia, África, Polônia etc

Szmidt observa que seu filme de 90 minutos foi composto pelos seguintes tipos de material: do arquivo proveniente entre outros do CTV, RAI, Filmoteca Vaticana, Filmoteca Nacional polonesa, WFDiF (Casa produtora de documentários e outros filmes), TVP (Televisão de estado polonesa), e de outras coleções privadas, de entrevistas com personalidades e de imagens de diversas partes do mundo, como o Vaticano, a Terra Santa, México, Bolívia, África, Polônia, etc, tudo gravado em centenas de horas.

Os lugares excepcionais deixaram também recordações particulares da realização, como filmar as prateleiras de cerca 150m de comprimento com documentos fechados do pontificado de Wojtyla nos Arquivos secretos do Vaticano. “Um momento comovente aconteceu na Basílica da Natividade. Estava filmando ali na Gruta da Natividade. Era meia-noite. Estávamos sozinhos e cantamos “Lulajze Jezuniu” (uma canção de Natal polonesa). Foi um momento que todos recordaremos para sempre”. Um outro momento particular foi uma missa de quase 4 horas na selva africana. Mas houve também momentos de grande desafio técnico, como o da realização das imagens da Capela Sistina, “um dos lugares mais particulares do mundo, porém muito difícil de entrar com todo o grande equipamento cinematográfico”.

No Vaticano aconteceram duas apresentações em privado: sábado passado, na presença do Santo Padre. O filme foi realizado em polonês e em inglês. Na Polônia, está nos cinemas desde o dia 11 de março. O título original do filme é “Jan Pawel II. Szukalem Was…”, (“João Paulo II. Eu estava procurando vocês…”).

 

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