Gaudium news > Congo: jihadistas atacam hospital católico e matam 17 cristãos

Congo: jihadistas atacam hospital católico e matam 17 cristãos

Dezessete cristãos foram assassinados por jihadistas em um hospital católico na República Democrática do Congo, entre os quais diversas mulheres que amamentavam seus bebês foram degoladas.

Foto: persecution.org

Foto: persecution.org

Redação (19/11/2025 15:17, Gaudium Press) Um novo e devastador episódio de perseguição aos cristãos abalou o nordeste da República Democrática do Congo (RDC), um país de aproximadamente 103 milhões de habitantes, dos quais cerca de 49,6% professam a fé católica. Neste fim de semana, um grupo armado ligado ao Estado Islâmico lançou um ataque brutal a uma instituição de saúde administrada pela igreja.

O ataque ocorreu no hospital católico de Byambwe, no território nordestino de Lubero, na província de Kivu do Norte, e deixou pelo menos 17 cristãos mortos: onze mulheres – entre elas várias que se encontravam em período pós-parto ou com recém-nascidos – e seis homens. De acordo com o administrador local de Lubero, Coronel Alain Kiwewa, as vítimas incluíam “mulheres que estavam amamentando e foram brutalmente mortas e encontradas com a garganta cortada em suas camas de hospital”.

A ofensiva teve lugar na noite de sexta-feira para sábado e foi executada pelas Forças Democráticas Aliadas (ADF), organização que jurou lealdade ao Estado Islâmico e atua na região fronteiriça entre Uganda e a RDC. A instituição invadida – administrada pelas Little Sisters of the Presentation (Pequenas Irmãs da Apresentação) – é uma das raras estruturas de saúde disponíveis numa área marcada pela escassez de instalações médico-hospitalares adequadas.

Além dos mortos, edifícios e casas foram destruídos

De acordo com a mídia católica, o prédio do hospital foi parcialmente destruído, e as casas adjacentes foram queimadas e saqueadas.

O missionário italiano Giovanni Piumatti, que serviu na diocese de Butembo-Beni, comentou: “É horrível e de partir o coração testemunhar e ouvir essas coisas”.  Além do número de 17 mortos, outros relatos acreditam que pode ter havido pelo menos 20 vítimas e que os agressores destruíram 27 casas próximas ao hospital.

Esse ataque, além de ser um alvo militar tradicional, também surge como uma mensagem de extermínio dirigida às comunidades cristãs em uma região abandonada pelo Estado e pela comunidade internacional. Como Piumatti destacou: “Esses massacres estão além da imaginação e acontecem quase toda semana”.

Essa é uma prova da brutalidade do conflito no leste do Congo, onde a ADF está agindo com crescente impunidade em áreas montanhosas de difícil acesso para as forças do Estado. Em agosto passado, a mesma milícia foi responsável por pelo menos 52 pessoas mortas em vários ataques na província de Kivu do Norte.

O Papa Leão XIV mencionou o massacre durante sua oração do Ângelus de domingo, afirmando que “devemos rezar para que toda a violência cesse” e expressando sua proximidade com as famílias da região de Kivu do Norte.

Uma “mistura” de tensões

A região de Kivu do Norte está imersa em um conflito prolongado que mistura tensões étnicas, recursos minerais cobiçados, grupos rebeldes, ação estatal fraca e refugiados internos. A presença do ADF, alinhado ao Estado Islâmico, acrescenta uma lógica terrorista que busca não apenas controlar o território, mas também impor um clima de terror.

O ataque ao hospital de Byambwe faz parte de uma ofensiva mais ampla que as autoridades congolesas e as agências internacionais vêm registrando há meses: vilarejos arrasados, templos queimados e pais mortos por se recusarem a abandonar sua fé.

Impacto e reação

O massacre no hospital católico em Byambwe não é um episódio isolado, é outro aviso de que o jihadismo está avançando onde a comunidade internacional se retira e onde os cristãos são deixados desprotegidos.

As organizações de direitos humanos e de perseguição religiosa falam de um crime contra a humanidade diante de ataques que visam deliberadamente civis vulneráveis em hospitais, maternidades ou igrejas.

Esse ataque destaca a necessidade urgente de maior proteção internacional das comunidades vulneráveis no leste da RDC. Como disseram os líderes locais, “o que significa para você ver essas mortes e não agir?”

Num contexto em que a presença estatal é extremamente debilitada e grupos armados exploram a ausência de poder, o risco para a população civil – em particular para as comunidades cristãs, frequentemente visadas com intenção letal – permanece elevadíssimo.

Este massacre insere-se numa longa sequência de ofensivas que, segundo diversas organizações de direitos humanos, analistas de segurança e responsáveis eclesiais, apresentam características de perseguição religiosa sistemática e, em alguns casos, traços de um componente genocida explícito contra os cristãos na região leste da República Democrática do Congo.

Com informações La Gaceta, la Iberosfera e perseguição.org

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas