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Música sacra faz bem para o cérebro e a alma

A música fortalece o cérebro de maneira especial e, quando praticada em grupo, favorece conexões sociais saudáveis, afirma a neurocientista católica Kathlyn Gan. E a música sacra parece oferecer benefícios ainda maiores.

Foto: screenshot/ bccatholic

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Redação (17/11/2025 11:27, Gaudium Press) Há cerca de 1.600 anos, Santo Agostinho afirmava: “Quem canta, reza duas vezes”.

Hoje, um estudo científico confirma que quem canta, toca ou simplesmente escuta música também exercita e fortalece o cérebro de forma extraordinária, explica a neurocientista católica Kathlyn Gan, da Universidade de Toronto. E mais: a música sacra parece oferecer benefícios ainda maiores.

Em uma palestra realizada no dia 30 de outubro na paróquia São Francisco de Sales, em Burnaby (Canadá), Kathlyn falou para cerca de 50 pessoas sobre “A Neurociência da Música Sacra” e trouxe dados animadores. Ex-diretora de coral e fiel da paróquia São José, em Port Moody, ela mostrou como a prática musical pode fazer parte de um estilo de vida saudável que ajuda a retardar o declínio cognitivo próprio do envelhecimento.

Estudos indicam que a música também contribui para reduzir o risco de Alzheimer. Em até 95% dos casos, essa doença é influenciada por fatores não genéticos, como obesidade, hipertensão, tabagismo, perda auditiva, traumas cranianos e isolamento social.

Segundo Kathlyn, que atualmente faz parte do grupo de música litúrgica na Arquidiocese de Toronto, a música estimula o cérebro de maneira especial e, quando praticada em grupo, favorece conexões sociais saudáveis.

Em entrevista ao jornal The B.C. Catholic, ela explicou que diversas regiões cerebrais trabalham simultaneamente para processar a música, estimulando circuitos ligados à memória, ao movimento, ao sistema de recompensa, às emoções e à empatia.

“Tudo isso ajuda a manter a mente ativa e fortalece os laços sociais — dois fatores que, juntos, diminuem o risco de Alzheimer”, resumiu. Doutora pela Simon Fraser University (Burnaby) e com pós-doutorado em Stanford (Califórnia), Kathlyn destacou que a musicoterapia já é amplamente utilizada como parte de uma abordagem de tratamento holístico em pacientes em fases intermediária e avançada da doença, ajudando a melhorar o comportamento e a interação social.

Ela citou um exemplo recente: médicos de Montreal, em parceria com a Orquestra Sinfônica local, passaram a “receitar” música. Os pacientes recebem uma prescrição que dá direito a dois ingressos gratuitos para concertos. “O médico entrega a receita, o paciente nos liga e nós enviamos os ingressos”, contou Mélanie La Couture, diretora-executiva da orquestra.

Quanto à música sacra — que Kathlyn define como qualquer gênero (do canto gregoriano e da polifonia clássica ao jazz e ao gospel) que realce a solenidade e a beleza da Missa, favoreça a meditação das leituras das Sagradas Escrituras e da homilia e glorifique a Deus —, os benefícios podem ser ainda mais profundos. Será difícil, porém, prová-los cientificamente de forma objetiva, pois a experiência espiritual de cada ouvinte ou músico varia enormemente conforme sua formação e sensibilidade religiosa.

Ainda assim, afirmou a pesquisadora, ouvir ou executar música sacra, no mínimo, alimenta a fé e aprofunda o amor a Deus.

Além dos três títulos acadêmicos obtidos na Simon Fraser University, Kathlyn possui diploma associado do Royal Conservatory of Music e é pianista clássica reconhecida. Ela leva seu talento a igrejas, casas de repouso e instalações de cuidados de longa duração, muitas vezes acompanhada de seus alunos de piano, e participa de programas de musicoterapia e assistência espiritual.

Para ela, o ministério musical é uma forma de oração que a desafia a reconhecer temas e imagens bíblicas nas peças e a transmiti-los “respeitando a tradição dos hinos e, ao mesmo tempo, partilhando minha própria espiritualidade e experiência de vida”.

Suas pesquisas e seu serviço pastoral não só aprofundaram sua apreciação pela complexidade da mente humana e sua capacidade de refletir a humildade, a compaixão, o perdão e o amor de Cristo, como também “fizeram minha fé enriquecer e incentivaram meu crescimento espiritual”.

Com informações The B.C. Catholic

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