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São João Câncio (ou de Kenty)

São João Câncio (ou de Kenty), cuja memória é celebrada no dia 23 de dezembro,  se dedicou ao ensino durante muitos anos na Universidade de Cracóvia e depois assumiu o ministério pastoral da paróquia de Olkusz, onde associou às suas grandes virtudes o testemunho de uma reta fé e foi para os seus colaboradores e discípulos um exemplo de piedade e caridade para com o próximo.

Foto: Wikipedia

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Redação (23/12/2025 09:31, Gaudium Press) Na antevéspera do Natal do Senhor, a Igreja comemora São João Câncio de Kęty, mais conhecido como São João de Kęty, santo polonês medieval que faleceu em 24 de dezembro.

Nasceu em 1390 em Kęty, uma pequena localidade ao oeste de Cracóvia, próxima a Oświęcim (Auschwitz em alemão). Naquela época, a região pertencia à Silésia, mais ligada à influência alemã, mas ao final da vida do santo, voltou a integrar a Polônia.

Filho de camponeses abastados, seus pais o enviaram para estudar na Universidade de Cracóvia ao perceberem sua inteligência aguda e excepcional. Tratava-se de uma instituição importante em uma cidade cosmopolita, centro de comércio, frequentada por representantes de diversos povos do Oriente e do Ocidente. Fundada por Casimiro, o Grande, em 1364, a universidade vivia então um período de grande florescimento.

Um professor exemplar

João dedicou-se com entusiasmo aos estudos, nos quais logo se destacou. Obteve o doutorado em Filosofia e, pouco depois, em Teologia. Foi ordenado sacerdote, nomeado cônego em Cracóvia e, em seguida, conquistou uma cátedra de Teologia em sua alma mater. Foi um professor exemplar, tanto em suas obrigações acadêmicas quanto em sua conduta pessoal. Chegou a ser reitor da universidade, e sua toga púrpura tornou-se símbolo do reitor.

A inveja, esse vício tão humano…

No entanto, seu caminho não foi isento de invejas e intrigas. Não eram poucos os que, na universidade, sucumbiam a esse vício deplorável — que Bossuet considerava o mais difundido entre os filhos de Adão. Aos poucos, João foi isolado e excluído de certas funções. Como a paróquia de Olkusz precisava de um pároco, orquestrou-se tudo para que o santo fosse enviado para lá, afastando-o do que consideravam uma presença “incômoda” na universidade.

Obediente, o santo aceitou abandonar os livros e os caminhos do pensamento cristão para dedicar-se ao pastoreio de almas simples. Realizou essa tarefa de modo admirável, com grande caridade. A paróquia encontrava-se em desordem: faltava instrução religiosa, e facções rivais alimentavam ódios profundos. São João introduziu a fé e a piedade, transformando completamente a comunidade. Contudo, parece que ele sofria de fortes escrúpulos, e a vida pastoral lhe pesava. Por fim, a universidade sentiu falta do grande teólogo e o chamou de volta, provavelmente por volta de 1440, para reassumir sua cátedra de teologia.

Pouco depois, foi nomeado professor de religião da família real polonesa.

Uma prova de sua inocência

Um episódio que ilustra perfeitamente sua inocência ocorreu durante uma peregrinação a Roma. Assaltado por ladrões, que o despojaram de tudo. À pergunta se tinha mais algo respondeu que não. Já afastados os bandidos, São João lembrou-se de que havia moedas costuradas no forro de seu manto. Correu atrás deles e confessou: “Percebi agora que sim, tenho mais…”.

A multiplicação do alimento

Outra anedota de tom angélico aconteceu no refeitório do Colégio Maior onde residia. Ao ver um mendigo pedindo esmola à porta, enquanto muitos observavam sua reação, o santo não hesitou: levantou-se e entregou toda a sua refeição ao pobre. Ao voltar ao seu lugar, encontrou os pratos novamente cheios. Esse milagre deu origem a uma bela tradição na universidade: preparava-se sempre uma porção extra para um pobre. Quando este aparecia, o reitor anunciava em latim: “Pauper venit” (Vem o pobre”), e todos os comensais respondiam: “Iesus Christus venit” (Jesus Cristo vem), oferecendo-lhe então a comida.

Contudo, suas ocupações não se limitavam à universidade. Pregava nas igrejas, distribuía esmolas — especialmente a estudantes necessitados — e sua caridade constante o reduzia frequentemente à própria pobreza.

Faleceu aos 83 anos, na véspera do Natal (24 de dezembro) de 1473. Em seu leito de morte, pronunciou uma bela alocução sobre a espiritualidade do sacerdote, do cônego e do professor universitário santo, que foi registrada. Um verdadeiro canto do cisne.

A cidade inteira compareceu a seu funeral. Já eram famosos os milagres obtidos por sua intercessão, que se multiplicaram após sua morte, chegando a ser catalogados.

Com informações de Catholic.net

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