Papa às agostinianas: ser contemplativas na Igreja hoje
Ao receber as participantes da Assembleia da Federação dos Mosteiros Agostinianos da Itália, o Santo Padre encorajou as religiosas a aprofundarem sua vocação contemplativa, a viverem a caridade fraterna e a promoverem a comunhão entre os mosteiros, no espírito do carisma de Santo Agostinho.

Foto: Vatican Media
Redação (13/11/2025 12:21, Gaudium Press) O Papa Leão XIV encontrou-se nesta quinta-feira, 13 de novembro, com as participantes da Assembleia Ordinária da Federação dos Mosteiros Agostinianos da Itália. Ao dar as boas-vindas à presidente recém-eleita e agradecer à sua antecessora pelo trabalho realizado, o Santo Padre expressou sua alegria em ver “comunidades diversas unidas pelo mesmo carisma”, sinal da vitalidade da vida contemplativa.
Logo no início de seu discurso, Leão XIV recordou que a vida monástica, embora caracterizada pelo silêncio e pela contemplação, “participa plenamente da dimensão sinodal da Igreja”. A dinâmica comunitária, afirmou, é hoje um testemunho profético de caridade e unidade num mundo muitas vezes fechado à partilha e ao encontro.
Neste contexto, o Papa mencionou alguns aspectos da presença e da missão de contemplação, ou seja, a missão de ser contemplativas na Igreja hoje.
“O primeiro é viver e testemunhar a alegria da união com Deus. A alegria plena para o homem, em particular para o cristão, está na comunhão com o Senhor, naquela intimidade com o Esposo celeste a quem vocês, por vocação, dedicam toda a sua vida”, ressaltou o Santo Padre.
E para isso, Leão XIV convidou-as a se “dedicarem com amor indiviso a esta vocação, abraçando com entusiasmo a vida do claustro: a liturgia, a oração comum e pessoal, a adoração, a meditação da Palavra de Deus, a ajuda recíproca na vida comunitária. Isso vos dará paz e consolação e, a quem bate à porta dos vossos mosteiros, uma mensagem de esperança mais eloquente do que mil palavras”.
Em seguida, ele explicou como deve ser a presença de uma contemplativa na Igreja: o testemunho da caridade. “No ideal agostiniano, sois chamadas, fiéis à Regra, a imitar na comunhão fraterna a vida da primeira comunidade cristã, exalando da vossa santa convivência o bom perfume de Cristo (cf. 2Cor 2,15). Para espalhar no mundo o bom aroma de Deus, esforcem-se, então, por amar-se com afeto sincero, como irmãs, e por levar no coração, em segredo, cada homem e mulher deste mundo, para apresentá-los ao Pai em sua oração. Sem alarde, tenham atenção e cuidado umas pelas outras e sejam modelo de cuidado para com todos, onde quer que a necessidade o exija e as circunstâncias o permitam. Em uma sociedade tão voltada para a exterioridade, na qual, para encontrar palcos e aplausos, às vezes não se hesita em violar o respeito pelas pessoas e pelos sentimentos, que o seu exemplo de amor silencioso e oculto seja de ajuda para uma redescoberta do valor da caridade cotidiana e discreta, voltada para a essência do amar-se mutuamente e livre da escravidão das aparências”.
Por fim, Leão XIV reiterou o convite à “forma associativa” na vida monástica, defendida por Pio XII na Constituição Apostólica Sponsa Christi, para “uma distribuição mais fácil e conveniente dos ofícios, uma transferência temporária útil e muitas vezes necessária, por vários motivos, de religiosas de um mosteiro para outro, ajuda financeira recíproca, coordenação de trabalho, defesa da observância comum e outras razões”.
O Papa sublinhou que a “Igreja aprecia as formas de colaboração mencionadas, bem como a necessidade de todos promoverem e viverem concretamente a pertença, aderindo às iniciativas que são propostas, também em nível nacional, e abrindo-se, quando necessário, a oportunidades de apoio específicas, como a afiliação; mesmo que isso implique fazer escolhas difíceis e sacrifícios, e vencendo uma certa tentação de “autorreferencialidade” que às vezes pode insinuar-se nos nossos ambientes”.





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