Presidente do Comitê dos Católicos Alemães: o não às diaconisas foi um “estagnação”
Líderes do ZdK alemão classificam de “desastrosa” e “mensagem de estagnação” a rejeição do Vaticano ao diaconato feminino, alertando que a decisão pode afastar gerações inteiras de mulheres da Igreja.

Foto: Wikipedia
Redação (07/12/2025 11:23, Gaudium Press) Alguns representantes de católicos leigos do Caminho Sinodal ficaram furiosos esta semana após uma comissão do Vaticano ter decidido que as mulheres não podem receber o Sacramento da Ordem como diaconisas, o que equivale – por enquanto – a um “não” papal.
Irme Stetter-Karp, recém-reeleita presidente do poderoso Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK) e uma das principais figuras do controverso Caminho Sinodal Alemão, classificou a decisão como “uma mensagem de estagnação” que bloqueia o futuro da Igreja. “O futuro não pode começar com essa estagnação”, declarou ela em entrevista reproduzida pelo serviço de notícias extraoficial da Conferência Episcopal alemã, Katholisch.de.
Falando como porta-voz das mulheres católicas do mundo inteiro, Stetter-Karp foi além: o resultado é “desastroso”. “Pensando nas nossas filhas e netas, eu me pergunto: de onde virão, no futuro, as mulheres que se comprometem com a Igreja Católica, se continuarmos enviando a mensagem de que as mulheres são cidadãs de segunda classe?”
A presidente do ZdK reconheceu que Roma tem nomeado mulheres para cargos de responsabilidade nos últimos tempos, mas insistiu que a interpretação tradicional da Escritura e da Tradição — que reserva o ministério sacramental aos homens — torna essas nomeações sem sentido. “Por que as mulheres não podem ser testemunhas credíveis nesse ministério, isso não entendo”, afirmou. “E muita gente também não entende, inclusive muitos teólogos e teólogas.”
Essa maneira de falar, posicionando-se como representante das “mulheres”, acaba por manifestar o anseio de Irme Stetter-Karp.
Thomas Söding, biblista e vice-presidente do ZdK, chamou o relatório da comissão de “oportunidade perdida”. Embora admitisse que o documento apresenta de forma honesta os argumentos favoráveis à ordenação e não pede o fechamento definitivo da discussão, Söding rejeitou a objeção teológica central — a de que o Cristo Encarnado só pode ser representado sacramentalmente por um homem — como “filosoficamente e teologicamente fraca, sem falar dos aspectos jurídicos, sociais e psicológicos”. Ele se mostrou cautelosamente otimista quanto à continuação do debate, mas alertou: “Esperemos que, entretanto, mais mulheres não se conformem com essa situação.”
O grupo “Nós Somos Igreja” (“Wir sind Kirche”) repetiu as críticas, afirmando que o “não” do Vaticano — mesmo não sendo definitivo — é “altamente criticável do ponto de vista teológico, antropológico e pastoral”. A organização exigiu a reabertura do debate: “Se a Igreja Católica mundial quer ser uma igreja diaconal – como declararam o Papa Francisco e, recentemente, também o Papa Leão em sua exortação ‘Dilexi te’, então é urgentemente necessária a participação igualitária e coparticipativa das mulheres. É lamentável que tão poucos países se tenham pronunciado até agora sobre esta questão”. E ressaltou que as mulheres já prestam serviço diaconal não remunerado há séculos e que esse serviço merece reconhecimento sacramental.
Por trás da indignação coordenada está um fato impressionante apontado pela própria comissão vaticana: entre as milhares de contribuições enviadas ao Sínodo sobre a Sinodalidade em todo o mundo, apenas vinte e duas pessoas ou grupos — quase todos de um pequeno grupo de países da Europa Ocidental — levantaram a questão das diaconisas. Os progressistas alemães, embora barulhentos e bem organizados, continuam sendo uma minoria distinta que se apresenta como porta-voz da Igreja universal.
Por ora, Roma respondeu ao pleito alemão com um não firme. A intensidade da reação em Bonn indica que a polêmica está longe de terminar.
Com informações Infocatólica





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