Acre: padre pede afastamento das funções sacerdotais para entrar na política
Um dia após oficializar a filiação ao PT, padre Antônio Menezes foi afastado de todas as funções sacerdotais pela Diocese de Rio Branco.

Foto: Antonio Menezes/ Facebook
Redação (02/12/2025 17:00, Gaudium Press) A Diocese de Rio Branco, no Acre, afastou, neste sábado (29), o padre Antônio Menezes de todas as funções sacerdotais. A medida foi tomada após o religioso se filiar ao PT e anunciar sua pré-candidatura a deputado estadual.
Em comunicado assinado pelo bispo Dom Joaquín Pertíñez, a diocese considerou a decisão do sacerdote incompatível com as normas do Direito Canônico e com o ministério da Igreja Católica.
Comunicado a toda diocese de Rio Branco
Eu, Dom Joaquín Pertíñez, bispo da Diocese de Rio Branco, venho por meio destas letras comunicar que, o Pe. Antônio Menezes, presbítero desta Diocese de Rio Branco, de livre e espontânea vontade, escolheu o caminho da filiação partidária e uma pretendida candidatura a um cargo político no nosso Estado do Acre.
Por isso, pela participação partidária, concorrendo também a uma candidatura política e, seguindo as normas do Código de Direito Canônico, que todos devemos obedecer, decido suspender o USO DE ORDENS por tempo indeterminado, como presbítero, nesta Diocese de Rio Branco (Código de Direito Canônico, cânon 285, 3).
Fica, portanto, proibido de presidir ou administrar qualquer sacramento (missa, batismo, confissão, matrimônio), a não ser o que lhe faculta o Direito, como o atendimento de fiéis que se encontram em perigo de morte (cf. cânon 976), assim como participar de qualquer ato religioso como presbítero.
Igualmente também fica proibido de fazer qualquer postagem, em redes sociais, em grupos pertencentes à Diocese, sejam da categoria que forem, promovendo qualquer tipo de campanha política.
Ele já sabe, por experiência própria, que nossa Igreja, a quem disse servir, não permite esse posicionamento pessoal, nem partidário e, menos ainda, como candidato a um cargo político.
Procurem todos cumprir o que acima comunicamos para o bem de todos e de nossa Santa Igreja.
Deus abençoe a todos!
A filiação do sacerdote ao partido do PT contou com a presença de seu presidente nacional, Edinho Silva, e do ex-governador do Acre, Jorge Viana, atual presidente da Apex-Brasil. Com a decisão do bispo, o padre está proibido de celebrar missas, realizar batismos, confissões e participar de celebrações religiosas como sacerdote.
O bispo ainda determinou que o padre não realize manifestações políticas em grupos ou redes sociais ligadas à Diocese de Rio Branco.
No entanto, Antônio Menezes informou que foi ele mesmo que solicitou o afastamento. “Eu escrevi uma carta para o bispo Dom Joaquim, para o Conselho, pedindo a minha liberação para que eu possa fazer política e a pré-campanha. Então, isso realmente foi um pedido meu e escolhi não fazer as celebrações, para que não digam que estou usando a Igreja para me promover”.
Em 2024, padre Antônio foi candidato a vice-prefeito de Xapuri pelo PSB. Agora, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), ele reforça sua pré-candidatura a deputado estadual. Autodefinindo-se como defensor das causas humanitárias e ambientais, ele deseja “colaborar com a luta pela justiça social e pelo bem-estar do povo acreano”.
Parece que Antônio Menezes não tem noção da condição sacerdotal que ele perdeu, pois declarou: “Eu tenho muita vontade de ter essa experiência, então estou muito feliz e contente. Claro que eu continuo sendo padre e posso voltar a pedir, por carta, para voltar a celebrar, mas no momento esses são os trâmites necessários, mesmo que nada impeça um padre de ser político”.
Considerando com profundidade a essência da ordenação sacerdotal e do próprio ministério sagrado, São Tomás nos ensina que o presbítero deve tender à perfeição mais ainda que um religioso ou uma freira. E, de fato, para se entender tal ensinamento, basta ter bem presente o alto grau de santidade que a Celebração Eucarística e a santificação das almas exigem de um ministro, como nos adverte o Divino Mestre: “Vós sois o sal da terra; mas, se o sal se torna insosso, com que se salgará? Não servirá para nada senão para jogá-lo fora a fim de que os homens o pisem. Vós sois a luz do mundo” (Mt 5, 13-14a). Portanto, a pessoa do sacerdote é cercada de uma dignidade que requer vida exemplar.
O sacerdócio tem uma dignidade muito alta, pois, em virtude do Sacramento da Ordem, o ministro sagrado age in persona Christi Capitis, fazendo às vezes do próprio Sacerdote, que é Cristo. É através dos sacerdotes que Cristo distribui a sua graça nos Sacramentos. Ele é chamado a ser mediador entre Deus e os homens, além de guia destes para as coisas divinas.
Para o padre Antônio Menezes, as necessidades temporais estão acima das espirituais? Onde fica o tesouro da sublime vocação sacerdotal dada por Deus?





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