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Segundo o Papa, Jesus separou a religião da política

Cidade do Vaticano (Quinta-feira, 10-03-2011, Gaudium Press) “Com o seu anúncio, Jesus realizou uma separação entre a dimensão religiosa e a dimensão política, uma separação que mudou o mundo e que realmente pertence à essência de sua nova via”. É o que afirma o próprio Papa Bento XVI em outro trecho do segundo volume do seu livro “Jesus de Nazaré”, disponibilizado após a presentação do livro, hoje, no Vaticano.

No capítulo “O processo a Jesus”, o Santo Padre explica como Cristo foi condenado, concentrando-se nas figuras de Caifás e Pilatos. “As duas dimensões – aquela política e aquela religiosa – eram, justamente, absolutamente inseparáveis uma da outra”. Na decisão de condenar à morte Jesus não agiu somente uma preocupação política, ligada à “legítima preocupação de tutelar o templo e o povo”, mas também “egoísta avidez de poder por parte do grupo dominante”.

Contrariamente, “Jesus em seu anúncio e com todo o seu operar – prossegue o Santo Padre – havia inaugurado um reino não político do Messias e começado a separar uma da outra as duas realidades, até então indivisíveis. Mas essa separação de política e fé, de povo de Deus e de política que pertence à essência de sua mensagem, era possível, definitivamente, somente através da cruz”.

“Cadáver reanimado”

Em outro trecho do livro, no capítulo 9 (“A ressurreição de Jesus da morte”), t ambém adiantado hoje após a coletiva de imprensa, Bento XVI diz que Cristo ressuscitado “não é um cadáver reanimado”, destinado, “em um tempo mais ou menos breve”, a voltar à vida de antes.

A sua ressurreição, continua Bento XVI, “foi a evasão a um gênero de vida totalmente novo, a uma vida não mais sujeita à lei do morrer e do tornar-se, mas colocada além disso – uma vida que inaugurou uma nova dimensão do ser homens”.

Além disso, prossegue o pontífice, a ressurreição não é “um acontecimento singular” que se limita ao passado, mas é “uma espécie de “mutação decisiva””, na quel “foi alcançada uma nova possibilidade de ser homem, uma possibilidade que toca a todos e abre um futuro, um novo gênero de futuro para os homens”.

Para nós, a própria ressurreição é um processo “que por sua natureza se subtrai à experiência humana” porque “acontece no segredo de Deus entre Jesus e o Pai”, reflete.

Fé trinitária e unidade

Em outra parte de seu livro, dedicada aos “Quatro grandes temas da oração”, o Papa afirma que a “unidade não vem do mundo; não é possível extraí-la das forças próprias do mundo”. Para o pontífice, o “trabalho por uma unidade visível dos discípulos de Cristo permanece um dever urgente para os cristãos de todos os tempos e todos os lugares. A unidade invisível da “comunidade” não basta”. A fé é “o verdadeiro fundamento da comunidade dos discípulos, a base para a unidade da Igreja”, escreve Bento XVI.

Neste sentido, “na missão dos discípulos de todos os tempos” permanece “o empenho de ser um sinal qualificado de ser enviada por Jesus”. “Dentro do “ser mandados” por Cristo, se encontra a ligação com a sua a sua palavra e com a força do seu Espírito”. Nestes elementos, a Igreja antiga encontrou a forma da “sucessão apostólica”.

Em seguida, o Papa, observa que “junto à sucessão apostólica, a antiga Igreja encontrou (e não inventou!) dois outros elementos fundamentais para a sua unidade: o Cânone da Escritura e o chamado Símbolo da fé”.

E conclui: o “Credo” apostólico “constitui a verdadeira “hermenêutica” da Escritura, a chave extraída dela, para interpretá-la segundo seu espírito”. Porém, observa o Papa, “no Evangelho de João não se fala nesta maneira dos três pilares da comunidade dos discípulos, da Igreja, mas com referência à fé trinitária e ao ‘ser enviados’ os fundamentos foram no entanto colocados”.

 

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