Cerca de 50 igrejas católicas dessacralizadas na Alemanha em 2025
A dessacralização de igrejas soma-se aos inúmeros indicadores que apontam para uma crise sem precedentes na Igreja Católica alemã.

Foto: Karl Fredrickson / Unplash
Redação (23/12/2025 09:31, Gaudium Press) Ao menos 46 igrejas e capelas católicas foram dessacralizadas na Alemanha ao longo de 2025, conforme divulgou, neste domingo, o jornal Neue Osnabrücker Zeitung, citando dados da Conferência Episcopal Alemã (DBK). Embora o número seja inferior às 66 dessacralizações registradas em 2024, ele revela a continuidade de um processo de conversão de espaços religiosos a usos profanos, associado ao acelerado declínio do catolicismo no país.
A publicação alerta que o total real pode ser ainda maior, pois nem todas as dessacralizações são publicadas oficialmente nos boletins diocesanos — fonte principal usada pela DBK para compilar suas estatísticas.
Uma Igreja em contração demográfica acelerada
O catolicismo alemão enfrenta uma crise demográfica de proporções históricas. Em 2024, menos de 20 milhões de pessoas se declaravam oficialmente católicas no país, refletindo décadas de erosão contínua da base de fiéis. O dado mais alarmante, no entanto, é a prática religiosa efetiva: apenas 6,6% dos católicos registrados frequentam a missa dominical regularmente, o que equivale a cerca de 1,3 milhão de pessoas.
Essa desconexão entre filiação formal e prática religiosa tem forçado as dioceses alemãs a implementar reformas estruturais profundas, adaptando sua presença territorial a uma realidade de bancos vazios e recursos cada vez mais escassos.
Reestruturação radical: de mil paróquias para apenas 36
O exemplo mais emblemático dessa reconfiguração é a arquidiocese de Friburgo, que, com a virada do ano, reduzirá suas mais de mil paróquias para apenas 36 unidades. Esse processo de concentração, já concluído ou em andamento na maioria das dioceses alemãs, responde tanto à queda no número de fiéis quanto à escassez de clero para atender as estruturas existentes.
Crise vocacional: 29 ordenações contra as 500 dos anos 1960
Outro pilar da crise eclesial alemã é o colapso das vocações sacerdotais. Em 2024, apenas 29 sacerdotes diocesanos foram ordenados em toda a Alemanha, e em 11 das 27 dioceses do país não houve nenhuma ordenação.
O contraste com o passado é avassalador: durante os anos do Concílio Vaticano II, o país ordenava anualmente pelo menos 500 novos presbíteros. Ainda em 2007, o número superava a centena. O declínio vocacional fecha um círculo vicioso: a falta de sacerdotes acelera o fechamento de paróquias, o que, por sua vez, dificulta ainda mais a presença pastoral e a transmissão da fé.
A dessacralização de templos — ato canônico pelo qual um edifício deixa de ser destinado ao culto para receber um uso profano, mas não indigno — simboliza o retrocesso material de uma instituição que, por séculos, foi coluna fundamental da sociedade europeia.
Esses números emergem no contexto das discussões sobre as posições heterodoxas do Caminho Sinodal Alemão e do Conselho Sinodal para a Igreja na Alemanha. Muitas pessoas questionam se grande parte da Igreja alemã ainda pode ser considerada católica — dúvida que motivou recente editorial do The Catholic Herald.
Com informações InfoCatólica





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