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Alemanha: relíquias dos santos mártires retornam à Catedral de Xanten

Até a Segunda Guerra Mundial, as relíquias dos mártires da Legião Tebana encontravam-se expostas no coro alto da Catedral de São Victor, em Xanten, Alemanha.

Foto: Diocese de Münster

Foto: Diocese de Münster

Redação (18/11/2025 12:23, Gaudium Press) As relíquias dos mártires que, nos alvores do Cristianismo, deram a vida por não renegar a fé, por oitenta anos, permaneceram ocultas em porões úmidos, depósitos esquecidos e oficinas improvisadas. Agora, finalmente, regressam à luz e à dignidade do altar-mor da Catedral de São Victor, em Xanten, Alemanha.

A Catedral de Xanten deve sua invocação a São Victor, oficial da Legião Tebana que, segundo a tradição, foi martirizado no século IV no anfiteatro de Castra Vetera (atual Birten, nas proximidades da cidade) por se ter recusado a oferecer sacrifícios aos deuses romanos.

Conta a antiga piedade local que a própria Santa Helena, mãe do imperador Constantino, teria encontrado os restos mortais de Victor e de seus companheiros e mandado erguer, no mesmo lugar do martírio, uma primeira capela em sua honra – origem remota do atual santuário que, ao longo dos séculos, se tornou uma das mais imponentes catedrais góticas do Baixo Reno.

Catedral de Xanten Foto: Wikipedia

Catedral de Xanten Foto: Wikipedia

Até a Segunda Guerra Mundial, as relíquias dos mártires da Legião Tebana encontravam-se expostas no coro alto da Catedral de São Victor, em Xanten. Com o avanço dos bombardeios, e para preservá-las da destruição iminente, foram trasladadas para local seguro.

Nesse processo, os restos mortais, fixados em painéis de suporte, foram cuidadosamente retirados dos antigos relicários de madeira. As caixas que permaneceram no templo foram completamente destruídas pelos ataques aéreos, restando apenas fragmentos; quanto às relíquias, desapareceram da memória da comunidade – ironia para uma cidade cujo próprio nome, Xanten, deriva do latim ad sanctos (“junto aos santos”).

Nos últimos anos, os especialistas em conservação artística da Diocese de Münster depararam-se com um verdadeiro quebra-cabeça histórico. Como relatou o diretor do setor, Dr. Thomas Fusenig, durante uma apresentação realizada na própria catedral, dos ricos relicários medievais restavam apenas “montinhos de tábuas” quase irreconhecíveis, cobertos de pó e de séculos. “Um inventário revelou a urgência de uma intervenção profunda”, explicou Fusenig.

Seguiu-se um trabalho paciente de investigação. Recorrendo a fotografias antigas, especialmente de cerca de 1900, e com o apoio técnico das oficinas especializadas da LVR-Denkmalpflege (serviço de conservação de monumentos da Renânia do Norte-Vestfália), foi possível reconstruir um dos relicários com rigor histórico. Algumas tábuas originais da Idade Média, milagrosamente preservadas, voltaram a ocupar o lugar exato que haviam tido durante séculos.

O abade Stefan Notz mal contém a emoção ao declarar: “Pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, as relíquias dos santos mártires regressam ao lugar que nunca deveriam ter abandonado”. “Não se trata”, prossegue, “de uma exposição macabra de ossos humanos, mas de uma apresentação solene e digna que revela o profundo significado simbólico das relíquias”. Elas são, acima de tudo, testemunhas palpáveis de homens que possuíram uma fé tão robusta e luminosa que a preferiram à própria vida, entregando-se ao martírio antes que renegá-la.

Com informações Diocese de Münster

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