Novo arcebispo de Nova York: não muito conhecido e se parece com Prevost
Dom Ronald Hicks é um fervoroso pró-vida, missionário, tradicional e amante dos hispânicos.
Foto: Vatican News
Redação (18/12/2025 08:48, Gaudium Press) O dia amanheceu com uma das nomeações episcopais mais significativas do pontificado de Leão XIV: o Papa escolheu Dom Ronald Hicks, bispo de Joliet, em Illinois, como o novo arcebispo de Nova York. Hicks sucede o Cardeal Timothy Dolan, uma figura histórica que esteve à frente da arquidiocese por mais de 15 anos, abrangendo três pontificados.
Trata-se da designação mais importante realizada até agora por Leão XIV em seu país natal, sinalizando prioridades pastorais e administrativas para uma das dioceses mais influentes do mundo.
“Reconheço muitas semelhanças entre mim e ele”, declarou Dom Hicks à imprensa de Chicago logo após a eleição papal de 8 de maio. “Crescemos literalmente na mesma região, no mesmo bairro. Brincávamos nos mesmos parques, nadávamos nas mesmas piscinas e frequentávamos as mesmas pizzarias.
O Papa não conhece o novo Arcebispo há muito tempo. Eles se conheceram em agosto do ano passado, quando o então Cardeal Robert Prevost, prefeito do Dicastério para os Bispos, proferiu uma conferência em Joliet. Após a palestra, conversaram por apenas 15 minutos — tempo suficiente, aparentemente, para que o futuro pontífice se interessasse pelo perfil de Hicks.
Trajetória
Ordenado sacerdote para a Arquidiocese de Chicago em 1994, Hicks exerceu funções como pároco associado e decano de formação no Seminário St. Joseph College. Em 2005, assumiu por cinco anos a direção-regional da organização Nuestros Pequeños Hermanos na América Central, com sede em El Salvador, e coordenou o cuidado de mais de 3.400 crianças órfãs e abandonadas em nove países da América Latina e do Caribe.
Fontes próximas ao bispo destacam sua relação estreita com o falecido Cardeal Francis George, que liderou a Arquidiocese de Chicago entre 1997 e 2014. O Pe. Kevin Gregus, que conheceu Hicks nos anos de seminário, recordou: “Ele teria permanecido permanentemente em El Salvador se o cardeal George tivesse permitido”.
De volta a Chicago em 2010, atuou como decano no Seminário Mundelein. Em 1º de janeiro de 2015, o Cardeal Blase Cupich, arcebispo de Chicago, nomeou-o vigário-geral arquidiocesano. Foi ordenado bispo auxiliar em 2018 e transferido para Joliet em setembro de 2020.
Perfil pastoral e doutrinal
Como bispo de Joliet, Hicks priorizou a evangelização e o discipulado missionário. Em setembro de 2025, publicou a carta pastoral “MAKE”, exortando os fiéis a seguirem o mandato de Cristo de “fazer discípulos” por meio de conversão, confissão, comunhão e missão.
“Ousadamente, quero que nossa diocese seja a mais evangelizadora do país — não por competição, mas porque amo Jesus e desejo que todos o amem e se salvem por Ele”, escreveu.
A Irmã Sara Butler, que foi professora de Hicks quando ele era aluno do Seminário de Mundelein e mais tarde trabalhou ao lado dele quando ele se juntou à equipe de formação do seminário, lembrou que ele demonstrava “um notável espírito missionário”.
Fontes diocesanas descrevem o arcebispo eleito como um prelado “tradicional”, com “coração enorme pelos hispânicos” e amor pelos pobres e marginalizados. Sua experiência em El Salvador e fluência em espanhol serão valiosos em uma arquidiocese com mais de um milhão de católicos hispânicos.
Posição sobre liturgia tradicional e doutrina social
Diferentemente do Cardeal Cupich, conhecido pela sua oposição à Missa tradicional em latim, Hicks adotou uma abordagem pastoral com as comunidades tradicionalistas em Joliet.
Descrito como teologicamente sólido, ele abraça integralmente a doutrina social da Igreja. Considera São Óscar Romero, mártir salvadorenho e defensor dos pobres, como um herói, e defende que os católicos sejam “contraculturais” em temas como o aborto.
John Breen, professor de Direito na Universidade Loyola de Chicago e representante leigo de Joliet na Conferência Católica de Illinois, o qualificou como “forte partidário da causa pró-vida”. “Embora essa mensagem seja amplamente contracultural em Nova York, confio plenamente que ele testemunhará em favor dos não nascidos e de todo o Evangelho da vida, no tempo oportuno e inoportuno”, afirmou Breen.
Desafios em Nova York
Hicks assumirá uma arquidiocese com desafios significativos. Na semana passada, o Cardeal Dolan anunciou a venda de imóveis no valor de 490 milhões de dólares para criar um fundo de compensação a vítimas de abusos sexuais. No ano anterior, a sede central na First Avenue foi vendida por 100 milhões, com transferência das operações para um antigo instituto católico.
A arquidiocese também enfrenta crise vocacional: apenas 23 seminaristas para 2,5 milhões de católicos em cerca de 300 paróquias. Em 2024, somente dois candidatos ingressaram na formação diocesana.
Em Joliet, Hicks demonstrou habilidade administrativa ao implementar reestruturações, com fusões e fechamentos de paróquias em 2022. Em maio de 2023, após relatório sobre abusos no clero em Illinois, comprometeu-se a destinar recursos significativos à proteção de crianças, prevenção de abusos e cura.
Reconhecimento episcopal
Em novembro de 2024, Hicks foi eleito presidente do Comitê de Clero, Vida Consagrada e Vocações da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA, com mais de 63% dos votos. Integra o mesmo comitê e atua como ligação com a Associação para a Formação Permanente de Sacerdotes e a Associação Nacional de Diretores do Diaconato.
A Arquidiocese de Nova York atende católicos em Manhattan, Bronx, Staten Island e sete condados ao norte da cidade.
Com informações Infocatólica





Deixe seu comentário