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Uma escolha decisiva

No meio das alegrias natalinas, o prólogo do Evangelho de São João nos coloca numa alternativa: ser filho da luz ou filho das trevas.

Foto: arquivo RAE

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Redação (26/12/2025 11:07, Gaudium Press) Santo Isidoro narra que a águia recebeu seu nome devido à agudeza de sua visão – aquila, de acumen oculorum, em latim. Menciona igualmente que a ave mira para os raios solares sem fechar os olhos e segura seus filhotes de modo a expô-los a dita radiação, considerando dignos aqueles que mantêm a vista fixa e abandonando os que pestanejam, por serem uma desonra para sua espécie.

Essas pitorescas reflexões etimológicas nos vêm à mente, por uma associação de ideias, no momento em que lemos o prólogo do Evangelho de São João, proclamado na Liturgia na Missa do Dia do Natal do Senhor. A penetrante visão com a qual se inicia esse hino tão sublime permitiu a Santo Irineu de Lyon atribuir ao seu autor, precisamente, a alegoria da águia.

De fato, na abertura de seu Evangelho o Discípulo Amado – como digno detentor do símbolo aquilino – dirige seu olhar diretamente para a divindade do “Sol de Justiça” (Ml 4, 2), Jesus Cristo Nosso Senhor. E anuncia que este Menino, o Filho de Maria contemplado hoje em seu Natal, é o Verbo Divino que, preexistindo antes dos séculos da História humana, criou todas as coisas (cf. Jo 1, 1-3).

Nos versículos seguintes, São João sintetiza magistralmente os temas de seu Evangelho, entre os quais sobressai um, raramente comentado no Natal. Dir-se-ia que, tal como a águia submete seus filhotes a uma prova expondo-os ante o sol, ele deseja também que todos os seus ouvintes voltem seus olhares admirativos para contemplar a luz divina.

Com efeito, o Apóstolo Virgem é o único Evangelista que começa seu relato narrando que a vinda de Jesus ao mundo provocou um conflito. Sim, em torno deste Menino tão meigo, que por amor “Se fez carne e habitou entre nós” (1, 14), plasmou-se um antagonismo radical: luz e trevas (cf. Jo 1, 5); Jesus e o mundo (cf. Jo 1, 10); fé e incredulidade (cf. Jo 1, 7); quem crê e O acolhe recebe a vida divina e a glória celestial, tornando-se filho de Deus (cf. Jo 1, 12), aquele que O rejeita permanece nas trevas e na morte eterna. Eis a trágica e grandiosa escolha que São João apresenta neste hino, da qual não podemos desviar o nosso olhar.

Sem dúvida tais considerações podem parecer pouco agradáveis numa comemoração natalina. Mas, na atual crise religiosa e moral que vem sofrendo o mundo e mais especialmente a Igreja, é possível não ver essa realidade? Seremos filhos da luz ou das trevas? Trata-se de uma decisão-chave para nosso destino eterno.

Ante essa perspectiva, ninguém tem direito a se desesperar ou desanimar, pois, contando com Maria Santíssima como intercessora, receberemos as graças superabundantes para acolher a inefável luz do Menino Jesus e, assim, participar do seu Reino de amor pelos séculos dos séculos.

Artigo extraído da Revista Arautos do Evangelho dezembro 2025. Por Pe. Leonardo Miguel Barraza Aranda, EP

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