“A oração é uma longa luta com Deus para conhecer a Sua pessoa e o Seu amor”, diz o Papa

Cidade do Vaticano (Quarta-feira, 25-05-2010, Gaudium Press) Ao dar continuidade a sua catequese sobre oração, pelas audiências gerais semanais, o Papa Bento XVI refletiu hoje sobre o Patriarca Jacó, conforme a leitura do Livro do Gênesis. O pontífice dedicou-se especificamente à passagem da luta de Jacó com Deus às margens do Jaboque.

O pontífice dedicou-se especificamente à passagem da luta de Jacó com Deus às margens do Jaboque

Esse episódio, disse o Papa na audiência de hoje, “oferece-se ao crente como texto paradigmático no qual o povo de Israel fala da própria origem e traça as linhas de uma particular relação entre Deus e o homem”. Segundo o pontífice, a passagem mostra que “a oração é como uma luta, uma longa noite de combate corpo-a-corpo com Deus para descobrir a sua pessoa”,

A Bíblia descreve Jacó como um homem astuto que consegue as coisas com o engano. Sozinho na noite, Jacó foi atacado inesperadamente por uma pessoa misteriosa, se defende valentemente e a pessoa misteriosa pergunta o seu nome. A passagem do Gênesis “nos fala da longa noite da busca de Deus, da luta para conhecer seu nome e ver seu rosto; é a noite da oração que com tenacidade e perseverança pede a Deus a benção de um nome novo, uma nova realidade fruto de conversão e de perdão”. Para o crente, a história é um ponto de referência para entender a relação com Deus na oração.

A luta corpo-a-corpo no capítulo 32 do Livro da Gênesis tornou-se para Jacó uma singular experiência de Deus. Aquele momento foi também uma reviravolta importante, refletiu o pontífice. Porque “conhecer o nome de alguém, de fato, implica em uma espécie de poder sobre a pessoa, porque o nome, na mentalidade bíblica, contém a realidade mais profunda do indivíduo, revela seu segredo e seu destino. Conhecer o nome quer dizer então conhecer a verdade do outro e isto permite poder dominá-lo”.

“A oração requer confiança, proximidade, quase um corpo-a-corpo simbólico não com um Deus adversário e inimigo, mas com um Senhor bendizente que permanece sempre misterioso, que parece inalcançável”. A luta simboliza “força de ânimo, perseverança, tenacidade para alcançar o que se deseja”. Assim, o objeto do desejo do sagrado autor é a relação com Deus. A luta culmina com o doar si mesmo a Deus, em “reconhecer a própria fraqueza, que vence justamente quando se consegue entregar-se nas mãos misericordiosas de Deus”, continuou o Papa.

Segundo Bento XVI, hoje, também “a nossa vida é como esta longa noite de luta e de oração, a ser consumida no desejo e no pedido de uma benção de Deus que não pode ser arrancada ou vencida contando com as nossas forças, mas deve ser recebida com humildade dEle, como um dom gratuito que permite, enfim, reconhecer o rosto do Senhor. E quando isto acontece, toda a nossa realidade muda, recebemos um nome novo e a benção de Deus”.

Mais de 15 mil peregrinos participaram da audiência na Praça de São Pedro. Da Argentina, veio um grupo de peregrinos de Rio Cuarto e Centro de jubilados de Gualeguaychu; do Brasil, um grupo da paróquia Senhor do Horto de São Lázaro de Itú, SP; da Colômbia, o grupo ASODAMAS; do Equador, a Federacion Interamericana Empresarial; do México, um grupo de pintores de Nuevo Leon; e da Venezuela, um grupo de peregrinos de Caracas.