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Cardeal Turkson diz que Metas do Milênio precisam responder às reais questões da pobreza, não a estilos de vida egoístas

Cidade do Vaticano (Terça-feira, 21-09-2010, Gaudium Press) Líderes e chefes de Estado e Governo do centenas de países encontram-se em Nova York para discutir as Metas do Desenvolvimento do Milênio 2015, um compêndio de medidas estabelecido há 10 anos que visa ao combate da pobreza e ao progresso dos países pobres. Na ONU, a delegação vaticana é encabeçada pelo presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, o cardeal africano Peter Turkson. O encontro na sede da ONU acontece entre os dias 20 e 22 de setembro.

O purpurado discursou nesta segunda-feira na Plenária de Alto Nível da Assembleia Geral da ONU – espaço onde os cada país apresenta suas propostas -, que tem o título geral “Nós podemos acabar com a pobreza. Metas do Desenvolvimento do Milênio 2015”. Segundo o cardeal, a promoção dos esforços para se chegar aos países mais pobres irá ajudar a “expandir nossa visão sobre o paradigma doador/destinatário para vermos um ao outro como somos: irmãos e irmãs, com igual dignidade e oportunidade para acessar os mesmos mercados e redes”.

O cardeal africano, que acompanhou o Papa Bento XVI em sua visita de quatro dias ao Reino Unido concluída neste domingo, pôde apresentar na plenária da ONU a visão da Santa Sé sobre a pobreza, inclusive a partir de suas próprias experiências na sua África nativa.

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Para o cardeal Turkson, Metas devem combater a pobreza e não eliminar os pobres

Para o cardeal, a pobreza deve ser enfrentada centrando-se mais nos aspectos “humanos” do desenvolvimento, como a erradicação da fome, promovendo a educação, fornecendo atendimento de saúde e serviços sociais, garantindo oportunidades iguais de trabalho, e defendendo a responsabilidade pela salvaguarda do meio-ambiente”.

“A experiência positiva da sociedade civil deve se tornar uma ação política contra a má governança e o Estado irresponsável que cria obstáculos para o crescimento econômico apropriado”, declarou. Como resultado do “comportamento antiético e irresponsável de grandes operadores financeiros privados, juntamente com a falta de previsão e controle por parte dos governos e da comunidade internacional”, inúmeras pessoas e populações inteiras foram deixadas no rastro da crise financeira internacional.

Mas não é apenas a má governança que é um obstáculo ao desenvolvimento. Há muito mais indicado pelo presidente do Pontifício Conselho “Justiça e Paz”. Entre estes outros impedimentos, o cardeal elencou um nacionalismo excessivo, o auto-interesse corporativo, além de “antigas e novas ideologias”. “Estes fatores fazem com que as guerras e conflitos mantenham a pobreza nas sociedades, que continuam a ser dominadas pelo tráfico ilegal de pessoas, de drogas e matérias-primas preciosas”, precisou.

Segundo ele, chamar à responsabilidade para “lutar contra a o corrompido e às vezes imoral comportamento” no mundo dos negócios e das finanças é de todos os países, tanto os desenvolvidos quanto os em desenvolvimento. Mas o cardeal reconheceu que os mais ricos e mais poderosos “devem agir em conformidade com a solidariedade internacional responsável”.

As Metas para o Desenvolvimento do Milênio não podem limitar-se à “malevolente e míope visão” da expansão e imposição de estilos de vida egoísta. “Elas devem ser usadas para combater a pobreza, e não para eliminar os pobres!”, advertiu duramente o cardeal Turkson, ao afirmar observar isso “não apenas como um líder religioso, mas também como um africano e homem, vindo de uma família pobre “.

“A missão fundamental da Santa Sé é, acima de tudo, espiritual “, explicou o presidente do dicastério vaticano, mas ao mesmo tempo em que “engloba uma solicitude para com todas as pessoas”, é, por este mesmo motivo, apresentada diante da comunidade internacional promovendo a justiça e solidariedade entre os povos. 

A Santa Sé, continuou, “com respeito e fervor” convida todos a “fornecer recursos de qualidade para as necessidades de saúde de mães e seus bebês, incluindo os não-nascidos”. Card. Turkson manifestou também preocupação pela presença, no Documento Final, de termos controversos como “Saúde sexual e reprodutiva” e “planejamento familiar”, levantando “profundas preocupações” acerca sua interpretação, já que, conforme o purpurado, tais termos geralmente são utilizados como um acesso ao aborto e aos métodos de planejamento familiar contrários à lei natural.

Participam cerca de 140 chefes de Estado e Governo de todo o mundo. O Brasil, que tradicionalmente abre o Encontro, desta vez não estará representado pelo presidente Lula,será representado, mas pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e  pela ministra do Desenvolvimento Social, Márcia Lopes.

 

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