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Venezuela: Cardeal Porras detido no aeroporto de Caracas

No aeroporto de Caracas, o cardeal foi submetido a uma revista pessoal e também por cães farejadores de drogas. Ademais, seguiram-no até o toilette, e foi ameaçado de prisão quando insistiu em tirar uma foto do passaporte confiscado.
 Foto: Instagram cardenalbaltazarporras

Foto: Instagram cardenalbaltazarporras

Redação (12/12/2025 08:53, Gaudium Press) O regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, reteve o passaporte do Cardeal Baltazar Porras, arcebispo emérito de Caracas, no Aeroporto Internacional Simón Bolívar de Maiquetía, em Caracas, no dia 10 de dezembro de 2025. O Cardeal Porras se dirigia a Bogotá, na Colômbia, e depois partiria para Madri, onde participaria de uma cerimônia, na qual seria ser nomeado Protetor da Ordem Militar e Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém.

Segundo relatos, o tratamento dado ao cardeal, de 81 anos, foi marcado por humilhações e violações a direitos diplomáticos: seu passaporte foi retido e ele foi notificado da proibição de sair do país. Ele também foi revistado e cães treinados para detectar drogas foram usados.

Entre os motivos dessa ação drástica por parte do regime de Maduro, destaca-se o papel central que o cardeal desempenhou na canonização do primeiro santo venezuelano, José Gregorio Hernández, e seu trabalho para que o regime não obtivesse ganhos políticos com todas as celebrações por esse motivo. Também são citadas as palavras do cardeal, dois dias antes da cerimônia de canonização, na Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, quando afirmou: “O país vive uma situação moralmente inaceitável, [marcada pelo] declínio do exercício das liberdades civis, ao crescimento da pobreza, à militarização como forma de governo que incita a violência na vida cotidiana, à corrupção e à falta de autonomia dos poderes públicos”.

Inicialmente, disseram que no sistema ele figurava como “falecido”, que o passaporte “não estava em dia”. Após uma hora e meia nessa situação, ele foi informado de que não poderia viajar por “incumprimento das normas de viagem”, e seu passaporte — emitido pelo Vaticano, com prerrogativas diplomáticas — foi retido e anulado. Ao pedir para fotografar o documento, o cardeal foi ameaçado de prisão: “ameaçaram-me com a detenção se eu insistisse na foto”, declarou posteriormente o Cardeal Porras.

Durante as duas horas em que ficou retido no aeroporto, seu celular foi apreendido, e um militar o seguia de perto, questionando cada movimento, inclusive até o toilette, perguntando “por que eu ia até aquele lugar!”.

No final, deram-lhe apenas o bilhete de embarque para retirar sua bagagem de uma área de coleta, e ele foi forçado a retornar a Caracas sem o passaporte.

Segundo o site Efecto Cocuyo, o Arcebispado de Caracas reagiu rapidamente via Instagram, lamentando o “sofrimento” do cardeal e destacando que ele se dirigia a “compromissos eclesiais em Madri neste fim de semana”.

Por sua vez, o ADN Celam recolhe as declarações do cardeal após a detenção, que apelou à busca de uma paz justa e duradoura. Em um comunicado da Conferência Episcopal Venezuelana, ressaltou-se que: “Como bispos servidores do Povo de Deus, solidarizamo-nos com nosso irmão, o Sr. Cardeal, diante do ocorrido, pedindo esclarecimentos às autoridades sobre os fatos descritos. Que Deus abençoe o cardeal e continue acompanhando-o em seu serviço ao povo e à Igreja”.

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