Estudo sobre católicos na França: aqueles que intensificam suas práticas religiosas resistem ao secularismo
La Croix divulga o estudo mais abrangente realizado recentemente sobre os católicos na França.
Foto: Pixabay/BÙI VĂN HỒNG PHÚC.
França – Paris (12/10/2025 14:52, Gaudium Press ) A edição da última segunda-feira do ‘La Croix’, um jornal com identidade católica mas muito reconhecida no campo civil, publicou uma extensa reportagem sobre “Ser católico na França no dia de hoje”, com foco especial no que chama de “católicos comprometidos” (catholiques engagés).
A reportagem contém os resultados de um estudo* feito para o Instituto Francês de Opinião Pública (IFOP), que busca definir o perfil ou perfis, daqueles católicos que realmente colocam a religião como algo central em suas vidas.
Em uma França onde a filiação religiosa continua a retroceder, os chamados ‘católicos praticantes regulares’ resistem. Eles ainda representam 5,5% da população, o que significa que três milhões de franceses com mais de 18 anos frequentam a Missa pelo menos uma vez por mês, e algumas semanalmente. Dado importante: um a cada três desses católicos praticantes vivem na região de Paris. Para a pesquisa, foram entrevistados 1.004 católicos praticantes regulares e 1.155 católicos praticantes ocasionais.
Sim, aos fiéis regulares se somam os ‘ocasionais comprometidos’, católicos que frequentam a igreja com menos frequência, ou raramente, aos domingos — fora de celebrações familiares —, mas cuja Fé alimenta um compromisso com atividades paroquiais, de caridade ou sindicais… São católicos que frequentam a igreja nos principais dias festivos, ou às vezes menos. Estes somam cerca de 3,5 milhões de franceses.
O estudo documenta a reformulação do catolicismo e sublinha as diferenças entre ambos os grupos, imersos em dinâmicas contraditórias. Por um lado, são esses três milhões que permanecem firmes e, por outro, a “sobrevivência” dos outros três milhões e meio, grupo que demonstra sinais de um processo de distanciamento da Fé Católica. Em outras palavras, aqui já vai se esboçando uma importante conclusão do estudo: naqueles que frequentam a missa regularmente, a Fé está firmemente arraigada em suas almas, enquanto que nos frequentadores ocasionais, essa presença católica em seu interior está se dissipando, tornando-se difusa.

Foto: Pixabay/Renee.
Frequentam a Missa, mas também rezam
Os ‘regulares’ comuns práticas comuns, marcas de fervor e intensidade religiosa: 8 em cada 10 rezam muito ou bastante frequentemente em casa, 44% recitam o Rosário, pouco mais de um terço se confessa regularmente e participa de momentos de Adoração. Para quase 4 ‘regulares’ em cada 10, ser católicos envolve antes de tudo viver “uma relação íntima com Jesus” ou “buscar a santidade e lutar contra o pecado”. Entre os católicos ‘ocasionalmente comprometidos’, a vivência é menos tradicionalmente piedosa e expressa principalmente o seu desejo de viver valores como o ‘compartilhar’ e a ‘paz’.
Isso já não seria um alerta para a hierarquia, quanto à importância de incentivo, nas escolas, nas homilias dominicais e em todos os seus canais, a importância da oração pessoal ou em família, e a necessidade da recepção frequente dos sacramentos?
Em questões sociais, particularmente o chamado matrimônio homossexual, o aborto ou a eutanásia, a diferença entre ‘regulares’ e ‘ocasionais’ comprometidos é grande. Não é surpresa que os ‘regulares’ estejam mais próximos das posições do magistério da Igreja. Se 35% dos últimos se opõem à eutanásia, esse número cai para 9% entre os praticantes ocasionais. Da mesma forma, em relação ao aborto, há uma oposição consistente — 34% entre os regulares, chegando a 46% entre aqueles que frequentam a Missa semanalmente — e, pelo contrário, uma ampla faixa acessível entre os ‘praticantes ocasionais’.
Essa diferença entre ‘ocasionais comprometidos’ e o núcleo de católicos praticantes regulares também é notável em termos de militância. Enquanto 6 em cada 10 ‘ocasionais comprometidos’ nunca se manifestaram ou fizeram campanha por uma causa defendida pela Igreja, a proporção se inverteu para os regulares.
Outro ponto de divergência notável: os ‘ocasionais comprometidos’ nutrem desejos de reforma. Quase um a cada três citações, em primeiro lugar, como desafio principal para a Igreja nos próximos anos, a capacidade de “se reformar profundamente para reconquistar a confiança dos fiéis”.
Paradoxalmente, os praticantes regulares parecem mais plurais e menos polarizados. Uma das lições desta pesquisa é que não existe um perfil único de católicos praticantes regulares. No entanto, algumas características-chave podem ser destacadas: sua idade média é um pouco inferior a 50 anos e quase um em cada três vidas na região de Paris, ilustrando uma forte tendência de um catolicismo cada vez mais urbano. Outro fato notável: pouco mais da metade dos praticantes regulares da igreja são homens.
São, na maioria das vezes, filhos de católicos que frequentavam a Missa regularmente. Quase dois terços dos ‘regulares’ vêm de famílias que frequentavam a Missa regularmente. Contudo, observa-se um certo grau de renovação entre os 13% dos entrevistados que dizem ir a Missa pelo menos uma vez por mês, mesmo vindo de famílias não praticantes.

Foto: Pixabay.
Diversidade política
O pluralismo desses ‘regulares’ também se evidencia no cenário político. Eles estão longe de serem monolíticos: 4 em cada 10 se identificam com a direita ou extrema-direita, em comparação com 3 em cada 10 da esquerda ou extrema-esquerda, e 15% da maioria presidencial. Isso demonstra que não existe um único “voto católico” orientado para um lado do espectro político.
Entre os ‘regulares’ e os ‘ocasionais comprometidos’, existem pontos de convergência. Um amplo consenso emerge na defesa de um lugar melhor para as mulheres na Igreja, embora com nuances não que digam respeito ao acesso ao sacerdócio.
Ambos os grupos demonstram uma abertura cautelosa para acolher migrantes e revelam uma certa ambivalência na sua relação com os muçulmanos e a Islã. Mais de 8 em cada 10 afirma que “a maioria dos muçulmanos pacíficos não deve ser confundida com alguns extremistas”, mas, ao mesmo tempo, um pouco mais de 7 em cada 10 afirma estar preocupado com a “expansão” da Ilha na França.
Ambos os grupos pesquisados concordaram com uma constatação que desempenha um papel fundamental nas transformações do catolicismo: que, de agora em diante, os católicos serão minoritários na sociedade francesa. Entretanto, os jovens católicos (que representam 15% do total dos jovens) nasceram numa sociedade onde já tinham maior ou menor consciência de serem minoria, de modo que a sua identidade católica é construída contra a corrente e, portanto, pode ser mais forte e manifestativa, algo como: “Eu sou católico, ao contrário do mundo”. Por outro lado, os católicos mais velhos cresceram em uma sociedade ainda predominantemente cristã, e muitos deles abraçaram a tendência de adaptar o mundo; em outras palavras, eles não vivenciaram intensamente essa dicotomia catolicismo-mundo.
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*Estudo realizado de 14 a 29 de abril de 2025, com uma amostra de 1.004 católicos praticantes regulares e 1.155 católicos praticantes ocasionais, mas comprometidos, selecionados de uma amostra global de 18.031 pessoas com 18 anos ou mais, residentes na França metropolitana.*






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